Jovem Conservador de Direita não perdoa o Conselheiro Nacional nº1 do Chega: “É um papel nojento… Ter princípios não é rentável”. João Tilly, presidente da Distrital do Chega de Viseu, analisou o caso trágico de uma menina que foi atropelada numa prova desportiva, onde acusa a disciplina de cidadania, que até tem um módulo de prevenção rodoviária, de não ensinar as regras básicas, e de distrair as crianças com a defesa dos direitos da comunidade LGBT.
Jovem Conservador de Direita escreveu na sua página:
O Presidente da Distrital de Viseu do CHEGA, que eu lancei em 2019 e me fez uma espera com alguns amigos num espectáculo que fiz em Viseu, decidiu vestir uma t-shirt com o seu próprio nome e analisou o caso trágico de uma menina que foi atropelada numa prova desportiva.
O público do Dr. Tilly é “pessoas com o cérebro carcomido da CMTV.” Se a CMTV funciona como um abutre que capitaliza tragédias (e bem, uma tragédia já é triste, mas seria ainda mais se ninguém a pudesse rentabilizar), o Dr. Tilly é o abutre que vai comer o cocó desse abutre e sujar os seus ouvintes com perdigotos de cocó. São esses perdigotos de cocó que os vossos tios do CHEGA usam para estragar os vossos jantares e eventualmente levar mais cuspidores de cocó para a Assembleia da República. Há aqui um trickle down escatológico que escorre da CMTV até ao vosso prato de bacalhau na consoada.
O processo é: a tragédia acontece, a CMTV explora a tragédia para vender coisas a velhinhos no intervalo e o Dr. João TIlly aparece e faz a ligação a essa tragédia à agenda que o seu partido quer vender e, pelo caminho, aproveita para vender o seu merch tresloucado a pessoas que não têm vergonha de usar uma camisola a dizer “João Tilly.” Devem existir.
Desta vez, decidiu culpar a educação para a cidadania pela tragédia que aconteceu na Madeira. Diz o seguinte:
“Já explicaram à criancinha que pode ser menino, pode ser menina. Pode ser menina outra vez. E pode ser mais 30 e tal géneros. (…) Pode ir à casa de banho dos meninos e das meninas. O que ela não sabe é que não deve atravessar a estrada com pouca visibilidade durante uma prova automobilística.”
O Dr. Tilly, mesmo sendo professor da escola pública (sim, é verdade), decide ignorar o facto de a disciplina de cidadania até ter um módulo de prevenção rodoviária e passa logo ao que interessa.
Realmente, seria muito triste que acontecesse uma tragédia destas sem que o CHEGA a pudesse aproveitar. Era difícil culpar ciganos, porque os seus Mercedes não são de competição, então a culpa tem de ser da comunidade LGBT. Os pronomes matam crianças porque as distraem do mais importante que é terem cuidado a atravessar a estrada.
Temos de voltar a reintroduzir a homofobia e a intolerância pelo bem das nossas crianças. Noutros tempos, em que a vida era mais simples e os pais podiam expulsar os seus filhos trans de casa para o seu próprio bem, não havia acidentes. Ou se calhar havia, mas nessa altura a culpa devia ser das senhoras que andavam a distrair outras senhoras com essa história ridícula do direito ao voto e eram atropeladas por carroças.
É claro que o Dr. Tilly também arranjou forma de referir “os imigrantes que vêm lá da guerra de Alguidares de Baixo” quando disse que a escola também deve ensinar as crianças a ter cuidado quando andam na rua porque isto está muito perigoso. O Dr. Tilly, que é conhecido pela sua cabeça gigantesca, está tão preocupado com as crianças que decidiu ofender a memória de uma que partiu tragicamente para ter views nos seus vídeos e vender t-shirts com o próprio nome porque o seu ordenado de funcionário público não chega. É preciso ser um tipo muito específico de tarado para contemplar a dor inimaginável e o vazio de uma família que perde uma menina desta forma e pensar “como é que vou usar isto para atacar o socialismo?” É um papel nojento, mas alguém tem de o fazer. Porque há mercado para cocó de abutre. Ter princípios não é rentável e o Dr. Tilly descobriu que havia um mercado para quem estivesse disposto a vender a sua dignidade para se tornar um Dr. Alex Jones da Wish.
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