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segunda-feira, 13 de julho de 2020

PRAIA DAS MAÇÃS A Praia do Elétrico e do Atentado




A Praia das Maçãs é a primeira que Ramalho Ortigão não referiu em 1876, mas mereceu menção no guia que a Sociedade Propaganda de Portugal publicou 38 anos depois. A inauguração do elétrico que ligava Sintra à praia em 1905 [em 1904 foi inaugurado o troço Sintra-Colares], a construção do Hotel Royal Belle-Vue em 1908, do premiado arquiteto Miguel Ventura Terra, e um atentado abortado contra o primeiro-ministro Afonso Costa em outubro de 1913, deram visibilidade ao local escolhido pelo autor da música do Hino Nacional para construir uma residência de verão para a sua família.




Foto da Câmara Municipal de Sintra – Arquivo Municipal
A casa que Alfredo Keil mandou construir ainda existe, e foi uma das primeiras a abrilhantar a Vila Nova da Praia das Maçãs, complementando assim os planos do empresário Eugénio Levy para esta estância balnear, que já tinha uma ligação rápida e quase direta a Lisboa.
A inauguração do curioso elétrico tem sido celebrada nos dois últimos verões num espetáculo da companhia de teatro Éter, dirigida por Filomena Oliveira, na Casa do Elétrico, em Sintra. A peça apresenta-nos Keil, Eça e Bulhão Pato numa divertida ficção que inclui figuras da agricultura saloia e o célebre (vinho) Ramisco de Colares. Uma das funções do elétrico era assegurar a viagem das pipas e tonéis do vinho produzido nas areias de Colares – com o seu inconfundível e apreciado travo acre – das adegas Visconde Salreu e regional de Colares até à sede de concelho. O guia de 1918 explica-nos que a praia deve o seu nome ao facto de “ter ali a sua foz o ribeiro das Maçãs”, e lembra que “já existiu, em lugar sobremodo pitoresco, sobre um rochedo enorme, mesmo à beira mar, um magnífico hotel. Era, porém, cedo demais para se manter, e teve de fechar a breve trecho, visto que a concorrência de hospedes não era a suficiente para cobrir as respectivas despesas de exploração” [do Hotel Belle-Vue]. Nesse ano em que os portugueses contavam os mortos e perdas da participação nacional na Grande Guerra, os banhistas “estacionavam pelos hotéis de Cintra e Colares, fazendo todos os dias o seu passeio matutino [de elétrico] para irem tomar o seu banho e virem depois almoçar com redobrado apetite”.













Foto da Câmara Municipal de Sintra – Arquivo Municipal
A praia tinha “dois agrupamentos de barracas para banhos, o de Afonso Lopes e o de João Cláudio; na freguezia há médico permanente e nada menos de três farmacias”, informa o guia de 1918, destacando também os seguintes locais de refeição: “Bijou da Praia, de Rafael Sarnadas; Restaurante Camarão, de J. Camarão (...) e o Restaurante da Varzea, de Bernardino Pinheiro”. O edifício onde funcionou o hotel Hotel Royal Belle-Vue sofreu um incêndio em 1921. A bomba de picota que os bombeiros possuíam foi transportada numa vagoneta atrelada ao elétrico, que também levou os homens, “num tempo considerado recorde – 25 minutos” [cf.obras completas de José Alfredo da Costa Azevedo], mas só se salvaram as paredes.

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