AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "COMO UM CLARIM DO CÉU"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

POIS ! O POVO QUE TRABALHA JÁ SABE O QUE É QUE VOCÊS QUEREM - Bruxelas aponta para quatro grandes problemas do país além do vírus



www.dn.pt 





Comissão Europeia (CE) aponta para aqueles que considera ser os quatro grandes problemas de Portugal, "independentemente" da crise pandémica do coronavírus.

No estudo relativo à 11.ª missão de avaliação do credor ao pós-programa de ajustamento de Portugal, ontem divulgado, os avaliadores oficiais sublinham as "pressões" que já se faziam sentir ao nível dos salários da função pública, das pensões e da despesa com saúde, três áreas que relevam os problemas ditos estruturais do lado da despesa e que, ato contínuo, complicam a redução do rácio da dívida pública. Este estava em rota descendente mas continua a ser dos mais elevados do mundo desenvolvido.

O quarto problema, que não é menor do que os outros, tem que ver com "riscos para a estabilidade financeira", que já vinham de trás, sobretudo os que estão relacionados com os novos créditos concedidos para a compra de casa e os créditos ao consumo.

"Independentemente das medidas relativas ao covid-19, existiam pressões do lado da despesa orçamental, em particular nas remunerações dos trabalhadores públicos, bem como na despesa com pensões e saúde", lê-se no novo estudo que foi feito com informação até 6 de março.

Mesmo com o vírus a derrubar a economia e as contas públicas, a Comissão insiste nestes pontos. Uma das grandes críticas de Bruxelas visam a reposição de salários e de carreiras da função pública, os aumentos extraordinários para as pensões mais pobres e os gastos da Saúde, que na opinião da CE é um setor que precisa de ser mais bem gerido de forma a gerar mais poupanças.

Para a missão da CE, reflexo da despesa que se foi acumulando ao longo de anos, "o rácio da dívida pública em relação ao PIB (produto interno bruto) é elevado", embora até estivesse a descer antes de a crise eclodir.
Pelas contas da Comissão, se não fosse a pandemia, o fardo da dívida até poderia aliviar neste ano para cerca de 116,7% do PIB", embora este valor seja considerado demasiado alto. Na Europa, Portugal só é ultrapassado no endividamento excessivo público por Grécia e Itália.
Quanto ao défice, Bruxelas considerava que este, efetivamente, desapareceria em 2020; o país chegar a "um excedente pequeno de 0,1% do PIB". Mas isto foi antes de rebentar esta nova crise que levou ao encerramento e à paralisia da economia e ao anúncio de medidas de grande escala apoiadas em despesa pública.
Tendo em conta as medidas já tomadas para agarrar as empresas e manter os empregos mais o efeito destrutivo da recessão que se está a formar (que deverá ser a maior em termos anuais desde 1960, pelo menos), tudo irá na direção oposta.

Ainda nesta semana, o gabinete de estudos do gigante bancário europeu Unicredit previu que a dívida portuguesa pode facilmente ultrapassar 145% em 2020 e o défice disparar até mais de 11%.
Além disso, a missão de Bruxelas continua particularmente receosa em relação à capacidade de resistência dos bancos, insistindo num aviso já antigo.
"Independentemente do covid-19, os riscos para a estabilidade financeira continuam presentes, o que está parcialmente ligado ao ambiente de taxas de juro baixas", diz a missão que representa um dos grandes credores da República.

A Comissão é a cara de um dos mecanismos de emergência que foram criados para tirar Portugal da bancarrota em 2011. Este fundo, que foi organizado na altura à pressa, tem a haver ainda 24,3 mil milhões de euros junto dos contribuintes portugueses.

O problema com os juros baixos é que, com tanto crédito barato a inundar as economias da zona euro (fruto da política de dinheiro barato ou mesmo a custo zero do BCE), começaram a surgir sinais de que certos empréstimos podem vir a ser novas bombas-relógio nos balanços dos bancos.

A CE diz onde está o problema e o que está a ser feito. "Recentemente, o Banco de Portugal tornou um pouco mais restritiva a sua recomendação macroprudencial relativa a novas hipotecas e aos novos créditos ao consumo."

Mais 0,3% do PIB para o Novo Banco em 2020

Na nova avaliação, a Comissão reitera que o Novo Banco vai pedir "uma nova ativação do mecanismo de capital contingente" num valor equivalente a 0,3% do produto interno bruto (PIB), o que a preços de 2020 (calculados antes da pandemia rebentar) se traduz em mais 650 milhões de euros em ajudas públicas ao setor financeiro.

Bruxelas recorda que o Novo Banco continua a "reestruturar" o seu balanço. O rácio de malparado do banco continuava "elevado", perto de 19%, e as perdas têm sido muito "pesadas": entre o terceiro trimestre de 2017 e igual período de 2019, os prejuízos acumulados ascenderam a 4,3 mil milhões de euros, refere a CE. A rede de segurança que permite ao Novo Banco continuar a ir buscar dinheiro ao Estado para se reestruturar e livrar-se de malparado (o Acordo de Capital Contingente) vai continuar disponível "até 2025".

A Comissão diz que o Novo Banco já recebeu injeções de capital (com recurso a fundos públicos) de 1,9 mil milhões de euros desde 2017. No entanto, o custo líquido do universo BES e NB em conjunto para os contribuintes já é muito superior a isso. De 2008 a 2018, o Estado arcou com um prejuízo definitivo superior a 5,5 mil milhões de euros. A conta ainda está longe de estar fechada.


Sem comentários:

Enviar um comentário