quinta-feira, 12 de agosto de 2021

É DE PERCEBER PORQUE CHAMAM AO SOARES O "PAI DA DEMOCRACIA"













 É DE PERCEBER PORQUE CHAMAM AO SOARES O "PAI DA DEMOCRACIA"

Neste dia, a 11 de Agosto de 1975, a revista TIME lançou uma edição intitulada de "Red Threat in Portugal" (Ameaça Vermelha em Portugal) com uma foice e um martelo e retratos de Otelo Saraiva de Carvalho (à esquerda), Vasco Gonçalves (ao centro) e Costa Gomes (à direita).
Otelo era o líder do COPCON (Comando Operacional do Continente, uma fação de esquerda das Forças Armadas), Vasco Gonçalves era o primeiro ministro simpatizante do PCP e Costa Gomes era o Presidente da República, um general centrista e 'conciliador'.
Após a revolução do 25 de abril de 1974, Portugal entrou num processo de profunda transformação revolucionária, com trabalhadores rurais e urbanos a tomarem controlo das fábricas e campos, e que durou cerca de um ano e meio, até à contra revolução, a 25 de Novembro de 1975.
Durante o processo revolucionário, foram formados 6 governos provisórios, houve 2 tentativas de golpe de estado, 2 presidentes da república, e uma série de jogadas políticas que influenciaram o rumo do país.
Na altura que a TIME lançou esta edição, Vasco Gonçalves havia então formado o 5º governo, o mais radical de todos e que, no seu curto tempo de existência, se mostrou favorável às ansias e lutas da classe trabalhadora.
Nas 10 páginas do artigo da TIME, é possível observar a mais refinada propaganda da época, que contemplava Mário Soares, líder do PS (financiado pela CIA e pela Alemanha Ocidental), como o salvador de Portugal que impediria o país de cair numa "ditadura comunista" enquanto apontava Otelo Saraiva de Carvalho como um "homem forte ao estilo da América-Latina" e Álvaro Cunhal, líder do PCP, como um mero fantoche stalinista soviético.
Simultaneamente, o artigo chorava a fuga de banqueiros e senhores industriais que, em cooperação com o regime fascista, anteriormente exploravam com punho de ferro tanto a classe trabalhadora portuguesa como os povos coloniais.
Poucos meses depois deu-se o 25 de Novembro de 1975, uma contra revolução liderada por oficiais "moderados" e apoiada pela extrema-direita terrorista, pela direita moderada, e pelo Partido Socialista, que pôs fim ao processo revolucionário, restaurou a posse das terras, bancos e industrias aos antigos latifundiários e monopolistas, e instaurou a atual democracia burguesa.

História da classe trabalhadora (twitter)

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