quarta-feira, 11 de agosto de 2021

O “pequeno Tibete português”: descubra a aldeia de Sistelo

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A aldeia de Sistelo, vencedora nacional das “7 Maravilhas de Portugal”, na categoria de Aldeia Rural, viu distinguida a sua originalidade e encanto em 2017. Situada às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, junto da nascente do rio Vez, é apelidada por muitos como o "pequeno Tibete português".

Sistelo guarda ainda toda a beleza rural ancestral e tem nos seus fabulosos socalcos uma marca identitária, única em todo o país. Moldados durante centenas de anos pela mão humana, são o ex-líbris da povoação e verdadeiras representações do convívio secular entre o Homem e a Natureza.

Os socalcos do "pequeno Tibete português" moldam o rosto de Sistelo

Os socalcos de Sistelo representam a forma inteligente de obter rendimento agrícola e pecuário, construídos para tornarem as terras mais produtivas, guiando a água para as mesmas através de levadas ou regadios. Foram esculpidos durante gerações e gerações, sendo cenário da criação das conhecidas raças autóctones de vacas Cachena e Barrosã.

Esses socalcos que compõe o cenário do "pequeno Tibete português" permitiam, assim, que os aldeões conseguissem tirar os seus produtos desta terra bastante fértil, na forma de agricultura de subsistência, onde o cultivo do milho ocorre já desde o século XVI, por exemplo.

Eles serviram ainda para moldar as construções que se amontoam num centro e outras, mais solitárias, espalhadas pelos montes. A zona central da povoação guarda uma forte memória dos ritmos de outrora, com um foco de espigueiros, uma fonte, um típico casario, e a singular Casa do Castelo de Sistelo, edificada em meados do século XIX.

Da excecionalidade à desertificação das terras

A excecionalidade e elevado valor patrimonial de Sistelo conduziram a um processo de classificação de “Paisagem Cultural”. Assim, em dezembro de 2017, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o decreto que classifica como monumento nacional a paisagem cultural da Aldeia de Sistelo.

Vista aérea da aldeia de Sistelo

Vista aérea da aldeia, "abraçada" por socalcos.

Fotografia de Eduardo Pimenta



Vista do território da aldeia de Sistelo por entre os verdejantes socalcos.


O esplendor dos socalcos, que quase parecem de um mundo encantado. 

FOTOGRAFIA DE EDUARDO PIMENTA




Este foi o primeiro reconhecimento do género a ser atribuído em Portugal, justificado no decreto o facto da Paisagem Cultural de Sistelo ser composta por um espaço natural de superior qualidade paisagística, ao qual se soma um notável património etnográfico e histórico cuja preservação e autenticidade é fundamental garantir.

Atualmente, tal como se verifica em tantas outras aldeias, este "pequeno Tibete português" sofre com a desertificação, embora mantenha todo o seu viver tradicional. Durante a sua passagem, deixe-se envolver neste ambiente que mistura as montanhas e os socalcos esverdeados, com as águas calmas do Vez.

Descubra o "pequeno Tibete português"

Pode começar por visitar o local onde viveu o Visconde de Sistelo, o Castelo, que é um palácio que remonta ao século XIX. Passeie pelas ruas do "pequeno Tibete português", desfrute da praia fluvial no verão, faça um piquenique e descubra a Ecovia, que passa junto ao rio.

Se procura um miradouro, suba até Estrica e tenha uma das mais bonitas vistas panorâmicas da região. É comum encontrar, pelo caminho, muitos animais a pastar, e estes já estão habituados aos transeuntes e a "posar" para as fotografias.

Observe ainda o lavadouro, a Ponte Oitocentista, alguns moinhos abandonados, abrigos naturais antigos, antigas casas de guardas-florestais. Não se despeça desta aldeia sem antes fazer um trilho. Para isso, tem um passadiço perfeito para percorrer entre lagos de água e socalcos verdes, entre floresta densa e marcos históricos.

Ao longo do trilho pode ainda ver alguns dos pontos mais icónicos da região, como a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as Capelas de Santo António, São João Evangelista, Senhora dos Remédios e Senhora do Carmo e subir ao miradouro do Chã da Armada, para admirar a vista panorâmica.

Após o início do trilho em Sistelo, se passar pela aldeia de Tabarca e a casa do guarda-florestal da sobreira, vai cruzar o rio. Aí o cenário idílico rodeia os passadiços do Vez. No final do passadiço encontra o parque de merendas de Sistelo e pela região há vários alojamentos e turismos rurais, caso queira prolongar a sua visita.

O passadiço de Sistelo, integrado na Ecovia do Vez

Ainda sem sair do "pequeno Tibete português", conheça o passadiço de Sistelo, com cerca de dez quilómetros, que é integrado na Ecovia do Vez. A Ecovia, uma das mais populares a norte do país, e com quase 40 quilómetros, oferece três percursos entre o Rio Lima, na aldeia de Jolda S. Paio, até à aldeia de Sistelo.

Passadiço de Sistelo

O passadiço de Sistelo, entre a Ponte de Vilela e a aldeia, é um dos percursos imperdíveis da região.

Fotografia de Eduardo Pimenta

O percurso do passadiço, da Ponte de Vilela até à aldeia de Sistelo, ou o inverso, é já conhecido por quem gosta de fazer caminhadas, mas continua a ser um mistério para a maioria dos portugueses.

Num total de 10.266 metros para cada lado, ao longo de trilhos pelas margens do rio, o percurso dura entre três a quatro horas e é considerado um trajeto de dificuldade média, com algumas subidas e descidas acentuadas. Existem três paragens que permitem banhos nas lagoas do rio Vez.

O concelho de Arco de Valdevez e a Ecovia do Vez, onde se insere o passadiço de Sistelo, fazem parte da Reserva Mundial da Biosfera. Estas reservas são definidas pela UNESCO como laboratórios vivos da conservação de paisagens, ecossistemas e espécies e plataformas de investigação, monitorização, educação e sensibilização.

O Rio Vez e o Rio Lima também estão integrados na lista de Sítios de Importância Comunitária da Rede Natura 2000, pela importância e raridade da sua fauna e flora.

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