A empresa está a investir milhões de euros numa nova unidade de produção enquanto recusa gastar um cêntimo na prevenção de doenças profissionais. A substituição de trabalhadores em greve é ilegal.
A Varandas de Sousa (antiga Sousacamp) recrutou trabalhadores externos, por intermédio de angariadores de mão-de-obra, para fazer face à greve decretada pelos trabalhadores para a passada terça-feira, dia 16 de Agosto. Esta acção, ilegal, foi denunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN).
O sindicato, em comunicado, afirma ter identificado «inúmeras ofertas de trabalho colocadas nas redes sociais, por angariadores de mão-de-obra», tanto para o feriado de segunda-feira como para o dia da acção de luta, «representando uma clara violação do direito à greve».
A empresa solicita mão-de-obra externa, «paga a valores muito superiores», sem solicitar a disponibilidade para prestação de trabalho suplementar aos seus próprios trabalhadores, «mantendo a discriminação identificada anteriormente».
Em algumas unidades, trabalhadores estrangeiros chegaram mesmo a ser contactados pelas chefias para «alterar o horário de trabalho no dia da greve, de modo a passar despercebidos ao piquete de greve e à inspeção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT)», que o SINTAB requereu.
Perante a lei, «os trabalhadores em greve não podem ser substituídos por outros que tenham sido contratados após a emissão do pré-aviso, nem por qualquer trabalhador em regime de horas extras». Durante a greve, o SINTAB identificou várias situações em que trabalhadores, que estariam de folga nesse dia, mantiveram a produção no dia da greve.
A Varandas de Sousa e as suas prioridades
Enquanto investe milhões no novo centro de produção de composto, a empresa, líder nacional na produção e venda de cogumelos frescos, diz aos trabalhadores que «tudo aquilo que estes identificaram como problemas a resolver são mentiras, escolhendo a confrontação e a negação».
Tudo o que implique «gastar dinheiro para melhorar as condições de trabalho dos seus trabalhadores e evitar que se deem acidentes de trabalho ou minimizar as situações de potenciação das doenças profissionais, maioritariamente musculoesqueléticas, a empresa decide ignorar, mantendo o entendimento de que os seus trabalhadores são recursos para esgotar até à exaustão», denuncia o SINTAB.
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