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A Autoridade Tributária e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) realizaram oito buscas esta quarta-feira a várias empresas do empresário Mário Ferreira, entre elas a Douro Azul, confirmou o Expresso junto de fonte próxima do processo.
O DCIAP revela que as buscas, entre as quais sociedades de advogados, se realizaram no Funchal e no Porto e em Malta "para recolha de prova relacionada com a alienação de um ferry a uma sociedade com sede em Malta", sendo os factos em investigação suscetíveis de "constituir a prática dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento".
Na denominada "Operação Ferry" participaram dois magistrados judiciais, cinco magistrados do Ministério Público, 19 inspetores e peritos forenses da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE) da Autoridade Tributária e Aduaneira e doze elementos da Unidade de Ação Fiscal da GNR.
A operação diz respeito a indícios fraude fiscal qualificada no negócio da compra do navio Atlântida ao Estado português por pouco mais de oito milhões e que depois vendeu a si próprio por mais de 17 milhões. As buscas estão igualmente relacionadas com a suspeita de fraudes de fundos europeus, e ainda com as denúncias avançadas pela ex-eurodeputada Ana Gomes sobre o empresário, nomeadamente com a constituição de duas empresas em Malta para o negócio do Atlântida.
O empresário ligado aos barcos de cruzeiro e agora à comunicação social (TVI e CNN) já reagiu na sua página no Facebook. "O meu “amigo” Paulo Fernandes em Maio de de 2020 prometeu-me que me “destruía a vida” caso eu avançasse com a compra da Media Capital, hoje o seu "Correio da Manhã" uma vez mais lança um ataque feroz, eles sabem que não estou acusado de nada, não sou arguido em nenhum processo. A união de Ana Gomes a enviar cartas com falsas acusações e o CM em parceria a aproveitar para fazer notícias, parece para eles um modelo virtuoso para vender jornais… Ao meu “amigo” Paulo irei sempre responder com obra feita e nunca lhe farei a ele aquilo que não gosto que me estejam a fazer a mim, são estilos."
Nuno Bizarro, advogado da Douro Azul, confirmou as buscas:
“Confirmo que neste momento estão de facto membros da Autoridade Tributária dentro da organização, a fazer pesquisa de conjunto de documentação”. Aos jornalistas, afirmou que quer “que a verdade seja reposta e do bom nome de Mário Ferreira e do grupo empresarial”
“Estamos a colaborar, e colaboraremos sempre, como já estivemos no passado, teremos todo o gosto de fazê-lo no futuro”. Nuno Bizarro adiantou ainda que as notícias de que a Pluris, de Mário Ferreira, é a entidade que mais beneficia das ajudas de capitalização decididas pelo Banco Português de Fomento, “são assuntos diferentes que não tem que ver com este tema.”
Esta semana, o Banco Português de Fomento (BPF) anunciou 400 milhões de euros para apoiar a capitalização das empresas portuguesas no âmbito do Programa de Recapitalização Estratégica (PRE), que é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Da lista, salta à vista o grupo empresarial de Mário Ferreira, através da sua empresa Pluris Investments. O empresário fica com 40 milhões de euros, ou seja, 52% deste primeiro pacote, para apoiar o seu grupo empresarial, que além da área do turismo, e dos cruzeiros em particular, inclui também negócios como a recente participação na Media Capital, proprietária da TVI.
Em declarações ao Público, Mário Ferreira explicou que os 40 milhões de euros se destinarão a apoiar um aumento de capital da empresa de navios turísticos Mystic Cruises, no valor de 80 milhões de euros. O BPF não tomará capital no grupo sendo que os 40 milhões chegarão por via de obrigações convertíveis.
Em novembro do ano passado, Mário Ferreira, que detém a Douro Azul, tornou-se acionista qualificado da Martifer, de quem já era um dos grandes clientes, por via dos Estaleiros Navais da WestSea, em Viana do Castelo, que estão a ser geridos pelo grupo Martifer.
No ano anterior, o empresário anunciou um investimento de 500 milhões de euros até 2023 da Douro Azul.
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