segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Nauru, o país que consumiu a si próprio


 

Nauru é uma ilha situada no Oceano Pacífico, na Micronésia, a uns 300 quilômetros ao Leste do Kiribati. É a menor ilha do mundo que é independente, com tão só 21 quilômetros quadrados. Pertenceu a Alemanha durante o século XIX, depois foi ocupada pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial, e finalmente conseguiu a independência em 1968 depois de ser administrada pelas Nações Unidas. É uma das três ilhas do Pacífico, junto com Kiribati e Makatea, que é composta quase em sua totalidade de fosforite, uma rocha sedimentar com alto teor de minerais fosfatados.


Nauru, o país que consumiu a si próprio

Quase toda sua superfície esteve antigamente coberta de guano, que foi se acumulando durante milênios. O alto conteúdo em fósforo desse guano sedimentado o torna ideal para seu uso em fertilizantes e explosivos. De modo que desde 1907 a ilha foi um importante exportador de fosfato, com uma atividade mineira que se transformou no principal sustento da ilha.

Os depósitos mineiros terminaram na década de 1980, no entanto. Durante as duas décadas anteriores Nauru teve a honra de ser o estado soberano com uma das maiores rendas per capita do mundo. Mas uma vez esgotada a mineração, e ante a impossibilidade de instaurar uma indústria turística rentável devido à contaminação do solo pelas atividades mineiras, os nauruenses se dedicaram a outras atividades menos usuais.

Nauru, o país que consumiu a si próprio

Nos anos 90 Nauru tentou sobreviver como um paraíso fiscal, frequentemente usado para lavar dinheiro ilegal. Inclusive era possível obter uma licença bancária por alguns poucos milhares de dólares, sem perguntas. No entanto, diante da pressão internacional, o governo local acabou com essas práticas.

O governo nauruano supostamente fez um acordo secreto com os governos dos Estados Unidos e da Nova Zelândia para encerrar seu problemático sistema bancário, interromper a impressão e venda de passaportes, estabelecer um posto de escuta no Pacífico e uma embaixada na China em troca de milhões de dólares. Os nauruenses afirmam que o governo dos Estados Unidos nunca cumpriu sua parte no acordo e o processou em um tribunal australiano.

Nauru, o país que consumiu a si próprio

Entre 2001 e 2008 albergou um centro de detenção de imigrantes australianos, graças ao acordo realizado com este país. Ma o acordo logo foi cancelado quando dois requerentes de asilo se incendiaram para protestar contra as condições de sua detenção.

Na atualidade a situação é tão complicada que o governo de Nauru não tem dinheiro nem sequer para desenvolver algumas das funções mais básicas do governo. Por exemplo, o Banco Nacional de Nauru está quebrado e é insolvente.

Nauru, o país que consumiu a si próprio

Em Nauru não há impostos, a taxa de desemprego é estimada em 90%, e a maior parte dos empregos estão associados a tarefas de governo. O número de habitantes está em torno de 10.000 pessoas. O país depende hoje em dia da ajuda exterior para sobreviver.

A taxa de alfabetização atinge 96%, e os nauruenses, uma vez os mais ricos do mundo), têm hoje a duvidosa honra de serem os mais obesos do mundo. 90% da população padece de obesidade, e 40% tem diabetes, com o que Nauru atinge a taxa mais alta do mundo nesta doença.

Quase 80% da superfície de Nauru ficou inutilizada por causa das jazidas de mineração, e só uma fina faixa de uns 150 metros de largura é fértil. Toda a população depende de apenas uma dessalinizadora de água.

É triste, mas também é o exemplo do que ocorre quando a um país consome todos os seus recursos naturais. Internacionalmente o país é hoje conhecido como "República de Nauru - O país que comeu a si próprio."


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