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quinta-feira, 7 de julho de 2022

A NATO e os seus fantasmas


 

 Moon of Alabama, conceituado analista político e militar, escreve (1) sobre a última decisão da NATO de aumentar o número de tropas em alerta para 300 000, em vez dos 40 000 atuais, uma força de alta prontidão em terra, mar, ar e cibernética.

Porém, a NATO não tem 300 000 soldados para colocar em prontidão. As tropas são controladas pelos Estados-Membros e não se vê vontade em suportar os custos que um verdadeiro estado de alerta máximo implicaria. Unidades em alerta máximo significa que estão totalmente equipadas, sem pessoal de licença e com suprimentos suficientes para sustentar semanas de combate. Tudo isto custa dinheiro.

Esta declaração não passa de vento para as relações públicas da NATO. Stoltenberg nem mesmo informou os Estados membros antes de fazer o anúncio: vários altos funcionários da política de segurança europeia disseram-se surpreendidos não tendo sido informados com antecedência sobre o plano de expansão da Força de Reação Rápida.

Essa é uma das ideias típicas dos burocratas da NATO que vivem no seu mundo de fantasia. total de 300 000 é teórico: "O conceito ainda não foi totalmente elaborado". A ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, já disse que seu país oferecerá 15 000 soldados, uma divisão completa. De onde virão as outras 19 divisões necessárias para perfazer os 300 000? Existem? Mas é também necessário considerar a capacidade da industria militar dos países da NATO, analisada aqui.

Nota - Por exemplo, os EUA enviaram para a Ucrânia 7 000 Javelin, cerca de 1/3 do seu stock. A Lockheed Martin produz cerca de 2 100 por ano. Embora possa aumentar para 4 000, mas em mais de um ano, a Ucrânia pede 500 por dia.

As armas anti-tanque britânicas NLAW [Next Generation Light Antank Weapon] eram muito fracas para danificar veículos blindados russos. Os drones Switchblade não são controláveis nas condições da guerra eletrónica russa. Os mísseis Stinger têm sensores térmicos que são muito lentos para atingir um alvo em movimento rápido. O obus M-777 é muito leve para condições reais de combate e tende a partir.

Os países da NATO investiram muito dinheiro nas suas forças aéreas, mas serão incapazes de romper as excelentes defesas aéreas da Rússia. A defesa aérea da NATO, por outro lado, é muito fraca. Basta perguntar aos sauditas se seus sistemas Patriot funcionaram bem contra os drones lançados pelos iemenitas. Esses sistemas nada podem fazer contra os mísseis de médio alcance da Rússia. Sistemas como Iskander e Kalibr, que a Rússia possui em grande número, são difíceis de encontrar nos exércitos da NATO. Quando foi a última vez que as unidades da NATO treinaram em condições de guerra eletrónica?

O New York Times entrevistou quase duas dúzias de soldados ucranianos nas últimas semanas, e todos relataram problemas semelhantes: os russos constantemente bloqueavam seus rádios, não tinham equipamentos de comunicação suficientes e muitas vezes tinham dificuldade em comunicar para pedir apoio de artilharia. A má comunicação com unidades próximas levou forças ucranianas ocasionalmente atirarem umas contra as outras (...) Unidades mais especializadas receberam rádios criptografados fornecidos pelos EUA, mas a sua alta potência significou que os russos descobriam de onde estavam transmitindo. "É por isso apenas comunicamos o mínimo necessário, por exemplo, para uma evacuação necessária ou urgente."

Materialmente, a NATO não está pronta para lutar. Politicamente, também não. John Helmer cita uma entrevista com o ex-chefe do Estado-Maior do Exército polaco Miecyslaw Gocul: "Há apelos que soam bem, mas são apenas slogans políticos calculados para obter uma reação positiva do público e minimizar os custos. Realmente não fornecem soluções políticas e militares. Se Putin quisesse levar a guerra adiante e decidisse abrir um corredor através do Báltico até Kaliningrado, que forças poderiam detê-lo? As forças da Lituânia, Letônia, Estônia e Polônia poderiam parar Putin? Sem hipótese. Putin não será impedido pelos americanos, que no flanco leste estão em pequeno número. E com exceção de algumas cabeças quentes na Europa Oriental, todos esperam que assim continue. Nenhum dos principais países da NATO quer uma guerra com a Rússia. Isto inclui os Estados Unidos."

"Então, por que se preparar para isso? Por que comprar armas que nunca serão usadas? A Rússia não quer nada da Europa. Não tem uma ideologia que busque expansão. Ela quer ficar sozinha. A NATO é uma relíquia da Guerra Fria que foi mantida viva para dar aos Estados Unidos certas vantagens políticas. Seu verdadeiro propósito nunca mudou: manter a Alemanha sob controlo, a Rússia fora e os Estados Unidos na Europa. Isso só mudará quando a Europa Ocidental começar a se rebelar contra ela. Infelizmente, as hipóteses de isso acontecer são baixas."

Enquanto a UE existir, a submissão aos Estados Unidos continuará e a paz com a Rússia será impossível. As autoridades europeias sempre escolherão fazer as suas próprias populações sofrerem em vez de questionar seu relacionamento com Washington. A nossa sobrevivência depende de deixar a NATO e desmantelar a UE e, no momento, a única esperança de ver desaparecer essas duas superstruturas opressoras está no Kremlin.

1 - Texto completo em MoA - No, NATO Will Not Get Ready For War (moonofalabama.org)



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