domingo, 7 de novembro de 2021

PAN só aceita acordo depois das eleições com lugar no Governo- Nesse eventual governo não caberão partidos não democráticos e o PAN identifica-os: Chega, Bloco ou PCP


 




observador.pt 


PAN só aceita acordo depois das eleições com lugar no Governo

Rita Penela

Nesse eventual governo não caberão partidos não democráticos e o PAN identifica-os: se Chega, Bloco ou PCP estiverem com um pé no Executivo, o PAN não contará para a solução. “A esquerda radical também é uma solução com a qual não nos identificamos. Há uma cegueira ideológica da esquerda que obstaculiza o diálogo mais sério ao nível da resposta que tem de existir”, explica a porta-voz do PAN ao Observador.

Depois do posicionamento de PCP e Bloco de Esquerda nas negociações e no chumbo do último Orçamento, que levou à dissolução do Parlamento e à marcação de eleições antecipadas, o PAN põe-se fora de uma solução de governo que estes partidos integrem, garante Sousa Real.

De resto, a líder do partido vai levar para a campanha a imagem de um partido que adotou sempre uma “posição responsável” em todo o processo, que queria a todo o custo evitar a crise — ao contrário dos partidos à esquerda do PS — e que será sempre parte da solução, assim os portugueses o entendam. É a forma encontrada pelo PAN de furar a lógica do apelo ao voto útil (PS ou PSD) ou a possível ascensão dos extremos (BE, PCP e Chega).

Se o PAN se afirmar como partido útil e capaz de dialogar e condicionar os dois partidos do centrão, pode ser o repositório dos votos dos eleitores que queiram garantir um quadro de governabilidade que não passe por um PS maioritário, nem dependa da influência dos extremos.

“PS e PSD não fazem uma grande diferença”

Depois da abstenção do PAN na votação do OE, Albano Lemos Pires rejeita que o partido se tenha aproximado dos socialistas. “Se estivesse o PSD no governo a situação seria exatamente a mesma. O PAN absteve-se porque conseguiu que uma série de medidas fossem aprovadas. Seja com PSD ou com PS temos que negociar com quem está no poder“, diz.

Albano Lemos Pires entende que em Portugal ainda há a “política do partido único“, um modelo quase esgotado na Europa, e só vê um futuro possível: o de governos com várias forças políticas. “Ser oposição não é só votar contra, é tentar ser parte da solução e das respostas de que o país carece”, nota o dirigente do partido fundamentando a oposição do PAN a soluções como a da geringonça.

Por isso, o PAN está disposto a apoios pós-eleitorais, sejam eles com “PS ou PSD”. Aos olhos do PAN, “PS e PSD não fazem uma grande diferença”. Linhas vermelhas só nos extremos, sejam eles à esquerda ou à direita.

Saída de André Silva, o erro em apoiar Ana Gomes e o programa eleitoral para as legislativas

Além das saídas de uma das deputadas eleitas em 2019 e do único eurodeputado que o partido conseguiu colocar em Bruxelas, este ano o PAN viu sair a cara que os portugueses associavam imediatamente ao partido. André Silva deixou a liderança do partido em junho, no Congresso que elegeu Sousa Real como porta-voz da causa, mas nos corredores do partido ainda há quem tema os efeitos de algumas decisões que foram tomadas durante o último mandato à frente do partido.

apoio do PAN a Ana Gomes nas eleições presidenciais causou incómodo há um ano e agora há quem tenha por certo que se irá “pagar o preço de algumas ligações à extrema-esquerda”. “É um peso, uma carga”, diz um dos dirigentes do partido ao Observador.

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