Pocahontas (Werowocomoco, c. 1594 – Gravesend, 21 de março de 1617) foi uma ameríndia, filha de Wahunsunacock (conhecido também como Chefe Powhatan) que governava uma área que abrangia quase todas as tribos do litoral do estado da Virgínia (região chamada pelos índios de Tenakomakah). 
Pocahontas casou-se com o inglês John Rolfe, tornando-se uma celebridade no fim de sua vida. Seus verdadeiros nomes eram Matoaka e Amonute: "Pocahontas" era um apelido de infância.

A vida de Pocahontas deu margem a muitas lendas. Tudo que se sabe sobre ela foi transmitido oralmente de uma geração para outra, de modo que sua real história permanece controversa. 
Sua história se transformou num mito romântico nos séculos seguintes à sua morte, mito este que foi transformado num desenho animado da The Walt Disney Company (Pocahontas) e em um filme, O Novo Mundo.

Vida de Pocahontas
Pocahontas é um apelido que significa "a metida"’ ou "criança mimada". O seu nome real era Matoaka. A história conta que ela salvou o inglês John Smith, que seria executado pelo seu pai em 1607. Nessa época, Pocahontas teria apenas entre dez e onze anos de idade.

Smith era um homem de meia idade, de cabelos castanhos, de barba e cabelos longos. Ele era um dos líderes colonos e, em 1607, fora raptado por caçadores Powhatans. Ele possivelmente seria morto, mas Pocahontas interveio, conseguindo convencer o pai que a morte de John Smith atrairia o ódio dos colonos.

Graças a esse evento (e a mais duas oportunidades em que Pocahontas salvou a vida dos colonos), os Powhatans fizeram as pazes com os colonos. 
Ao contrário do que dizem os romances sobre sua vida, Pocahontas e Smith nunca se apaixonaram. Smith serviu como um tutor da língua e dos costumes ingleses para Pocahontas. 
Em 1609, um acidente com pólvora obrigou John Smith a se tratar na Inglaterra, mas os colonos disseram a Pocahontas que Smith teria morrido.

A verdadeira história de Pocahontas tem um triste final. Em 1612, com apenas dezAssete anos, ela foi aprisionada pelos ingleses enquanto estava em uma visita social e foi mantida na prisão de Jamestown por mais de um ano. 
Durante o período de captura, o inglês John Rolfe demonstrou um especial interesse na jovem prisioneira. 
Como condição para Pocahontas ser libertada, ela teve de se casar com Rolfe, que era um dos mais importantes comerciantes ingleses no setor de tabaco.

Pocahontas passou um ano prisioneira, mas tratada como um membro da corte. Alexander Whitaker, ministro inglês, ensinou o cristianismo e aprimorou o inglês de Pocahontas e, quando este providenciou seu baptismo cristão, Pocahontas escolheu o nome de Rebecca.

Logo após isso, ela teve seu primeiro filho, a qual deu o nome de Thomas Rolfe. Os descendentes de Pocahontas e John Rolfe ficaram conhecidos como Red Rolfes.


Pocahontas de 1883



Retrato de Pocahontas do século XVIII

Em 1616, Rolfe, Pocahontas e Thomas viajaram para Inglaterra. Junto a eles, onze membros da tribo Powhatan, incluindo o sacerdote Tomocomo. 
Na Inglaterra, Pocahontas descobriu que Smith estava vivo, mas não pôde encontrá-lo, pois estava viajando. Mas Smith mandou uma carta à rainha Ana, informando que fosse tratada com nobreza. 
Pocahontas e os membros da tribo se tornaram imensamente populares entre os nobres e, em um evento, Pocahontas e Tomocomo se encontraram com o rei James, que simpatizou com ambos.

Em 1617, Pocahontas e John Smith se reencontraram. Smith escreveu em seus livros que, durante o reencontro, Pocahontas não disse uma palavra a ele, mas, quando tiveram a oportunidade de conversarem sozinhos por horas, ela declarou estar decepcionada com ele, por não ter ajudado a manter a paz entre sua tribo e os colonos. 
Meses depois, Rolfe e Pocahontas decidiram retornar à Virgínia, mas uma doença de Pocahontas (provavelmente a varíola, pneumonia ou tuberculose) obrigou o navio em que estavam a voltar para Gravesend, em Kent, na Inglaterra, onde Pocahontas morreu.

Após sua morte, diversos romances sobre sua história foram escritos, sendo que todos retratavam um romance entre Smith e Pocahontas. 
A maioria, ainda, tratava John Rolfe como um vilão, que teria separado os dois e casado com Pocahontas à força. Apesar de sua fama, as figuras encontradas sobre Pocahontas sempre foram de caráter fantasioso, sendo a mais real figura de Pocahontas a pintura de Simon Van de Passe, que foi feita em 1616.

Hoje em dia, muitas pessoas tentam associar sua árvore genealógica a Pocahontas, incluindo o ex-presidente George W. Bush, mas, na verdade, ele seria descendente apenas de John Rolfe, a partir de um filho de um casamento posterior à morte de Pocahontas. 
Entre as pessoas confirmadas como descendente de Pocahontas, destaca-se Nancy Reagan, viúva do ex-presidente estadunidense Ronald Reagan.

O chefe Powhatan morreu na primavera seguinte. Os descendentes da tribo de Pocahontas foram dizimados e suas terras foram tomadas por colonizadores.

A união com John Rolfe



Durante sua estada em Henricus, Pocahontas encontrou-se com John Rolfe, que caiu de amores por ela. Rolfe, cuja esposa e filha tinham falecido, tinha cultivado com sucesso uma nova espécie de tabaco em Virgínia e tinha gasto muito de seu tempo lá para a colheita. 
Ele era um homem muito religioso que se angustiava com as potenciais repercussões de casar com uma "selvagem". Em uma longa carta dirigida ao governador, pediu permissão para casar-se com ela, relatando seu amor por ela e sua crença de que ela poderia ter sua alma salva. 
Ele alegou que não estava somente movido "pelo desejo carnal, mas pelo bem desta plantação, pela honra de nosso país, pela Glória de Deus, pela minha própria salvação... ela se chama Pocahontas, a quem dirijo meus melhores pensamentos, e eu tenho estado por tanto tempo tão confuso, e encantado por esse intrincado labirinto...". 
Os sentimentos de Pocahontas sobre Rolfe e a união são desconhecidos. Casaram-se em 5 de abril de 1614.[1] Viveram juntos nos anos seguintes na plantação de Rolfe, Varina Farms, que estava localizada ao lado do James River, na nova comunidade de Henricus. Tiveram um filho, Thomas Rolfe, nascido em 30 de janeiro de 1615. Sua união não obteve sucesso no sentido de trazer os cativos de volta, mas estabeleceu um clima de paz entre os colonos de Jamestown e a tribo de Powhatan por muitos anos; em 1615, James Habor escreveu que desde o casamento "nós tivemos um amigável comércio não só com os Powhatans como também com todas aqueles que estavam em nossa volta".

Viagem à Inglaterra e morte



Estátua de Pocahontas no local de sua morte: igreja de São Jorge, em Gravesend, em Kent, na Inglaterra

Os responsáveis pela colónia de Virgínia encontravam dificuldade em atrair novos colonos para Jamestown. Com o objetivo de encontrar investidores para assumir os riscos, usaram Pocahontas como uma estratégia de marketing, tentando convencer os europeus de que os nativos poderiam ser "domesticados"; buscavam, desse modo, salvar a colônia. 
Em 1616, os Rolfes viajaram para a Inglaterra, chegando no porto de Plymouth e dirigindo-se para Londres em Junho de 1616. Foram acompanhados por um grupo de onze nativos. Pocahontas entreteve várias reuniões da sociedade. Ao chegar, o rei não queria recebê-la formalmente. Por isso, Smith, que estava em Londres, ao saber disso, escreveu uma carta ao rei contando como Pocahontas os havia salvo em Jamestown da fome, do frio e da morte. O rei, por causa disso, aceitou recebê-la. Pocahontas e Rolfe viveram no subúrbio de Brentford por algum tempo. 
Em março de 1617, tomaram um navio e retornaram à Virgínia. No entanto, o navio havia somente chegado à Gravesend, no rio Tâmisa, quando Pocahontas ficou doente. A natureza da doença é desconhecida, mas pneumonia, varíola ou tuberculose são os diagnósticos mais prováveis. Ao desembarcar, ela morreu. Seu funeral ocorreu em 23 de Março de 1617, na paróquia de São Jorge, em Gravesend. Em sua memória, foi erguida, em Gravesend, uma estátua de bronze em tamanho real.


A versão da história de Pocahontas contada na animação da Disney, feita em 1995, foi a que se generalizou, mas está longe de ser a mais fiel. Pocahontas morreu com 21 anos e o inglês John Smith, pelo qual se apaixona no filme, mentiu sobre o contexto em que conheceu a princesa. Esta segunda-feira, comemoram-se 400 anos desde a sua morte.


A lenda da princesa nativo-americana começou a ser construída quando tinha ainda 12 anos de idade. De nome original Matoaka, era filha do chefe dos povos Powhatan, localizados na Virgínia, nos Estados Unidos, mas desconhece-se a identidade da sua mãe. Pocahontas passou a infância no meio dos conflitos com colonizadores ingleses. Um deles, John Smith, chegou a Virgínia de navio, em 1607, com outros 100 colonizadores
Pocahontas terá impedido o seu pai de executar John Smith, mas o relato deste episódio só foi feito pelo próprio após a morte da princesa, por escrito, numa publicação intitulada Generall Historie: “No minuto de minha execução, ela [Pocahontas] arriscou o espancamento do seu próprio cérebro para salvar o meu”. Os historiadores preferem acreditar na versão de que, na verdade, não aconteceu nenhum episódio de tentativa de execução dos colonizadores. Pelo contrário, John Smith terá sido até bem recebido pelos povos Powhatan.

Do sequestro ao primeiro casamento entre um europeu e uma americana

Aos 17 anos de idade, Pocahontas fazia visitas frequentes à região de Jamestown a fim de auxiliar e cuidar dos colonizadores europeus. Em 1613, numa dessas visitas, Pocahontas foi sequestrada pelo oficial da marinha Samuel Argall que pedia, em troca, alguns prisioneiros mantidos pelo seu pai, o chefe dos povos Powhatan. 
O sequestro da jovem prolongou-se por mais de um ano.
O momento em que Pocahontas salva John Smith, em 1617, umas das versões da história. (Fotografia de Three Lions/Getty Images)

Partida para Inglaterra sem retorno

Em 1616, o casal partiu para Inglaterra. Rebeca foi usada como símbolo das relações pacíficas entre os ingleses e nativos americanos, tendo sido vista como uma selvagem civilizada. O seu marido foi elogiado. 
A adaptação da princesa índia à sociedade inglesa foi de tal forma impressionante que o casal chegou a ser recebido pela corte e pelo próprio rei Jaime I. Nos relatos escritos por John Smith, o colonizador inglês que acabou também por regressar a Inglaterra, descreve um encontro que terá tido com o casal Rolfe: 
“Sem palavras, ela [Pocahontas] virou-se, obscureceu o rosto, não parecendo bem contente”.
Em março do ano seguinte, o casal decide voltar para a Virgínia mas, durante a viagem, Rebeca ficou doente. Ao ver-se obrigada a sair do navio, foi deixada em Gravesend, no noroeste de Inglaterra para voltar para casa. Tal não aconteceu. Pocahontas acabou por morrer no local, aos 21 anos de idade. 
Apesar de serem desconhecidas as causas da sua morte, varíola, pneumonia, tuberculose ou, até, envenenamento são algumas das teorias.
Estátua de Pocahontas no largo da igreja de S.George, em Gravesend, Inglaterra (Fotografia de DiamondGezeer/Flickr)
De acordo com os registos existentes, Pocahontas morreu e foi enterrada a 21 de março de 1617 mas não se conhece o local onde está sepultada. Em 1727, a igreja original de Gravesend foi destruída na sequência de um fogo, pelo que se tornou impossível saber o local exato da sepultura de Pocahontas. Ainda assim, o reverendo de Gravesend garante que o corpo da princesa está exatamente por baixo do altar da Igreja de S.George. É no largo dessa igreja que foi colocada uma estátua de Pocahontas, na celebração dos 400 anos da sua morte.