quinta-feira, 30 de junho de 2022

A Joia da Coroa – SNS e os seus profissionais

 


Ao longo dos tempos, e principalmente após a pandemia que atravessamos desde 2020, que o Serviço Nacional de Saúde se tem revelado cada vez mais importante e necessário. Existe a necessidade de o manter tendencialmente gratuito e inclusivo.

António Costa, primeiro-ministro de todos os portugueses, considera o SNS como a “joia da coroa”, e bem! Diversos anos de desinvestimento no SNS, principalmente no período da troika, tornaram o SNS vulnerável e é cada vez mais imperativo que se reveja o modelo do mesmo, pois uma boa parte dos profissionais de saúde sentem e consideram que o SNS se encontra muito perto da linha vermelha, ou até mesmo muito perto de um ponto de não retorno. É necessário salvar o SNS!

Não é menos verdade que cada vez mais os grupos privados aproveitam as vulnerabilidades do SNS para crescerem e lucrarem com isso, colocando em causa, cada vez mais, o acesso à saúde.

Uma das grandes vulnerabilidades do SNS é a incapacidade de reter talento, profissionais de saúde e é por isso que importa rever as condições em que os mesmos trabalham, rever as carreiras das diversas classes profissionais e contratar em número suficiente para que os mesmos não se vejam obrigados a realizar um número surreal de horas extraordinárias para assegurarem a saúde dos portugueses, em detrimento da sua saúde e da sua vida pessoal. Resumindo, impera valorizar os profissionais de saúde, para que estes consigam continuar a realizar o trabalho extraordinário que fazem todos os dias.

Em março de 2020, António Sales, Secretário de Estado da Saúde, afirmou que “Os profissionais de saúde são a joia da coroa do Serviço Nacional de Saúde”, e afirmou muito bem. Sendo assim, é preciso que sejam verdadeiramente valorizados, pois sem eles não há SNS. É necessário ouvir os profissionais de saúde.

O SNS não necessita de pensos rápidos ou de medidas avulso, são necessárias estratégias visionárias e profundas que permitam melhorar a sua estrutura. É necessário descomplicar, é necessário que haja menos burocracia. O SNS carece de respostas de curto prazo que permitam a sua restruturação, os desafios que se apresentam não são conjunturais, mas sim estruturais, é necessário revalorizar carreiras, principalmente a nível da sua progressão e revalorização salarial. Não menos importante, e tendo em conta a “guerra” entre público e privado, é necessário rever os aspetos que diferenciam a carreira dos profissionais de saúde nos serviços de saúde privados e no serviço de saúde público, no caso: incentivos à investigação e formação, como também a flexibilização do modelo de trabalho, criando condições para que os profissionais se mantenham no SNS e que o mesmo se torne mais atrativo.

A polémica mais recente da falta de médicos (podia ser outra qualquer classe profissional do SNS), não é assim tão recente quanto isso, mas foi necessário entrar numa situação de rutura para que todos, políticos e não políticos, evidenciassem este assunto como fulcral.

Aliado às polémicas e problemas importantes, surgem sempre os suspeitos do costume, que a plenos pulmões exclamam “Aqui-d’el-rei”, aproveitando-se destas oportunidades para tentarem ganhar relevância, defenderem os seus interesses e inclusive imiscuindo-se em “seara alheia”, perdendo muitas vezes a razão.

Para que o SNS sobreviva é necessário que toda a sociedade, principalmente a classe política e os profissionais de saúde, remem para o mesmo lado, encontrando soluções. O SNS e os seus profissionais precisam de ser ouvidos e de ver uma luz de mudança ao fundo do túnel. Há muito que não se via os profissionais de saúde tão cansados e desmotivados, e quem pagará esta conta serão sempre todos os portugueses que necessitam de cuidados de saúde. É necessário dialogar.

Salvemos o SNS, transformando-o!

VASCO LOPES DA SILVA




Mestre e Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica pela Universidade de Évora.
Ex-presidente da Juventude Socialista de Santiago do Cacém. Deputado na Assembleia Municipal de Santiago do Cacém.
Presidente do Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Natação do Alentejo.


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quarta-feira, 29 de junho de 2022

GOSTO DE GENTE SÉRIA



 Carlos Matos Gomes

27 de junho de 2020 ·

Gosto de gente séria!
Gosto de ciganos, não gosto dos Chegas.
Quanto vou à Feira de Carcavelos, ou da Vândoma, no Porto, os ciganos vendem-me um polo Lacoste ou uns ténis Nike, mas não me querem fazer acreditar que são originais. Os ciganos são sérios, não me enganam. Riem-se. Eu quero fazer um vistaço e eles vendem barato um produto que satisfaz a minha tola vaidade. Discutimos os preços. É também o que se faz com as prostitutas, outra classe de gente séria.
O Chega é uma organização de vigaristas. Querem-me vender produtos contrafeitos por produtos originais. Não ao racismo, e eles são racistas. Não à corrupção, e eles são corruptos, a começar pelo chefe que trafica truques fiscais, acumula atividades públicas e privadas e está associado a mundos de sombras como o do futebol.
Os ciganos, mesmo com os desagradáveis episódios dos acampamentos às portas dos hospitais, defendem o serviço nacional de saúde, o Chega é contra um serviço nacional de saúde e a favor da privatização de todos os serviços públicos.
Os ciganos são a favor de rendimentos mínimos para se poderem integrar na sociedade, balanceando as suas tradições milenares com a a modernidade, o Chega é a favor dos grandes rendimentos obtidos a partir de grande negócios com o Estado. É o programa do Amorim, lugar tenente na sombra do chefe, colonialista e estadonovista do MDLP/ELP, a versão bombista do donos disto tudo no Estado Novo. Prefiro os ciganos a quem pago pouco, e as prostitutas que vendem o corpo, do que os Chega que roubam e roubaram muito. Prefiro pobres a quem tento ajudar a sair da pobreza a estafermos que me sugam e ainda me dão lições de moral.
Gosto de gente séria. Um cigano assume-se como um cigano. Como eu me assumo ribatejano. Um negro assume-se como um negro, com origens em África, como eu, pelo lado da minha mãe, com o patronímico Serpa, devo ter raízes no Alentejo. Uma prostituta assume-se. É o que é!
Os Chega donde vêm? Quem os pariu? E onde? O que vendem? E entregam a mercadoria?
Gosto de gente séria. De saber quem são aqueles com quem me cruzo, a quem compro e vendo, com quem trato. Quem são os Chega?
Não gosto de falsos anjinhos. Nem que me façam anjinho! Eu não compro uma Lacoste ao Chega! Mas compro aos ciganos! São ambas contrafeitas, mas os Chega vendem-nas como se fossem originais, são uns vigaristas e os ciganos vendem-me como contrafações para eu me enfeitar, são gente séria.

Coreografia incrível combina dança indiana tradicional com o ritmo do hip hop

 


A dança é uma forma de mostrar a cultura. Para a coreógrafa e dançarina indiana Usha Jey, também é uma forma de demonstrar amor e respeito. Ela é formada em Bharatnatyam, uma forma importante de dança clássica indiana que se originou em Tamil Nadu, que floresceu nos templos e cortes do sul da Índia desde os tempos antigos. É considerada uma das oito formas de dança clássica indiana amplamente reconhecida e expressa temas religiosos e ideias espirituais, particularmente do Shaivismo, Vaishnavismo e Shaktismo, coletivamente Hinduísmo.


Coreografia incrível combina dança indiana tradicional com o ritmo do hip hop

Usha usa elementos da técnica tradicional, lançando mão do abhinaya: expressões do rosto e dos olhos, acompanhadas por mudrás (gestos das mãos) e yantras (posturas do corpo) e a combina com o estilo hip-hop. O resultado é uma combinação eletrizante na qual o movimento preciso e geométrico do Bharatnatyam combina perfeitamente com o ritmo do hip-hop, tudo pronto para músicas de rap contemporâneas.

Ela chama essa fusão de #hybridbharatham, e ela produziu cinco coreografias diferentes -filmadas como episódios- até agora. O episódio cinco, que apresenta a música "Uproar" de Lil Wayne com Swizz Beatz, se tornou viral.

- "Meu objetivo é manter a essência de cada dança e criar algo que faça justiça a quem eu sou", diz ela sobre o vídeo e a série.

A coreógrafa também usa a letra da música para informar a dança e permitir que ela expresse sentimentos em relação a questões globais de opressão. O episódio quatro, com a música "One Hundred Thousand Flowers" de Shan Vincent de Paul, apresenta coreografia comentando a guerra civil entre os separatistas Tigres de Libertação do Tamil Eelam e o governo do Sri Lanka.

- "Expressando a raiva, frustração e tristeza que acumulei nesta peça que dedico aos cem mil tâmeis que perderam a vida por causa do genocídio tâmil cometido pelo governo do Sri Lanka", escreve Usha. - "Ainda não é reconhecido como genocídio pelas Nações Unidas. Você vê a situação que os tâmeis ainda enfrentam hoje no Sri Lanka? Quando o mundo vai parar de nos ignorar?"

A coisa legal destas misturebas é que aproximam o mundo, juntando o antigo com o novo. O Bharatnatyam tem cerca de seis mil anos. Apesar de antiga se conserva fascinante em sua riqueza de movimentos tradicionais, encanto estético e variedade de expressões. Considerada a mãe de todos os estilos de dança é também conhecida como Bharatha Nathyam. "Bharatha" é o antigo nome da Índia e também o nome do sábio ao qual o Deus Brahma concedeu as escrituras que regem a dança.


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Há 52 médicos de família que poderão ganhar mais de 5500 euros por mês


 www.jn.pt 


Os novos médicos de família que forem colocados em vagas definidas como carenciadas e em centros de saúde com uma taxa de cobertura inferior à média nacional terão um acréscimo remuneratório de 100%, afirmou a ministra da Saúde esta manhã de quarta-feira na Comissão de Saúde. A secretária de Estado da Saúde, Fátima Fonseca, referiu há minutos que há um total de 52 especialistas em Medicina Geral e Familiar que potencialmente podem acumular os dois incentivos.

Marta Temido referia-se ao despacho publicado esta quarta-feira que prevê a majoração de 60% no vencimento dos recém-especialistas que trabalhem em Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Agrupamentos de Centros de Saúde com uma cobertura de médicos de família inferior à média nacional.

Segundo o diploma, o incentivo aplica-se a 20 agrupamentos e unidades locais de saúde, a maioria em Lisboa e Vale do Tejo, num total de 239 vagas. E conforme deu a entender a ministra da Saúde, no Parlamento, é cumulativo com outros incentivos em vigor.

Marta Temido explicou que 2779 euros é o vencimento (ilíquido) de um recém-especialista, a que acrescem 1111 euros por mês, durante seis anos, se preencher uma vaga definida como carenciada (em vigor desde 2017). Se esta mesma vaga for numa unidade de saúde com uma taxa de cobertura de médicos de família inferior à média nacional, o especialista pode auferir mais 1667 euros mensais de incentivo durante três anos, correspondentes a 60% da majoração do vencimento, que entrou em vigor com a Lei do Orçamento do Estado 2022. O que no total dá 5567 euros ilíquidos para um recém-especialista.

"Será fácil perceber que se um profissional médico escolher uma vaga carenciada e que agora seja enquadrada numa unidade com taxa de cobertura inferior à média nacional terá um acréscimo remuneratório de 100%", referiu a governante.

O mesmo diploma, publicado esta quarta-feira, prevê que os especialistas em Medicina Geral e Familiar que, à data da entrada em vigor da LOE 2022, trabalhem num desses ACES podem apresentar candidatura para a constituição de USF de modelo A, dispensando algumas formalidades.

Na audição, a secretária de Estado da Saúde, Fátima Fonseca, corroborou que os incentivos (vagas carenciadas e unidades em agrupamentos de centros de saúde com taxa de cobertura inferior à média nacional) podem ser cumulados e que há 52 médicos que podem potencialmente fazê-lo.

A capacidade de atração e fixação de recursos humanos no SNS tem marcado o debate desta manhã na Comissão de Saúde, com destaque para os encerramentos das urgências de obstetrícia.

Estatuto do SNS aprovado na próxima semana

Às críticas e aos pedidos de informação da Oposição, a ministra respondeu com a calendarização das medidas a tomar e dos investimentos previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Assim, referiu, o Estatuto do Serviço Nacional de Saúde será aprovado na reunião de Conselho de Ministros da próxima semana. E nos 180 dias seguintes à entrada em vigor do diploma será publicada toda a legislação necessária à sua implementação, informou Marta Temido.

No âmbito do Estatuto do SNS está a criação de uma Comissão Executiva do SNS que terá a missão de articular a resposta assistencial e o funcionamento em rede dos cuidados de saúde e a criação do regime de dedicação plena dos médicos, que vai ser negociado com os sindicatos.

Sobre a Comissão Executiva do SNS, o PSD desafiou a ministra a extinguir as Administrações Regionais de Saúde, rejeitando a criação de mais um nível de burocracia no SNS.

Na resposta, a ministra admitiu o esvaziamento de funções das ARS, mas não se comprometeu com o seu fim. Referiu, porém, que agora não é o momento para alterações devido ao processo de descentralização de competências para os municípios que está em curso.

"É um processo cuja estabilização é essencial antes de equacionar outros passos. Num contexto de reforma, fará sentido, com a criação de uma coordenação mais articulada ao nível central na prestação cuidados, que se possam reservar as ARS para uma função que não a prestação de cuidados, dando mais autonomia aos ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde], mas tem de ser processo progressivo, para não causar interrupções nas prestações cuidados", afirmou.

UM BARCO VOADOR DE 1929

 


Projetado pelo Dr. Claudius Dornier, o Dornier Do-X foi o maior e mais pesado barco voador do mundo após a sua conclusão em 1929, com uma envergadura de 50 metros e um peso máximo de decolagem de mais de 61 toneladas. A enorme aeronave foi financiada pelo Ministério dos Transportes alemão, mas foi construído na Suíça, nas margens do Lago de Constança, a fim de cumprir com os termos do Tratado de Versalhes, que proibia a Alemanha de construir certos tipos de aeronaves.

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Este enorme barco voador luxuoso mal conseguia sair da água 01
O Do-X era alimentado por uma dúzia de motores montados em uma configuração tandem push-pull em cima da asa, que mal podia transportar a desmedida nave até uma altitude de 50o metros. Fiel ao seu projeto de semelhança a um barco, assim como os ekranoplanos russos que utilizavam o efeito solo, os motores complexos do Do-X não eram controlados diretamente pelo piloto, o capitão na cabine tinha que enviar ordens para ajustes do acelerador para um engenheiro de voo na sala de máquinas.

As acomodações a bordo do Do-X eram espaçosas e luxuosas, com um salão de jantar, sala para fumantes, bar e assentos confortáveis para 70 a 100 passageiros.

O Do-X fez seu primeiro vôo de teste em 12 de julho de 1929. Alguns meses mais tarde, realizou um recorde mundial transportando 169 passageiros em um vôo de 40 minutos. Os passageiros foram convidados para se deslocar de um lado da cabine para o outro para ajudar a estabilizar o voo.

Em 1930, o Do-X decolou em uma turnê de divulgação internacional, voando por toda a Europa, ao longo da costa oeste da África, através do Atlântico e veio até no Brasil e depois para Nova York, antes de retornar a Berlim.

O passeio destinava-se a atiçar o interesse no Do-X no transporte aéreo civil, mas para além de dois modelos adicionais construídos para a SANA companhia aérea estatal italiana, o leviatã do céu não nunca conseguiu decolar comercialmente.
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Este enorme barco voador luxuoso mal conseguia sair da água 06


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NATALINA RAMOS FILIPE (1928 – 2018) FRANCISCO HORTA (1904 – 1970)


 

NATALINA RAMOS FILIPE (1928 – 2018)
FRANCISCO HORTA (1904 – 1970)
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Resistentes activos na luta contra a Ditadura fascista e a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, foram considerados heróis pelo povo timorense e são pais do Presidente da República Democrática de Timor-Leste José Ramos Horta.
1. NATALINA RAMOS FILIPE (1928 – 2018)
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Natalina Ramos Filipe nasceu em Holarua (Timor- Leste), a 15 de Novembro de 1929, e era filha de uma timorense e de um português, Arsénio José Filipe, pintor da construção civil e anarco-sindicalista, que havia sido deportado para Angra do Heroísmo depois para a Guiné (1925) e finalmente para Timor, na leva de Pêro de Alenquer (1927); o tio José Filipe era um activista sindical.
Natalina viveu a ocupação japonesa em 1943, perdeu a Mãe e, então, deambulou pelas montanhas. Aos 13 anos, foi para a Austrália, depois dos japoneses massacrarem a sua aldeia, perto de Same (Timor-Leste), por ter colaborado com os australianos, em 1942. Na travessia para a Austrália conheceu Francisco Horta com quem veio a casar. A seguir à II Grande Guerra, Natalina e Francisco viajaram para Lisboa, mas pouco tempo depois quiseram voltar a Timor. Foi no navio Quanza, em Agosto de 1946, que nasceu Romana, a primeira de doze filhos do casal. Já em Dili, nasce José Manuel Ramos-Horta, a 26 de Dezembro de 1949, que irá destacar-se como político e jurista e partilhar o Prémio Nobel da Paz, em 1996, com o compatriota Bispo Carlos Filipe Ximenes Belo (1).
Natalina Ramos Filipe viveu até aos 87 anos e veio a ser uma corajosa resistente à invasão e ocupação de Timor pela Indonésia. Viveu nas montanhas de 1975 a 1978, foi vigiada, sofreu a morte de vários filhos, alguns deles durante a resistência indonésia (2). Faleceu em 27 de Fevereiro de 2018, sendo considerada uma heroína timorense. Está sepultada no Jardim dos Heróis timorenses (3).
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2. FRANCISCO HORTA (1904 -1970)
Resistente antifascista, natural da Figueira da Foz, foi preso e deportado para Timor em 1931.
Francisco Horta nasceu em 26 de Agosto de 1904, na Figueira da Foz, filho de Beatriz dos Santos Leite e de António Luís Horta. Pertenceu à Legião Vermelha durante a primeira República. Era ajudante de motorista e foi deportado para Timor, em 27 de Junho de 1931, por actividades de oposição à ditadura.
Com o início da II Guerra Mundial, Timor é invadida por forças de países beligerantes (4). A invasão aconteceu na manhã de 19 de Fevereiro de 1942 e Francisco Horta foi um dos deportados que lutou ao lado dos comandos australianos contra os ocupantes. Quando, com outros 600 portugueses, foram evacuados para a Austrália, Francisco Horta foi internado em BobFarm, juntamente com outros 27 deportados.
Durante a travessia para a Austrália, Francisco conheceu a timorense Natalina Ramos Filipe com quem veio a casar.
Francisco Horta foi reabilitado pela Ditadura portuguesa, por ter lutado contra os japoneses, mas permaneceu em Timor até à sua morte, a 15 de Novembro de 1970, aos 66 anos.
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NOTAS:
(1) José Ramos Horta é, desde 20 de Maio de 2022, Presidente da República Democrática de Timor-Leste [o 7º presidente, tendo já exercido funções como 4.º Presidente, de 20 de Maio de 2007 a 20 de Maio de 2012]. Foi educado numa missão católica em Soibada. Devido à atividade política pró-independência, viveu em Moçambique durante um ano (1970-1971). Em 1975, com apenas 25 anos de idade, ocupava o cargo de Ministro das Relações Exteriores no governo auto-proclamado de Timor-Leste, quando se deu a invasão e a ocupação pela Indonésia, e iria ser o representante permanente da Fretilin na ONU nos anos seguintes. Em 1996, foi laureado com o Nobel da Paz pelo contínuo esforço para terminar a opressão vigente em Timor-Leste.
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(2) Maria foi morta num ataque aéreo, Nuno morreu durante o interrogatório policial e Guilherme desapareceu sem deixar rasto aos 14 anos. António morreu em Novembro de 1992 devido a falta de assistência médica.
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(3) "Até Sempre Mãe Coragem” - um texto de José Ramos Horta, por ocasião do falecimento de sua Mãe.
«Partiste nessa viagem sem regresso e estás agora a rever o pai, os nossos inesquecíveis irmãos Natalino, Gui, Mariazinha, Nuno, Chiquito, António, Beatriz. Estarás com a tua irmã Noémia que foi antes de ti. Estarás com o avô Arsênio Filipe, e tantos outros familiares. Devem estar todos reunidos agora nessa outra Vida Eterna. Viveste a ocupação japonesa, perdeste a tua mãe, deambulaste pelas montanhas, sofreste, sobreviveste. Em 1975 começou a tua segunda odisseia nas nossas montanhas; cuidaste da Licínia, Aida, Artur Jorge, Gui. De novo resististe com coragem, dignidade, humildade e sobreviveste. Sabíamos todos o que ia na tua alma. Nunca tive a coragem de pedir para me falares dos anos que viveste nas montanhas de 1975 a 1978 e depois em DILI. Eu não queria fazer-te reviver aqueles anos de sofrimento e confesso eu não queria sofrer ouvindo o teu sofrimento. Criaste-nos, cuidaste de nós, os teus muitos filhos. Eras mulher simples, honesta, corajosa. Nunca tiveste grandes posses. Sempre viveste modestamente, humildemente, orgulhosamente. Sempre lembraremos de ti. Sempre. Com amor sem fim e profunda admiração. Até algum dia na Eternidade».
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(4) Durante a presença japonesa cerca de 40 mil timorenses e portugueses perderam a vida. A invasão aconteceu na manhã de 19 de fevereiro de 1942 e, apesar de terem reconhecido que a administração do território continuava a ser portuguesa, os japoneses só abandonaram a ilha após o fim da guerra. Pelo meio aprisionaram os elementos portugueses envolvidos na administração e nas forças militares, aterrorizaram a população local e mataram milhares de pessoas. Pouco antes da chegada dos japoneses, a ilha fora ocupada por forças holandesas e australianas, em Dezembro de 1941. Portugal e os aliados tinham estabelecido um acordo de cooperação que previa o envio de tropas aliadas caso os japoneses tentassem entrar pelo território. Essa ajuda estava, no entanto, sujeita a um pedido formal de ajuda, que nunca aconteceu. Apesar dos protestos do governador local as forças invadiram Timor, mas tratou-se de uma ocupação sem derramamento de sangue. Para compensar a falta de elementos naquele território, Portugal anunciou o envio de tropas com o objetivo de substituir os aliados, mas estas não chegaram a tempo, porque entretanto os japoneses desembarcaram em Díli.
Os japoneses dizimaram cerca de dez por cento da população e deixaram memórias sombrias da guerra entre os timorenses. [https://ensina.rtp.pt/artigo/ocupacao-timor-japoneses/....]
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Nota biográfica organizada por Maria João Dias, com colaboração de Helena Pato, a partir das fontes citadas.

Rostos humanos hipnotizantes emergem de fios de metal cuidadosamente esculpidos

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Rostos humanos ganham vida nas esculturas industriais de Darius Hulea. O artista romeno usa ferro, aço inoxidável, latão e cobre como materiais para realizar retratos expressivos inspirados na história e na mitologia. Inspirado nos esboços de antigos mestres, Hulea traduz a rapidez e fluidez do desenho em formas tridimensionais. Apesar da rigidez de sua matéria-prima, seu portfólio de esculturas exibe uma delicadeza, espontaneidade e elegância, raramente associadas ao metal. Isso se deve ao fato de que ele consegue desentranhar uma expressividade impressionante de sue bustos.


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Muitas das peças de Hulea assumem a forma de um homem com cabelos compridos e barba, e ele entrelaça o fio para imitar a aparência de mechas longas e rebeldes. A densidade de vários fios individuais cria uma textura interessante que lembra cabelos ao vento.

Além de criar cabelos com fios de metal, Hulea também encontrou uma forma de imitar a aparência da pele. Em vez de deixar os fios como longos e individuais, ele funde as peças em uma forma sólida semelhante a uma placa. A única evidência dos fios remanescentes é um exterior acidentado, que aumenta a superfície tátil da escultura.

Você pode acompanhar os últimos projetos de Hulea seguindo-o no Instagram.

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Como é fabricado um pneu? Você não imagina o trabalhão

 

O pneu é considerado um dos itens de segurança mais importantes na montagem de um carro. Afinal, ele é o único ponto de toda a estrutura que toca diretamente o solo. Em tempos de novas e cada vez mais impressionantes tecnologias, já vimos que alguns pneus usam até 5G para prevenir acidentes. Mas você sabe como é fabricado um pneu?

O processo de fabricação de um pneu é extremamente complexo e, para entender melhor sobre o assunto, o Canaltech foi convidado pela Pirelli para visitar as instalações da empresa. Fomos primeiro aos laboratórios em Santo André, na região do Grande ABC, e depois até Campinas, onde a Pirelli tem uma verdadeira “cidade”. Tudo para dar conta da demanda de pneus que abastecem desde carros, motos e até carros de corrida, das mais diversas categorias.

A visita da reportagem às instalações contou com a companhia de Roberto Falkenstein, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, e com os insights de muitos outros importantes executivos e engenheiros envolvidos no processo, desde o “nascimento” dos pneus da marca até o momento da inspeção final, em que o produto ganha o carimbo de qualidade e, enfim, é liberado para ser comercializado.

Entrada da fábrica da Pirelli, em Campinas, não demonstra a "cidade" que há por trás (Imagem: Ivo Meneghel Jr./Canaltech)

Antes de tudo, um pouquinho de história

Antes de efetivamente detalhar como é fabricado um pneu e o trabalhão que envolve todo o processo, vale contar um pouquinho da história da Pirelli.

Quem construiu a fábrica em Campinas, na verdade, foi outra montadora, a Dunlop. Apenas em 1970 as instalações passaram para as mãos da atual dona. Curiosamente, o endereço permanece fazendo referência à antiga proprietária: Avenida John Boyd Dunlop.

Desde então, a Pirelli se firmou e se expandiu imensamente e, hoje, ocupa uma área impressionante dentro de uma das maiores cidades do interior paulista. Para se ter uma ideia, aqui vão alguns números envolvendo o complexo da Pirelli em Campinas, além de informações a respeito da tecnologia existente e sobre o time que cuida do processo da produção de pneus por lá.

O complexo da Pirelli em Campinas

  • Área total de 110 mil metros quadrados construídos;
  • 7 oficinas dentro da planta e 580 máquinas;
  • 2.800 funcionários, 288 deles exclusivamente focados em manutenção;
  • 1.200 colaboradores terceirizados;
  • Produz cerca de 11 milhões por ano;
  • Funciona em 3 turnos, 7 dias por semana, exceto em alguns feriados específicos.

Como é fabricado um pneu?

Antes de chegar às instalações da fábrica da Pirelli em Campinas, tudo tem início nos laboratórios da marca, em Santo André. Lá, segundo Roberto Falkenstein, a borracha chega “crua”, em seu estado natural, e passa por uma série de análises para que possam ser detectados eventuais problemas de qualidade.

Borracha chega à fábrica da Pirelli em seu estado natural (Imagem: Ivo Meneghel Jr./Canaltech)



 

“O pneu é uma montagem de vários elementos e passa por várias fases, desde a confecção até a vulcanização e o controle final. Primeiro se extrai a água da borracha coagulada nas usinas de beneficiamento, e vem para a Pirelli já como borracha seca. Depois serão adicionados ingredientes. Hoje, em um pneu, aproximadamente 14% são borracha natural e o restante é borracha sintética e outros ingredientes”.

Os compostos passam por uma série de máquinas para testar resistência, qualidade, taxa de elasticidade e compressão. Um dos pontos mais surpreendentes no processo é que os pneus chegam a ser entalhados à mão por um profissional. Ele, literalmente, “constrói” todas as marcas dos pneus, que chegam lisos à sua estação de trabalho, e leva cerca de dois dias para liberar o modelo para outros testes.

Organograma na recepção compara fabricação de um pneu com a de um bolo (Imagem: Ivo Meneguel Jr./Canaltech)

Por dentro da fábrica

Separadas, testadas e aprovadas as muitas substâncias que compõem um pneu, finalmente é chegada a hora de dar início ao processo em que ele começa, efetivamente, a ser fabricado. A seguir, o Canaltech mostra, passo a passo, como é feito esse processo.

1 Separação e pesagem

A primeira etapa, de um modo simples, envolve a pesagem e a separação das matérias-primas que serão despejadas em uma enorme máquina misturadora que, no caso da fábrica da Pirelli, ocupa “apenas” três andares da instalação.

Depois de pesadas e separadas, substâncias entram na máquina para mistura (Imagem: Ivo Meneguel Jr./Canaltech)

“Estas matérias-primas algumas vêm na esteira para serem pesadas. Outras são colocadas direto na máquina e outras pré-misturadas. Há algo em torno de 35, 40 matérias-primas diferentes entre borracha, cera, antioxidantes e muito mais”, explicou Falkenstein, momentos antes de os materiais despencarem pelo enorme túnel. “A massa não é feita em uma misturada só. Muitas vezes em duas ou três, pois os ingredientes são adicionados aos poucos”, completou.

2. Resfriamento

De acordo com o especialista da Pirelli, após a fase inicial, elas são reprocessadas e, só então, entram em um longo túnel de resfriamento. Ao sair de lá, o composto passa a ser analisado pelos técnicos e pelos diversos tipos de máquinas.

Todos os processos de como um pneu é fabricado são acompanhados de perto (Imagem: Ivo Meneguel Jr./Canaltech)

“São testados 100% dos compostos que foram feitos. Um teste que já vulcaniza isso daí. Provoca uma força para ver se está reagindo conforme o esperado. Se houver problema, detecta onde ocorreu e recomeça o processamento para corrigir o erro”.

3. Banda de rodagem

Nesta fase, as “massas”, como são chamadas as maçarocas que saem uniformemente das máquinas, passam por esteiras chamadas de “formadoras”. Após isso, voltam a passar por um resfriamento, fechando o primeiro ciclo. “Esse é um dos elementos que vai formar a banda de rodagem. Ao todo, são cerca de 15 elementos em um pneu. Esse é um deles”.

Borracha já começa a ganhar "cara" de pneu nesta etapa (Imagem: Ivo Meneguel Jr./Canaltech)

4. Vulcanização

O processo de vulcanização já é um dos pontos finais antes do pneu estar efetivamente pronto para chegar ao mercado. É nesta etapa que ele ganha a forma que conhecemos, com os sulcos específicos para cada tipo de pneu.

“Um pneu de neve não serve para o barro, e um pneu de barro não serve para a neve”, simplificou Thiago Chiamenti, gerente de Tecnologia e Qualidade da fábrica da Pirelli em Campinas.

"Bolo" no forno para o processo de vulcanização (Imagem: Ivo Meneguel Jr./Canaltech)

O processo de vulcanização, se transferirmos as propriedades para o trabalho de um cozinheiro (como, aliás, mostra a própria Pirelli em um quadro ilustrativo na entrada da fábrica), é similar à entrada de um bolo no forno. É aí que as moléculas sofrem as ações químicas para sair do estado plástico e maleável para o elástico e firme.

5. Uniformidade

Depois de passar pela vulcanização, o “bolo”, ou melhor, o pneu, está praticamente pronto. Faltam, no entanto, algumas etapas: A inspeção visual e a de uniformidade. “A máquina está simulando o asfalto da rodovia para o pneu medir com força. E essas forças são medidas pela máquina”, simplificou Thiago Chiamenti.


VÍDEO - https://www.youtube.com/watch?v=n5CqybDPovw

6. Inspeção

Os pneus que saem com o “sinal verde” da máquina de uniformidade “aceleram” (desculpem os trocadilhos) para a inspeção visual. Lá, os funcionários, com a ajuda de lasers, detectam possíveis imperfeições nos compostos. O trabalho destes funcionários é tão importante e necessita de tanta atenção que, após um certo período, eles trocam de função até completar a jornada diária.

Parte de inspeção é uma das mais importantes (Imagem: Ivo Meneguel Jr./Canaltech)

Testes na pista

A reportagem do Canaltech não acompanhou os testes dos pneus na pista própria da fabricante, mas recebeu informações sobre como eles são para averiguar a resistência dos compostos no circuito Pan Americano, localizado em Elias Fausto, interior de São Paulo.

Pneus Pirelli também são testados na pista à exaustão (Imagem: Divulgação/Fernanda Freixosam, Pirelli)

“O Circuito Pan Americano é maior e mais versátil em relação à antiga pista de provas, graças à estrutura multipista que permite a realização de um número maior e mais sofisticado de testes, otimizando também o tempo de desenvolvimento. A estrutura lança mão da tecnologia de ponta disponível no setor para reforçar o desenvolvimento dos produtos da Pirelli e dos parceiros, em prol do consumidor”, explicou Roberto Falkenstein.

O Circuito Pan Americano conta ainda com auditório, salas de briefing e de reunião, boxes e tudo o que é preciso para dar às marcas interessadas a possibilidade de lançar produtos em um circuito profissional, incluindo eventos do tipo Track Days e de pilotagem.

Gostou de saber como nasce e como é fabricado um pneu? Então vamos dar a última, mas também importante informação. Todo o processo, desde a chegada da borracha crua, lá no início, ainda em Santo André, até os testes finais, de uniformidade e inspeção, leva cerca de 7 dias. E aí: viu como fabricar um pneu dá um trabalhão?

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