quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Robin Hood, o matador

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No primeiro do dia primeiro de maio, celebra-se o “May Day” em vários países europeus, um ritual de entrada da primavera, que sobreviveu desde os tempos pagãos. Na Inglaterra, desde o século 14, esse ritual tem como personagem central Robin Hood, o Rei de Maio. 

Então cantavam-se baladas contando seus feitos, e também encenavam-se peças. 

Havia também concursos de tiro ao alvo com o arco longo, a arma que se tornaria seu símbolo.

Esse culto a um fora da lei não passou despercebido, e chegou a entrar num julgamento na Câmara Estrelada, a corte superior da Inglaterra, em 1492. 
Mas o fato é que o personagem era popular demais para ser suprimido. E, na festa, procissões com homens vestidos de verde, representando Robin e seu bando, saíam para as vilas vizinhas, pedindo dinheiro para a igreja, que ajudava os miseráveis locais. Tiravam dos ricos para dar aos pobres.

Hoje, graças a dezenas de filmes, todo mundo conhece a história de Robin Hood: perseguido pelo rei João Sem Terra, o nobre Robin de Loxley se refugia na floresta de Sherwood, formando o bando dos “homens alegres”, incluindo o gigante Little John e o pançudo e beberrão Frei Tuck. Eles roubam dos ricos — inclusive da Igreja — para dar aos pobres, e por isso contam com seu apoio.

Robin tem um romance com a nobre Lady Marian, sobrinha do rei Ricardo Coração de Leão, que está nas Cruzadas. Após muitas desventuras, o xerife de Nottingham acaba derrotado pelo bom ladrão. 

Essa é uma colagem moderna de histórias escritas ao longo dos séculos, mas a maioria delas veio depois da Idade Média. A julgar pelas histórias mais antigas, o Robin medieval era uma figura bem menos inofensiva.

A mais antiga balada conhecida, que data de 1450, é Robin Hood and the Monk. Nela, Robin deseja assistir a uma missa, apesar do perigo de ser visto na cidade. Era um grande devoto da Virgem Maria. 

Ele e Little John vão a Nottingham para visitar a igreja. No caminho, fazem uma aposta de tiro ao alvo, que Robin perde.

Sem nenhum espírito esportivo, o líder começa uma briga, e eles se separam. Durante a missa, um monge reconhece o ladrão, que o havia atacado antes, e avisa o xerife. Assim, Robin vai preso. O monge viaja até a capital para levar a notícia ao rei, acompanhado por um pajem, isto é, uma criança serviçal.
 
O bando de Robin, liderado por Little John, intercepta os dois na estrada, e trucida sem cerimónia tanto o religioso quanto seu acompanhante. 

Levam a carta ao rei eles mesmos. 

Feliz com a notícia da captura, o monarca enche-os de presentes e manda-os de volta com outra carta, ordenando trazer o prisioneiro.

Com isso em mãos, eles conseguem entrar na prisão para resgatar o Robin. Ainda assim, acabam matando um carcereiro. 

Impressionado com a façanha, Robin declara que Little John deveria ser o chefe. Ele ele se recusa, ajoelhando-se humildemente diante do mestre. Ouvindo notícias de tamanha lealdade, o rei deixa passar o incidente.

Na balada, como em várias outras dos séculos 15 e 16, não há nenhuma referência a tirar dos ricos para dar aos pobres. 

Também ainda não haviam sido introduzidos Frei Tuck e Lady Marian, nem é dado nome ao rei. 

O que surgem são temas bem medievais, como devoção religiosa, lealdade e submissão aos superiores. Nos séculos 15 e 16, as histórias começam a ser refinadas e Robin passa a confiar mais na astúcia que na violência. 

OS HOMENS ALEGRES

Robin Hood
Nos contos medievais, é extremamente cabeça-quente e violento, não era nobre, nem tinha um interesse romântico.


Little John
O nome é irónico, pois tinha mais de 2 metros de altura, Segundo em comando, era menos bruto e mais inteligente nas histórias antigas.



Frei Tuck
O religioso que se junta aos rebeldes nem sempre foi gordo e fanfarrão; era às vezes retratado como um guerreiro competente e em forma.


Mulch

O filho do moleiro entra para o bando quando é apanhado caçando ilegalmente. É ele quem acaba matando o pajem na balada do monge.

Will Scarlet
Sobrinho de Robin, retratado como o mais bem vestido e vaidoso.


Lady Marian

Longe de ser uma donzela indefesa, nas histórias medievais ela se junta ao bando após lutar com Robin.


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