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quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Atriz de Capitão América detida por esfaquear mãe até à morte


Caso ocorreu esta semana.
A atriz e cineasta Mollie Fitzgerald, que participou no filme Capitão América: O Primeiro Vingador, foi detida na noite de terça-feira, em Olathe, no estado norte-americano do Kansas, por ser suspeita do homicídio da própria mãe.
De acordo com a imprensa norte-americana, a atriz terá esfaqueado a mãe, Patricia Fitzgerald, na casa de família em Kansas City, Missouri.
Mollie Fitzgerald encontra-se detida sob uma fiança de 500 mil dólares, mais de 446 mil euros. As motivações do crime ainda não foram reveladas.
Gary Hunziker, irmão da vítima, revelou que a irmã tinha regressado à cidade, depois de ter passado um longo período a viver em Houston, no Texas.
"Ficamos chocados. Não importa as circunstâncias, a perda de uma irmã é o que importa”, disse Gary.
Mollie teve um pequeno papel no filme Capitão América: O Primeiro Vingador, lançado em 2011. Desde então tem trabalhado mais como produtora e diretora.

sol.sapo.pt

Fundo das caixas agrícolas deixa de proteger depósitos, mas antes transfere €214 milhões




expresso.pt 


O Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo deixou, neste primeiro dia de janeiro de 2020, de proteger os depósitos das caixas agrícolas. Contudo, essa mudança de proteção – que passa a ser assegurada pelo Fundo de Garantia de Depósitos, que já a assegura relativamente a todas as outras instituições financeiras – implica a transferência de 214 milhões de euros.

Com a função de garantia de depósitos das caixas agrícolas a passar para o Fundo de Garantia de Depósitos, tem de haver uma transferência de recursos no montante de 132.998.326,76 euros, adiantou o Banco de Portugal esta semana, confirmando uma notícia já avançada em agosto pelo Expresso.

No final de 2018, o fundo do Crédito Agrícola tinha recursos próprios de 348 milhões de euros.
Além disso, o fundo tem de devolver 81.155.993,65 euros relativos a contribuições que tinham sido entregues pelo Banco de Portugal.

A proposta de Orçamento do Estado para 2020 prevê uma despesa de 80 milhões de euros por conta desta transferência, já que o fundo integra a esfera das contas públicas.

O Fundo de Garantia de Depósitos passa assim a assegurar o reembolso de depósitos indisponíveis até ao limite de 100 mil euros por depositante e por instituição de crédito, independentemente de ser um banco normal ou uma caixa agrícola.

A decisão de juntar os dois fundos visa “a uniformização das regras aplicáveis aos sistemas de garantia de depósitos [que] promove uma verdadeira mutualização dos riscos e uma homogénea proteção dos depósitos, o que se traduz numa maior eficácia do sistema”, segundo o diploma. 

Mas há mais justificações: “A presente transferência permite também separar a função de garantia de depósitos da vertente assistencialista, que atualmente é também prosseguida pelo FGCAM, a qual tem natureza e objetivos diversos da primeira, e que, para uma adequada conjugação com o atual enquadramento jurídico a nível europeu, deve ser desempenhada de forma autónoma dos entes públicos”.

Sem a função de garantia de depósitos, o Fundo do Crédito Agrícola vai continuar a existir, mas o nome vai ter de mudar. Não pode incluir a expressão “fundo de garantia”. A sua finalidade e formas de financiamento e funcionamento serão definidas pela “Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (CCCAM), após consulta às caixas associadas”.

A CRUZADA VEGAN - Ativista do Reino Unido quer tornar o veganismo protegido como uma religião, libertando os fanáticos




The Vegan Crusade: Ativista do Reino Unido quer tornar o veganismo protegido como uma religião, libertando os fanáticos

Frank Furedi
Frank Furedi
Dr. Frank Furedi, autor e comentarista social, é professor emérito de sociologia na Universidade de Kent, em Canterbury.
The Vegan Crusade: ativista do Reino Unido quer tornar o veganismo protegido como uma religião, libertando os fanáticos
O 'vegano ético' britânico Jordi Casamitjana espera que todo o seu movimento seja reconhecido por um tribunal do trabalho como uma crença protegida, semelhante a uma fé religiosa - o que poderia dar aos fanáticos veganos rédeas livres no local de trabalho.
Casamitjana diz que foi demitido do emprego por causa de suas crenças - ele revelou a outros funcionários da Liga Contra os Esportes Cruel que investiu seus fundos de pensão em empresas envolvidas em testes em animais. Ele não podia deixar o suficiente sozinho porque é um 'vegano ético' - alguém que não apenas evita produtos de origem animal, mas também considera o veganismo como uma “filosofia e um sistema de crenças” e, aparentemente, sente a necessidade de se espalhar. por aí
Durante as audiências de quinta e sexta-feira, Casamitjana espera convencer um Tribunal do Trabalho de que suas crenças devem ter o mesmo status que as religiões estabelecidas há muito tempo, como o cristianismo, o judaísmo ou o islamismo. Além de meramente justificar o homem em sua disputa de emprego, o processo pode acabar abrindo a porta para dotar o veganismo da autoridade do sagrado.
Em uma época em que a identidade e a política de estilo de vida dominam a vida pública no mundo ocidental, há uma tendência constante de transformar as crenças individuais em uma causa sagrada. Os vegans são apenas os últimos de uma longa linhagem de guerreiros do estilo de vida que exigiram que suas crenças desfrutassem da proteção legal oferecida pela Lei da Igualdade. Em resposta a essas demandas, os tribunais adotaram uma atitude relativamente relaxada em relação à concessão do status de protegido. Em 2011, um tribunal decidiu que a crença na santidade da vida animal deveria ser protegida. Como resultado de decisões recentes, o status foi concedido com a convicção de que a caça às raposas é má e a crença de que é possível se comunicar com os mortos usando poderes psíquicos.

'Crenças protegidas' diluem a idéia do que é sagrado

Existe, é claro, um argumento pesado contra a proliferação de crenças protegidas; que é que mina a autoridade moral de religiões estabelecidas há muito tempo. À medida que mais e mais visões cotidianas recebem o mesmo status moral dos ideais religiosos mantidos há muito tempo, a idéia do sagrado se dilui e esvazia de significado. 
No entanto, não me importo se o veganismo obtiver reconhecimento legal pelo que realmente é - uma religião em potencial proselitista. O fanatismo de muitos veganos assemelha-se às atitudes e formas de comportamento geralmente associadas às piores características da intolerância teocrática.
O veganismo cruzado precisa ser diferenciado das decisões pessoais de comer apenas vegetais e evitar produtos de origem animal. Considera os não-veganos parecidos com os pagãos ignorantes, que devem ser convertidos à causa. Para seus críticos, adotou o temperamento implacável da Inquisição. Os fanáticos veganos têm como alvo agricultores de perus e animais, açougues e churrascarias.
Até a corrente principal desse movimento adotou o hábito intolerante de tratar os comedores de carne como seus inferiores morais. Eles moralizam incessantemente e dão palestras às pessoas sobre como devem viver suas vidas. Ao contrário dos veganos do passado, que consideravam sua atitude em relação à comida uma questão dietética particular, seus irmãos contemporâneos acreditam que converter os outros em seu modo de vida é um dever público


A verdadeira questão em jogo não é se o veganismo se torna tão protegido quanto uma religião, mas as consequências práticas dessa decisão para o resto da sociedade. Numa sociedade democrática, os indivíduos têm o direito de manter fortes crenças. No entanto, eles não têm o direito de impor essas crenças aos outros. Tampouco têm o direito de esperar que empregadores, colegas e outras pessoas se adaptem às suas crenças. No entanto, é exatamente isso que a busca pelo status de protegido pelo veganismo espera alcançar.
A questão mais significativa aqui é até que ponto o público terá que se acomodar às ambições do veganismo. Recentemente, um viveiro que introduziu um menu exclusivo à base de plantas foi forçado a voltar atrás depois que os pais das crianças se revoltaram contra sua imposição unilateral 

Se os berçários acreditam que não há problema em impor sua doutrina a crianças pequenas, quanto tempo antes de outras instituições seguirem o exemplo? 

Espera-se que os empregadores forneçam aos funcionários refeições veganas? Eles terão que se acomodar à antipatia dos veganos por cadeiras e roupas de couro por causa do "estresse" e do "dano mental" que eles causam? 

Embora a resposta a essas perguntas esteja longe de ser clara, é provável que o status de crença protegida incentive essas tentativas de impor um certo estilo de vida ao restante de nós.
Na realidade, o veganismo não precisa de status protegido, porque conta com apoio significativo do establishment cultural do Reino Unido. 

Economist previu corretamente que 2019 seria 'o ano do vegan' e que o veganismo se tornaria popular. Celebridades como Arianna Grande e Benedict Cumberbatch apoiam regularmente sua dieta vegana. Na mídia e no domínio da cultura jovem, uma dieta vegana é frequentemente retratada como uma marca da virtude. 

No entanto, para a cruzada vegana, a adesão da cultura das celebridades à sua causa não é suficiente. Ele quer se forçar à maioria que come carne. A obtenção de status de proteção por seu dogma lhes proporcionaria influência legal para promover essa ambição.


www.rt.com

Maior patrão do calçado em guerra com os operários




www.jn.pt 


Salários cortados após recusa de sair 20 minutos mais tarde. Já houve protestos, perguntas ao Governo e moção na assembleia de Guimarães.


O maior fabricante de calçado de capitais nacionais, a Kyaia, está em guerra com os trabalhadores por causa de 20 minutos de trabalho por dia. 

As posições estão tão extremadas que já não há diálogo e sucedem-se os apelos à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para que intervenha no conflito laboral que já originou dois protestos, uma moção da Assembleia Municipal de Guimarães e várias perguntas ao Governo por via da Assembleia da República.
O conflito laboral entre a administração da Kyaia, liderada por Fortunato Frederico, e os seus trabalhadores, começou em finais de setembro quando a empresa decidiu aplicar um novo horário que inclui duas pausas de 10 minutos, uma de manhã e outra à tarde. 

Com isso, obrigou os trabalhadores a saírem 20 minutos mais tarde para compensarem o tempo de pausa.

A decisão entrou em vigor em outubro, mas "os trabalhadores decidiram não parar nas pausas determinadas pela empresa, apesar de as máquinas lhes serem desligadas", explica a deputada do partido 
"Os Verdes", Mariana Silva, em pergunta enviada ao Ministério do Trabalho. Perante a recusa dos operários em saírem mais tarde, em outubro e novembro a empresa aplicou um corte de "cerca de 4% do salário mensal destes trabalhadores, que continuam a praticar o seu horário de oito horas diárias", relata o mesmo partido.

O Sindicato do Calçado já denunciou que a redução do salário é "abusiva e ilegal" e avançou com um protesto em novembro, em Guimarães, onde criticou "as violações ao Contrato Coletivo de Trabalho e Lei Laboral". No início de dezembro, o protesto repetiu-se em Paredes de Coura, onde o grupo também tem uma fábrica. Pelo meio, a Assembleia Municipal de Guimarães aprovou, por unanimidade, uma moção onde manifesta solidariedade com os trabalhadores e apela à empresa para que retome a via do diálogo.

Empresário não fala para já

Entretanto, o BE e o PCP também questionaram o Ministério do Trabalho sobre o problema. 

Os deputados bloquistas José Maria Cardoso e Alexandra Vieira falam em "irregularidades praticadas" pela administração da Kyaia. Já a deputada comunista Diana Ferreira considera que a atitude de alargar o horário de trabalho é "prepotente e ilegal". Também o PSD perguntou ao Governo quais as conclusões da inspeção feita pela ACT de Viana do Castelo à fábrica de Paredes de Coura, dado que a situação se mantém inalterada.

Contactado pelo JN, Fortunato Frederico recusa comentar o diferendo, mas promete uma reação para breve: "Não faço declarações sobre isso, dentro de dias sairá um comunicado".

O grupo Kyaia detém cinco fábricas em Guimarães e Paredes de Coura e é responsável pela marca Fly London.
Fortunato Oliveira Frederico
Idade: 76 anos
Cargo: Dono do grupo Kyaia
Criou a Kyaia em 1984 e adquiriu a marca Fly London 10 anos depois. 

Para além de vender sapatos para todo o Mundo, foi o rosto da maior associação nacional do setor durante 18 anos. 

Criado por uma freira, Fortunato entrou para o seminário aos 10 anos e saiu aos 14 para ser varredor da fábrica Campeão Português. 

A partir daí, subiu a pulso e criou um império do calçado. 
De Guimarães, este empresário "self-made man" ainda é dono de empreendimentos turísticos e criou a Fundação Oliveira Frederico, que apoia a investigação da doença bipolar. 
O ténue ensaio na vida política foi pela mão do PCP, partido pelo qual foi candidato por Braga nas primeiras legislativas.

Também se canta Janeiras e Charolas em Quarteira


Organização da Junta de Freguesia de Quarteira

Neste encontro de entrada livre, vão participar as Charolas das Barreiras Brancas, Tuna da Academia do Saber, Grupo da Amizade, Grupo de Cantares de Janeiras «A Força da Tradição», Cancioneiro do Grupo Folclórico de Faro, Banda Filarmónica 1º de Dezembro de Moncarapacho, Charola da Casa do Povo da Conceição de Faro e a Charola da Casa do Povo de Santa Catarina da Fonte do Bispo.
Trata-se de uma organização da Junta de Freguesia de Quarteira.


www.sulinformacao.pt

Charolas andam há cem anos a fazer os bordeirenses rir e chorar


Centenário das Charolas de Bordeira celebra-se hoje, dia de Ano Novo, e no Dia de Reis



As Charolas de Bordeira são mais que uma tradição. São um movimento cultural e social único e, desde que surgiram, há um século, assumiram-se como o principal elemento identitário de uma comunidade em que a música e a poesia ocupam um lugar central.
A festa do centenário das Charolas de Bordeira vai ser feita hoje, dia 1 de Janeiro, e no Dia de Reis, 6 de Janeiro, nesta localidade situada na freguesia de Santa Bárbara de Nexe, no concelho de Faro.
Além dos tradicionais encontros de Charolas, vai ser apresentada, em estreia absoluta, a Marcha do Centenário, que resultou do trabalho conjunto dos seis grupos de cantares locais que perpetuam esta tradição.
«Vamos iniciar no dia de Ano Novo, às 11h00, no centro de Bordeira, com as seis Charolas a tocar a música do Centenário. Vamos todos tocar e cantar alegremente. A festa prossegue com o tradicional Encontro de Charolas, na Sociedade Recreativa Bordeirense, com oito grupos: os nossos seis, o da Aldeia Branca (Estoi) e o das Barreiras Brancas (Loulé)», explicou ao Sul Informação Eva Mendonça, presidente da Sociedade Recreativa Bordeirense, que organiza esta festa, com o apoio da da Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Nexe e da Câmara de Faro.
6 de Janeiro, é, por tradição, o dia mais importante, «aquele que nós festejamos mais intensamente». Nesse dia, há o habitual périplo das Charolas pelos cafés e comércio local de Bordeira, logo pela manhã. De seguida, os grupos juntar-se-ão no Centro de Atividades D. Leonor para novo Encontro de Charolas, desta vez com 12 formações. Será neste local que serão encerrados os festejos, com nova apresentação conjunta da Marcha do Centenário, numa festa em que não faltará «bolo, champanhe e fogo de artifício, como pede a ocasião».


Nestes dias, em que o ano velho se aproxima rapidamente do final e o novo já está à espreita, os charoleiros ensaiam e espalham música por vários espaços de Bordeira. Aqui, as Charolas, uma tradição de início de ano e do dia de Reis, são rainhas – mas aquelas que se começaram a tocar e a cantar no pós-I Guerra Mundial, não aquelas associadas ao Menino Jesus e ao catolicismo.
Nada disso! Estas Charolas – que até podiam ser Janeiras, mas que também não o são, pois usam instrumentos musicais diferentes – são laicas e originárias de Bordeira. Curiosos? Nelson Conceição, premiado acordeonista, bordeirense de gema e charoleiro desde que andava ao colo do pai, explica:
«As Charolas são uma tradição que existe em diversos pontos do Algarve, mas mais aqui no Sotavento. Na sua maioria, são cantares ao Menino. Só que aqui em Bordeira, há cerca de cem anos, a tradição transformou-se, não sabemos ao certo porquê, e profanizou-se, tornou-se pagã. No entanto, a designação de Charolas, que é um termo litúrgico, prevaleceu», contou ao Sul Informação Nelson Conceição.
Esta tradição bordeirense tem diversas vertentes: «a crítica social e política, o dar as boas vindas ao novo ano e festejar o regresso dos soldados da I Guerra Mundial, porque os primeiros grupos organizados de charoleiros surgiram em 1919 ou 1920, pelo menos segundo os registos escritos».
Daí que Nelson Conceição seja cauteloso ao usar a palavra centenário. «Não sabemos ao certo. Já existiriam Charolas. Mas há uma figura central em todo este processo, o José Ferreiro Pai, talvez o primeiro grande acordeonista de Portugal de que há memória, que regressou da guerra em Julho de 1919. Supõe-se que no dia 1 de Janeiro de 1920 já tenha tocado nas Charolas, com outros acordeonistas e os começadores, que são os poetas que cantam de improviso», recordou.
Tendo isto em conta, instituiu-se 1920 como a data do nascimento oficial desta tradição.
Agora, foi feita uma marcha para celebrar a efeméride. «A música da Marcha do Centenário foi composta pelo Daniel Rato, que está emigrado na Suécia, e por mim. A parte da letra foram os poetas do momento daqui de Bordeira que se juntaram e fizeram o texto, que, no fundo, retrata esta transformação das Charolas e o porquê de se tornarem profanas».

Nelson Conceição

A tradição das Charolas vem evoluindo desde a sua criação, graças a muita gente. «Passaram por aqui grandes acordeonistas, grandes artistas e grandes poetas. António Aleixo, por exemplo, foi o autor de várias letras de músicas, nomeadamente da Marcha de Bordeira, do hino de Bordeira e do hino da Sociedade de Bordeira, sempre com música de José Ferreiro Pai».
«Havia aqui uma grande cultura popular e uma grande criação em termos poéticos e musicais. O Clementino Baeta, também um grande poeta, de Almancil, estava sempre cá. E talvez seja por isso que ainda hoje temos aqui grandes poetas, com uma capacidade de improviso extraordinária, algo que quem cá vier a 1 de Janeiro ou no Dia de Reis poderá confirmar», reforçou o acordeonista.
Isto leva a que, de ano para ano, haja sempre músicas novas para apresentar. «Aqui houve sempre criação de novos temas, graças, também, a muitos acordeonistas, como Daniel Rato, Hermenegildo Guerreiro, Álvaro Carminho, José Ferreiro Pai, José Ferreiro Filho, José António Madeirinha, João Barra Bexiga e a própria Eugénia Lima, que vinha cá na altura das Charolas, bem como a muitos poetas».
Daí que, só em Bordeira, existam seis grupos de Charolas, «algo que parece impensável para um sítio tão pequeno».
Nelson Conceição alinha no grupo Mocidade União Bordeirense com muitos dos conterrâneos com quem cresceu, atualmente na casa dos 40 anos. Foi a um ensaio deste grupo que o Sul Informação assistiu.
«Temos um grupo, que é a Juvenil União Bordeirense, que reúne os mais novinhos. Depois temos a Juventude União Bordeirense, que já é intermédio, para malta dos seus 20 anos. Nós também passámos por lá. Aliás, foi a Juvenil União Bordeirense que criou este grupo, em 1987. Também há o Democrata, que foi criado no pós-25 de Abril, o União Bordeirense, de uma geração que vêm muito de trás, e o grupo da Sociedade Recreativa Bordeirense, além do meu, a Mocidade», segundo o músico.
Todas as Charolas, quando entram em palco, seguem o mesmo esquema: «A atuação inicia-se com a marcha de entrada, que pode ser cantada ou não. Por norma não é cantada. Seguidamente temos o coro, que é acompanhado a solo pelos começadores. Há um refrão que o coro repete várias vezes. Depois, há a Valsa das Vivas, em que alguns elementos versam de improviso. Terminamos com a marcha de saída, que é só tocada e cantada», descreveu Eva Mendonça.

Eva Mendonça

«Muitas vezes, acontece aqui magia. Há malta aqui capaz de se inspirar em qualquer coisa para fazer uma viva que põe toda a gente a rir. E depois, há sempre quem responda à medida. Mas coisas bem feitas, com métrica, quadras bem elaboradas e rimas cruzadas», assegurou, por seu lado, Nelson Conceição.
«É uma grande riqueza que aqui temos, que mexe com a alma das pessoas. Faz rir, faz chorar, é uma mistura de sentimentos. Por muito que tentemos, não conseguimos explicar exatamente o que isto é. O melhor é vir cá para ver, ouvir e sentir», rematou.
Já Eva Mendonça fala numa «tradição que é vivida com muito orgulho por várias gerações. Temos muito orgulho nesta tradição e queremos que nos visitem no centenário das Charolas».












Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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