Em conferência de imprensa, a governadora Kathy Hochul garantiu que o escritor “está vivo” e a receber “os cuidados necessários”. O agente do autor confirmou entretanto à Reuters que Salman Rushdie está a ser operado.

Salman Rushdie estava a ser introduzido para discursar na Instituição Chautauqua quando, segundo a imprensa norte-americana, foi esfaqueado entre 10 a 15 vezes, uma delas no pescoço. O homem que o atacou foi travado por um agente da polícia e detido pelas autoridades, avançou também a polícia de Nova Iorque. O anfiteatro onde o autor iria discursar está sob cordão policial — ninguém entra, ninguém sai.

Antes da conferência de imprensa, a governadora Kathy Hochul reagiu ao ataque e agradeceu aos polícias a intervenção dos agentes da polícia e dos socorristas após o ataque. “Os nossos pensamentos estão com Salman e os seus entes queridos após este evento horrível. Ordenei a Polícia Estadual para ajudar como for necessário na investigação!, escreveu no Twitter.

Salman Rushdie é autor de obras como “Grimus”, em 1975, “Os Filhos da Meia Noite” — que lhe valeu o Booker Prize, em 1981, o Booker of Books, em 1993, e o Best of the Booker, em 2008 — e “Versículos Satânicos” (1988), com que ganhou maior popularidade. O livro foi considerado uma afronta “contra o Islão, o Profeta e o Alcorão” pelas autoridades iranianas.

Aliás, a 14 de fevereiro de 1989, Salman Rushdie soube pela comunicação social que tinha sido condenado à morte pelo aiatolá Khomeni. Desde então que vive na clandestinidade, mudando regularmente de país. O conteúdo dos seus livros têm-lhe valido várias ameaças de morte ao longo da carreira. Salman Rushdie tem origem muçulmana indiana (nasceu em Mumbai) e tem nacionalidade britânica.

Um ano depois de “Versículos Satânicos” ter sido considerado um livro “blasfemo” no Irão, que o baniu em 1988, o aiatolá Ruhollah Khomeini emitiu uma fátua a apelar à morte de Salman Rushdie. Quem tirasse a vida ao escritor receberia uma recompensa de quase 3,2 milhões de euros — um valor que foi atualizado em 2012 em relação aos 2,7 milhões que se praticavam até essa altura.

O autor tem uma visita agendada à Livraria Lello, no Porto, a 17 de setembro para conversar com a jornalista Isabel Lucas.