quarta-feira, 17 de março de 2021

A vacina mais escrutinada da União Europeia


 

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Foram administradas mais de 17 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca na Europa. São milhões de pessoas protegidas contra uma doença com um elevado risco de contágio e de mortalidade. Milhões de vidas potencialmente a salvo de uma doença que moldou a nossa sociedade. Nunca na história da medicina se assistiu a um tão rápido, seguro e eficaz desenvolvimento científico, que nos permite hoje enfrentar – como nunca – um agente infecioso emergente, cuja existência tem pouco mais de um ano.

Hoje, num mundo cada vez mais global, onde os casos de uns são os casos de todos, e mais digital, a segurança das pessoas é antecipada por uma monitorização ao minuto de qualquer risco que surja, aqui e além-fronteiras, num ritmo alucinante de dados e informações.

O conhecimento de alguns casos graves de fenómenos trombóticos e hemorragias (que ocorrem em simultâneo e, por isso, não são fenómenos trombóticos típicos, como a embolia pulmonar) após a toma desta vacina em países europeus desencadeou – e bem – uma discussão científica intensa na tentativa de avaliar, mesmo com poucos dados e apenas preliminares, se é plausível a relação entre a ocorrência destes fenómenos e a administração da vacina da AstraZeneca.

Sim, avaliar cientificamente ainda que com dados preliminares.

As conclusões científicas são o resultado de um processo que não é preto ou branco, mas sim com vários tons de cinzento, com avanços e recuos, teses e antíteses, provas e contraprovas, por vezes com opiniões divergentes e dúvidas.

Os fenómenos reportados foram muitíssimo raros no universo de pessoas vacinadas e não foi possível estabelecer, à data, qualquer relação de causalidade entre a sua ocorrência e a administração da vacina. Mais, os ensaios clínicos que estiveram na base da aprovação desta vacina na União Europeia provam a sua segurança, sem reservas, relativamente a este tipo de reações adversas.

Por tudo isto, a Agência Europeia de Medicamentos não vê, hoje, razão para não manter a utilização e comercialização desta vacina. Contudo, e bem, iniciou todos os mecanismos de avaliação da segurança dos medicamentos, procurando avaliar se pode existir uma relação de causalidade entre a vacina e estes fenómenos. Esta avaliação pode, por exemplo, identificar alguns grupos de pessoas com maior risco para estas reações, para as quais a administração desta vacina pode ter de ser feita com maior cautela, como acontece com as pessoas que têm alergias graves às vacinas.

Um processo como este, com avanços e recuos, gera, inevitavelmente, dúvidas e inseguranças.

Não que a vacina não seja eficaz, não que a vacina não tenha demonstrado ser segura. Apenas uma dúvida levantada por especialistas de muitos países europeus que não podem aceitar que existam quaisquer dúvidas relativamente à segurança da vacina. Mesmo estando perante casos com manifestações que sabemos serem graves, mas também muitíssimo raras.

Esta dúvida necessita de tempo para ser esclarecida. Necessita de tempo para que, assim que for tomada uma decisão pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), a decisão seja definitiva.

E até lá?

Não podendo ignorar o que se sabe hoje e que ontem se desconhecia, opta-se por uma atitude de prudência. Uma pausa de uns dias, até se perceber melhor se a dúvida tem razão de ser. Se não tiver razão de ser, então retoma-se a vacinação, de forma confiante, porque perante a dúvida se agiu com prudência e transparência.

E os 17 milhões de vacinados? 

Estão vacinados, protegidos e atentos!

A identificação precoce de qualquer sintoma é um dos principais aspetos que contribui para um tratamento atempado e melhor prognóstico. Aqui não será diferente. 

As muito poucas pessoas que após a toma da vacina da AstraZeneca tenham sintomas que não sejam comuns devem contactar o seu médico, sobretudo se desenvolverem sintomas parecidos aos de um AVC e/ou pequenos hematomas e pequenas manchas avermelhadas na pele.

A decisão é difícil, mas resulta de um processo intenso de reflexão relacionado com a gravidade dos casos clínicos reportados, e do primado da segurança em vacinação. 

Logo que seja confirmada a segurança da vacina da AstraZeneca a vacinação será retomada, com mais confiança porque esta é a vacina mais avaliada e escrutinada da União Europeia.



 


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