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quinta-feira, 6 de maio de 2021

A LENGA LENGA DO COSTUME



Estive a ler um conto "A liberdade tem gosto de maçã" narrado, escrito, por uma senhora enfermeira que escreve por aí nas redes sociais e também nalguns jornais, conto esse que ela disse ter contado ontem aos seus filhos.
O conto fala de um menino pobre que vivia numa casa muito pobrezinha onde se comia a tal sardinha salgada que tinha que dar para muitas bocas. A tal casa onde a pobreza é abençoada e o camelo passa mais fácil pelo buraco da agulha do que o rico entra no reino dos céus.
Diz a história que o menino com fome pulou numa macieira e comeu (roubou) uma maçã mas a polícia prendeu-o e fê-lo dormir sozinho numa cela fria.
Quem governava o país onde vivia o menino era um rei injusto um rei que tinha medo do conhecimento e mantinha o seu povo infeliz.
Um rei que supostamente teria existido em tempos antigos e não um rei fascista com ideias do PPM que por aí existem às toneladas..
A história desenrola-se sempre em paralelo e estabelecendo uma ponte entre os tempos antigos, e os tempos do 25 de Abril, com a gaivota, a guerra colonial, o 1º de Maio, os cravos vermelhos e até com a PIDE, fazendo comparações com as liberdades, as falhas e injustiças do tal rei, que tratava mal o povo mas que depois de admoestado até melhorou um bocadinho (não de todo) mas que acabou fugindo para outro país.
"Emfim" o conto é muito enternecedor para as criancinhas pequenas e para as criancinhas grandes narrando a senhora enfermeira o que lhe contou o avô analfabeto e que ela agora contou aos filhos e aos seus leitores.
Para embelezar o "encanto" da história, a determinada altura diz a senhora enfermeira que nesse tempo quando com 11 anos estava com o avô acontece este episódio.
"Um dia, no alto da minha inocência dos 11 anos e depois de uma aula em que falámos no assunto, perguntei-lhe se era comunista.
E ele olhou para mim muito sério, deu-me um calduço com aquelas mãos enormes que tinha e respondeu-me que essas coisas não interessavam para nada. Porque o partido dele, dizia-me, era a liberdade.
E essa foi a minha herança política. O menino que foi castigado por subir a uma árvore e apanhar maçãs foi o avô que me ensinou que, custe o que custar, o mais importante é sermos livres. Como a gaivota, a papoila ou o menino que não queria combater. E essa é a lição que quero transmitir e a herança que pretendo deixar a estes dois pequeninos que se entregaram sem medo nos braços de Morpheu.
As cores partidárias na nossa família pouco importam e o nosso voto não tem nem nunca teve militância. Agora que penso nisso, acho até que nunca votei duas vezes seguidas no mesmo partido. Mas votei sempre em liberdade. Porque é aí, e só aí, que militam os descendentes do menino das maçãs. Na liberdade. Sempre na liberdade. Pela liberdade sempre.
Como ultimamente tenho lido alguns textos da senhora enfermeira já desconfiava que o conto acabaria assim.
Por pouco o avô ternurento e analfabeto que amava a liberdade, quando ela lhe falou em comunismo, não a sovou seriamente (só lhe deu um calduço, teve sorte.
A HISTÓRIA, O CONTO, A LENGA LENGA cheia de liberdade, de votos nómadas sabe-se lá por onde e para todos os gostos, a lenga lenga de muito amor e carinho não poderia meter lá um "malvado comunista" para lhe retirar o encanto, a candura, e estragar o serão.
António Garrochinho

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