sábado, 13 de novembro de 2021

Aniversário de José Saramago assinalado na Azinhaga com plantação de 99.ª oliveira


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 A aldeia natal do Nobel da Literatura José Saramago vai assinalar, na terça-feira, a data em que o escritor faria 99 anos com a plantação da 99.ª das “100 oliveiras para Saramago” que estão a ser plantadas na Azinhaga, Golegã.

A Fundação José Saramago, que tem um polo na Azinhaga, concelho da Golegã, distrito de Santarém, inicia na próxima terça-feira, 16 de novembro, dia em que se assinala o 99.º aniversário do nascimento do escritor, as celebrações do seu centenário com a plantação da 99.ª oliveira, das 100 que decidiu plantar na aldeia natal de Saramago.

“A ideia seria, recuperando um pouco a mágoa que o próprio José Saramago várias vezes referiu, pelo facto de na Azinhaga já não existir o olival e as oliveiras como ele tinha conhecido em criança, que seria bonito a celebração do seu centenário com a existência de cem oliveiras plantadas em sua homenagem”, disse à agência Lusa a curadora da Fundação José Saramago responsável pelo polo da Azinhaga, Ana Matos.

Apresentado à Câmara da Golegã e à Junta de Freguesia da Azinhaga, em 2019, o projeto foi apadrinhado por um agricultor da região, Manuel Coimbra, que “prontamente ofereceu 100 oliveiras com algum porte”, disse.

Nos últimos dois anos foram plantadas 98 oliveiras, na sua maioria concentradas numa das ruas principais da aldeia, a rua Vítor Guia, e outras espalhadas pela aldeia, com a 99.ª a ser plantada na terça-feira, assinalando o início das celebrações do centenário.

Cada uma das oliveiras receberá o nome de uma personagem saramaguiana, depois de ser acertada com o município da Golegã a forma como essa designação será representada, sendo a proposta a da inscrição no pavimento, adiantou Ana Matos.

A centésima oliveira será plantada no dia 16 de novembro de 2022, data em que Saramago faria 100 anos, e a árvore receberá o nome da sua avó materna, Josefa.

Também na terça-feira acontecerá a iniciativa “Leituras Centenárias”, resultante de um desafio lançado pelo Comissariado do Centenário às escolas “um pouco por todo o país”, mas também em Espanha e na América Latina, acrescentou.

Em mais de uma centena de escolas portuguesas, entre as quais as do Agrupamento de Escolas da Golegã, Azinhaga e Pombalinho, alunos do ensino básico vão ler, em simultâneo, a partir das 10:00, o conto “A Maior Flor do Mundo”, numa iniciativa que junta a Fundação José Saramago, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.

No Brasil, de acordo com a embaixada portuguesa, também a partir das 10:00, a iniciativa mobiliza escolas de Brasília, Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Recife, Fortaleza, Curitiba e Porto Alegre, assim como nas localidades de São Jerónimo, em Rio Grande do Sul, e de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.

A Embaixada de Portugal e a rede de consulados portugueses, no Brasil, instituições universitárias e escolares brasileiras, o Camões – Centro Cultural Português em Brasília e a Feira Literária de Poços de Caldas (Flipoços) abrem, por seu lado, as suas redes sociais à transmissão das sessões de leitura, associando-se assim ao projeto da Fundação José Saramago.

“A Maior Flor do Mundo” faz parte do currículo escolar do 4.º ano do Ensino Básico, em Portugal, e do Ensino Fundamental do Brasil.

Paralelamente, em Portugal, os alunos da escola Mestre Martins Correia, na Golegã, vão inaugurar uma exposição de desenhos, intitulada “Retratos”.

Ao longo do dia de terça-feira, as sete bibliotecas da Rede de Bibliotecas José Saramago, em Almada, Avis, Beja, Leiria, Loures, Montemor-o-Novo e Odemira, promovem diversas atividades, estando marcadas para as 18:00 leituras encenadas, maratonas de leitura, leituras pelas redes sociais, entre outras.

A sessão de abertura do Centenário está marcada para as 20:00, no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, com a escritora Irene Vallejo, que lerá um “Manifesto pela Leitura”, seguindo-se um concerto pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Pedro Neves.

O programa do concerto é composto por “As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz”, de Joseph Haydn, com leitura de textos de José Saramago pela atriz Suzana Borges, numa parceria da Fundação José Saramago com a Câmara Municipal de Lisboa.

Ana Matos salientou que, além das atividades que estão a ser preparadas pela Fundação José Saramago, com “muito do cunho do pensamento” do comissário para as comemorações do Centenário, Carlos Reis, há um conjunto de iniciativas que estão a surgir “de uma forma muito espontânea, muito autónoma”, da sociedade civil, das escolas, de associações, que vão de leituras, a apresentações de peças de teatro, a exposições de artes visuais.

Afirmando ser com “alegria” e “comoção” que a Fundação recebe essas iniciativas, Ana Matos considerou-as “um sinal da força maior que o José Saramago ainda hoje continua a representar, não só pela sua literatura, mas também pelo seu pensamento”.

A programação do Centenário pode ser consultada em: www.josesaramago.org.

MLL // MAG

Lusa/Fim

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