Os norte-americanos vão hoje às urnas escolher entre Republicanos e Democratas. Há alaridos em suspensos sobre se os Democratas vão crescer na votação e os Republicanos perderem lugares. O que talvez não esteja esclarecido para as pessoas é que independentemente do resultado tudo continuará na mesma e Trump prosseguirá a sua senda xenófoba e outras de “artes” habituais, mas também novas. Essas podem vir a ser mais perigosas para o mundo no que se refere à economia e à paz que já é tão periclitante.
De um modo ou de outro para Trump o resultado terá o desprezo de uma cuspidela. Se assim não acontecer será surpreendente.
Dito. Mais sobre o assunto está já a seguir no Expresso. Lauda de Santos Costa e sabe disto. Fiquemos mais esclarecidos ao ler. Força.
Bom dia e boas festas aos animais de estimação. (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Trump quer apanhar boleia da caravana. Mas pode ficar apeado
Bom dia.Filipe Santos Costa | Expresso
Uma caravana de migrantes que se desloca no México, em direção a norte, rumo à fronteira dos EUA, tornou-se no principal argumento de Donald Trump para as eleições de hoje nos Estados Unidos. Numa campanha de choque e pavor, sempre em tom nós-contra-eles, Trump nunca hesitou em espicaçar o medo dos eleitores norte-americanos em relação a uma hipotética invasão do país por uma horda de sul-americanos-criminosos-terroristas-traficantes-de-droga-violadores-e-assassinos-de-polícias.
Se julga que exagero, acredite que não. Ao ponto de um anúncio da campanha de Trump ter sido recusado pela NBC, pela CNN, pelo Facebook e até, pasme-se!, pela Fox News, o canal de “informação” que desde a campanha de 2016 leva Trump ao colo. O anúncio em causa misturava imagens da caravana com as de um mexicano que estava ilegal nos EUA e foi condenado em março pelo assassinato de dois polícias, tudo embrulhado em acusações sem fundamento contra o Partido Democrata. Se até a Fox achou que a coisa era racista e incendiária, imagine…
O que está em causa hoje nas eleições parlamentares (chamam-se intercalares porque acontecem a meio do mandato presidencial) é, basicamente, o futuro da presidência de Trump. São as condições em que o inquilino da Casa Branca poderá continuar a governar - logo, as condições em que se apresentará para a reeleição. Ou, como escreve a Vox, os eleitores decidirão que controlo será exercido sobre o poder dos republicanos, que atualmente dominam a Casa Branca e as duas câmaras do Congresso.
Embora o presidente não vá a votos, foi ele quem mais fez para tornar o dia de hoje num plebiscito a si próprio. E assim será: se os republicanos mantiverem a maioria no Congresso, Trump será religitimado, esmagará as resistências que ainda existem em relação a si no Partido Republicano, quebrará a espinha ao Partido Democrata e poderá mais facilmente concretizar as suas promessas eleitorais e ser reeleito em 2020. Se...
Todas as previsões indicam que Trump sofrerá pelo menos meio-revés. Embora tenha boas hipóteses de segurar a vantagem republicana no Senado, a maioria da Câmara dos Representantes deverá virar para os democratas. A diferença tem a ver com o que estáem disputa. Estão em jogo todos os 435 lugares da Câmara dos Representantes, mas apenas um terço dos lugares do Congresso (35 dos 100 senadores). A Vox, que explica tudo melhor do que a concorrência, tem aqui o que precisa de saber. Em português, recomendo o trabalho do Público(acesso condicionado).
Uma caravana de migrantes que se desloca no México, em direção a norte, rumo à fronteira dos EUA, tornou-se no principal argumento de Donald Trump para as eleições de hoje nos Estados Unidos. Numa campanha de choque e pavor, sempre em tom nós-contra-eles, Trump nunca hesitou em espicaçar o medo dos eleitores norte-americanos em relação a uma hipotética invasão do país por uma horda de sul-americanos-criminosos-terroristas-traficantes-de-droga-violadores-e-assassinos-de-polícias.
Se julga que exagero, acredite que não. Ao ponto de um anúncio da campanha de Trump ter sido recusado pela NBC, pela CNN, pelo Facebook e até, pasme-se!, pela Fox News, o canal de “informação” que desde a campanha de 2016 leva Trump ao colo. O anúncio em causa misturava imagens da caravana com as de um mexicano que estava ilegal nos EUA e foi condenado em março pelo assassinato de dois polícias, tudo embrulhado em acusações sem fundamento contra o Partido Democrata. Se até a Fox achou que a coisa era racista e incendiária, imagine…
O que está em causa hoje nas eleições parlamentares (chamam-se intercalares porque acontecem a meio do mandato presidencial) é, basicamente, o futuro da presidência de Trump. São as condições em que o inquilino da Casa Branca poderá continuar a governar - logo, as condições em que se apresentará para a reeleição. Ou, como escreve a Vox, os eleitores decidirão que controlo será exercido sobre o poder dos republicanos, que atualmente dominam a Casa Branca e as duas câmaras do Congresso.
Embora o presidente não vá a votos, foi ele quem mais fez para tornar o dia de hoje num plebiscito a si próprio. E assim será: se os republicanos mantiverem a maioria no Congresso, Trump será religitimado, esmagará as resistências que ainda existem em relação a si no Partido Republicano, quebrará a espinha ao Partido Democrata e poderá mais facilmente concretizar as suas promessas eleitorais e ser reeleito em 2020. Se...
Todas as previsões indicam que Trump sofrerá pelo menos meio-revés. Embora tenha boas hipóteses de segurar a vantagem republicana no Senado, a maioria da Câmara dos Representantes deverá virar para os democratas. A diferença tem a ver com o que está
Com todos os lugares da câmara baixa em aberto, mais facilmente se refletirá nessa votação a impopularidade de Trump. No Congresso é mais complicado: dos 35 lugares em jogo, só nove são atualmente de republicanos, enquanto 26 são de democratas - ou seja, a esquerda tem de segurar muitos mais lugares do que os conservadores. Bastaria que os democratas não perdessem qualquer corrida e tirassem dois assentos aos republicanos para ficarem em maioria no Congresso - mas não é fácil, apesar de um dos maiores pontos de interrogação ser o Texas, estado tradicionalmente republicano onde, para surpresa de todos, Beto O’Rourke ameaça o poderoso Ted Cruz com uma campanha ao contrário daquilo que a América tem visto: otimista, inspiradora e positiva (tenha atenção, vamos ouvir falar dele).
A confirmarem-se as sondagens, a câmara baixa do Congresso poderá bloquear quase toda a ação da Casa Branca, tornando o país de Trump, já politicamente caótico, ingovernável.
Mas nada é garantido para os democratas - precisam, sobretudo que haja grande mobilização de mulheres e de minorias étnicas, e que o discurso de Trump não consiga, do seu lado, uma mobilização semelhante. E convém lembrar que a economia e o emprego estão em alta, embora esse argumento não seja central no discurso do presidente. Para Trump tem sido mais importante agitar o papão dos imigrantes, acusar os democratas de todas as malfeitorias possíveis e achincalhar as mulheres que acusaram Bret Kavanaugh, o juiz do Supremo Tribunal. À cautela, até já veio avisar para fraude eleitoral. Enfim, um repertório bem conhecido.
A confirmarem-se as sondagens, a câmara baixa do Congresso poderá bloquear quase toda a ação da Casa Branca, tornando o país de Trump, já politicamente caótico, ingovernável.
Mas nada é garantido para os democratas - precisam, sobretudo que haja grande mobilização de mulheres e de minorias étnicas, e que o discurso de Trump não consiga, do seu lado, uma mobilização semelhante. E convém lembrar que a economia e o emprego estão em alta, embora esse argumento não seja central no discurso do presidente. Para Trump tem sido mais importante agitar o papão dos imigrantes, acusar os democratas de todas as malfeitorias possíveis e achincalhar as mulheres que acusaram Bret Kavanaugh, o juiz do Supremo Tribunal. À cautela, até já veio avisar para fraude eleitoral. Enfim, um repertório bem conhecido.
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