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segunda-feira, 27 de junho de 2022

O FESTIVAL DOS PALHEIROS DANÇANTES

 

Zangbeto são os tradicionais guardiães de vodu da noite na religião Yoruba do Benim e do Togo, países da África, conhecidos como os "Vigias da Noite". Similares aos Egunguns, são altamente venerados e atuam como uma força policial não-oficial, patrulhando as ruas, vigiando as pessoas e rastreando os criminosos para apresentá-los à comunidade para serem castigados. Originalmente criados para assustar os inimigos, os zangbetos vagam pelas ruas para detectar ladrões e bruxas e prover a lei a ordem. Essa espécie de culto possui um rico sistema de símbolos materiais, ideológicos, liderança, organização e modos de operação, que tornam um eficiente mecanismo informal de controle social, servindo também para preencher a lacuna entre os defeitos estruturais e as desvantagens nos mecanismos formais, e no nível de criminalidade e delinquência entre o povo Ogu.


Os zangbetos são trajes parecidos com grandes cones de folhas secas de palmeira-ráfia. Diz a lenda que eles giram sozinhos, como se espíritos entrassem dentro das armações e promovessem um verdadeiro espetáculo, tanto para moradores locais quanto para turistas. Além disso, muitas dessas estruturas também deixam os mais variados "presentes" no chão durante suas "apresentações", embora muitos desses presentes sejam claramente "mecanizados". São essas apresentações, que geralmente vemos retratadas em inúmeros vídeos espalhados na internet, principalmente no YouTube. Em alguns vídeos é possível ver, por exemplo, uma estrutura vazia sendo montada na frente de todos e, pouco tempo depois, a mesma começa a girar enlouquecidamente. Assim como acontece com todo bom truque de mágica, a maioria das pessoas fica impressionada com o que vê.

Do que é feito o traje?
O chamado "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (ou "Culto Mascarado a Zangbeto") é composto por algumas estruturas formais, que são visíveis em vários tamanhos, cores e especificações. O simbolismo formal de Zangbeto está contido em seus trajes, geralmente feitos de fibras especiais de folhas de palmeira-ráfia, que são tingidas com as cores desejadas, e posteriormente secas para serem utilizadas. Na maioria das culturas da África Ocidental, as folhas de palmeira - especialmente as folhas frescas - são símbolos de poder, e são tipicamente associadas à espiritualidade e magia tradicionais. As tiras de palmeira-ráfia, também conhecidas como "zanshan", são dispostas em um traje em formato de cone (semelhante a um chifre), que seria usado ou habitado pelo "espírito", com algumas outras vestimentas que, às vezes, são ligadas à parte superior (cabeça), e que servem a propósitos diferentes. Esse traje é conhecido como "zanho", que significa literalmente "casa da noite". Isso dá ao Zangbeto a aparência de uma "casa em movimento". Às vezes, especialmente durante procissões ritualísticas (chamadas de "homa"), o "zanho" é feito de cordões de grama ou folhas de bananeira, que simbolizam a destruição e também criam a impressão de escuridão.  Ao contrário da maioria dos outros "cultos mascarados", o Zangbeto não deveria possuir, ao menos em tese, partes do corpo identificáveis. Não deveria aparecer membros (mãos e pernas) ou rosto. Perante o público, o Zangbeto é capaz de operar com tamanha agilidade e facilidade, que sua performance serve para intensificar o elemento de "mistério". Claramente, o principal objetivo das apresentações é mostrar para as demais pessoas, que existe um espírito ancestral por baixo do "zanho", tanto é que um dos pontos altos das apresentações é justamente quando é mostrado para a plateia que, aparentemente, não há ninguém no interior dos trajes.

Zangbeto é uma farsa?
É sim, até porque é uma pessoa de carne e osso por baixo do traje utilizado pelos "Zangbetos". E alguns estudiosos do culto dizem que são homens fantasiados em transe, cujos corpos seriam temporariamente ocupados por espíritos, que possuem o conhecimento do que as pessoas fazem, quando pensam que ninguém está olhando. Basicamente, culto é praticado por diversos participantes, primordialmente do sexo masculino, que geraram uma "sociedade secreta", em diversas regiões onde membros do povo Ogu habitam. Esse culto tem como objetivo fazer com que os "Zangbetos", que nesse caso seriam reproduções da imagem original do próprio "ser" ou "espírito" coberto de folhas de palmeira-ráfia, vigiem os vilarejos durante a noite e a madrugada (normalmente entre às 23h e às 5h da manhã, sendo que durante esse período são montados bloqueios nas estradas, em pontos estratégicos), atuando como uma espécie de força policial informal, e exercendo, portanto, um importante controle social. Durante o dia, as apresentações ou festivais são realizados nas comunidades para reforçar a crença nos "Zangbetos" como promotores da ordem.

Zangbetos como funciona
No Benim e no Togo existe uma crença generalizada de que não há ninguém sob a máscara, mas que a armação "vazia" é empoderada por um espírito. Mas tudo não passa de um truque de ilusionismo.

Tudo o que vemos na apresentação é uma encenação, assim como aquela quantidade de homens segurando de forma displicente o traje como se o mesmo fosse pesado, sendo que ele é bem leve. na foto, no entanto, mostra perfeitamente, que existe uma pessoa debaixo do traje. É possível notar que existe uma pessoa camuflada debaixo do mesmo.

De qualquer forma, um dos elementos mais gritantes, e que mostram claramente que estamos diante de um truque de ilusionismo, é uma espécie de "janelinha", que todo e qualquer Zangbeto possui em maior ou menor grau, justamente na área frontal do traje, e na altura da cabeça de um ser humano normal. Algumas "janelinhas" são mais perceptíveis do que outras, mas todas possuem um meio de contato visual e frontal com o meio externo. A "janelinha" também teria a função de fornecer um espaço livre para a respiração e comunicação verbal da pessoa que está no interior do traje.

Nesse ponto, algumas pessoas até mesmo poderiam dizer que, havendo uma pessoa no interior do traje, a mesma deixaria marca de pegada no chão de terra empoeirado. Porém, essas mesmas pessoas se esquecem de um pequeno detalhe: as palhas do traje do "Zangbeto" raspam consideravelmente contra o solo, funcionando como uma espécie de escova. Assim sendo, qualquer marca de pegada ou rastro deixado por uma pessoa é imediatamente "varrido" conforme o "Zangbeto" gira ou caminha.

Outro detalhe fundamental, é que os "Zangbetos" se locomovem perfeitamente de acordo com a biomecânica da locomoção humana, ou seja, eles caminham exatamente da forma que uma pessoa caminharia ou se locomoveria, usando duas pernas de carne e osso.

Kumpo: semelhante ao Zangbeto mas não é e nem pertence a mesma cultura
Kumpo é confundido com o Zangbeto mas faz parte de outro culto na África Ocidental. Identificá-lo é bem simples, visto que o mesmo utiliza um traje composto por folhas de palmeira secas (geralmente na cor "bege" ou cor de "palha") e usa um pedaço de pau ou um bastão de madeira pontiagudo na altura da "cabeça". No início da dança, uma jovem mulher amarra uma bandeira colorida no "bastão". Então, o "Kumpo" inicia sua apresentação que pode durar vários minutos. Assim como o "Zangbeto", dizem que o mesmo fala uma linguagem secreta particular, e se comunica através de um intérprete com os espectadores. A mecânica é praticamente a mesma dos trajes do Zangbeto.




Fontes: http://www.assombrado.com.br/2018/06/conheca-os-zangbetos-um-exemplo-de-alta.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Zangbeto

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