segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

O ESQUECIDO RELÓGIO DO DEFENSOR DO TEMPO


 


Quem passear no Quartier de l'Horloge, em Paris, se surpreenderá ao encontrar, à altura do número 8 da rua Bernard de Clairvaux, com uma enorme e estranha escultura suspensa na parede de uma das casas. É o "Defensor do Tempo", um autômato de quatro metros de altura e aproximadamente uma tonelada de peso. Desenhado pelo escultor Jacques Monestier, foi inaugurado pelo então prefeito Jacques Chirac em outubro de 1979 como parte dos trabalhos de transformação da cidade ao norte do Centro Georges Pompidou. A intenção era fazer desse o relógio público oficial da capital francesa.


O esquecido relógio do Defensor do Tempo

O autômato é uma escultura formada por um grupo de figuras alegóricas que representam o tempo, defendido por um personagem antropomorfo do trio de bestas fantásticas que o ameaçam por terra (dragão), ar (ave) e mar (crustáceo). O defensor situa-se sobre uma rocha armado com uma espada e um escudo. E a sua esquerda há uma enorme esfera metálica que faz as vezes de relógio propriamente dito.

Cada uma atacava o defensor a esmo entre as 9 e as 22 horas, e os três animais atacavam juntos três vezes ao dia, às 12, 18 e 22 horas. A luta era anunciada com três badalos, e enquanto esta se desenvolvia era possível escutar o rugido das ondas, a trituração da terra ou o assovio do vento, dependendo do animal que atacasse.

O esquecido relógio do Defensor do Tempo

Para não incomodar o sono dos vizinhos o relógio só funcionava durante o dia. Na origem era controlado por uma placa eletrônica de quartzo com seis temporizadores, e os sons procediam de cinco fitas magnéticas, que em 1995 foram substituídas por um reprodutor de CDs.

Lamentavelmente desde 2003 já não funciona, em parte por falta de fundos para sua manutenção, mas talvez também devido às queixas dos vizinhos, que se viam sobressaltados pelo crepitar da batalha várias vezes ao dia.

Em janeiro de 2014 uma associação cultural parisiense começou a arrecadar doações para voltar a restaurá-lo, ainda que, ao que parece, não teve muito sucesso. De modo que o Defensor do Tempo segue ali, esquecido e imóvel, esperando que possa salvaguardar o tempo algum dia.


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