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Fazendo jus a um conjunto de escolhas no mínimo questionáveis, gozando do seu carácter de aparente credibilidade, com a atribuição do Nobel da Paz, o Comité Nobel norueguês alinhou no cerco feito a dois Estados.
O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído a um conjunto de organizações e «activistas» da Rússia, Bielorrússia e Ucrânia. O desconhecimento de tais personalidades e instituições era geral, mas não tardou até que os comentadores, que dominam a agenda mediática, valorizassem a escolha dadas as actividades e posicionamentos no campo político, uma vez que visam directamente os governos da Rússia e da Bielorrússia.
A estranheza não é nova mas ainda assim a leitura traduz, uma vez mais, uma prova da instrumentalização do prémio para a imposição de uma narrativa e pensamento único de acordo com os principais interessados no conflito do Leste europeu.
Não deixa de ser curioso que um dos galardoados, o «activista» Ales Bialiatski tenha sido o fundador do partido Frente Popular da Bielorrússia, outrora membro observador do Partido Popular Europeu e actual membro do Partido Reformista e Conservador Europeu, ao qual pertencem forças de extrema-direita como o VOX de Espanha, os Irmãos de Itália ou os Democratas da Suécia.
É também interessante que um prémio cujo objectivo passaria por atribuir «àquele cujo trabalho pela paz e pela fraternidade entre as nações mais o merece», como o disse Carl Christian Bremer, presidente do Parlamento norueguês aquando da primeira atribuição em 1901, recaia também para a organização liderada por Oleksandra Matviichuk que em 2014 encontrou-se com Joe Biden quando era vice-presidente dos EUA e, como a própria recentemente relembrou, aproveitou a ocasião para pedir armas para o regime de Kiev combater «Putin».
Com estas atribuições, o Prémio Nobel da paz, não só branqueou as acções destes agentes, como promoveu a instrumentalização da chamada «sociedade civil» para apoiar a concretização de campanhas de destabilização e ingerência externa.
A opção do Comité Nobel Norueguês não passou pela Paz, mas pela instigação da guerra. Algo que não é novo dado o histórico que envolve o prémio. Em 2016, o vencedor foi Juan Manuel Santos, ex-Presidente da Colômbia e ex-ministro da Defesa e culpado por milhares de mortes no país; em 2009, o vencedor foi Barack Obama cujo histórico de guerras dispensa apresentações; em 2007, o vencedor foi Al Gore, vice-presidente de Clinton. cuja Administração mandou bombardear a Jugoslávia por via da NATO; ou em 2002, o vencedor foi Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA cuja Administração financiou os Mujahidin no Afeganistão.
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