quarta-feira, 11 de agosto de 2021

A ARTE DA EMPREITA JÁ FOI RAINHA E RESPONSAVEL PELO PÃO NA MESA DE MUITOS ALGARVIOS AGORA ESTÁ PRÁTICAMENTE EXTINTA NO ALGARVE


 




Empreita - artesanato de palma

A empreita de palma é uma das principais formas de artesanato do Algarve. Já foi uma actividade com bastante peso no orçamento de muitas famílias do Barrocal Algarvio, hoje em dia, embora ainda seja um tipo de artesanato representativo, já não tem a importância de outrora. Este tipo de artesanato era tradicionalmente um trabalho feminino efectuado principalmente, quando não havia trabalho no campo, funcionava como que um complemento no trabalho das mulheres.
Artesãs de empreita

A empreita é uma fita entrançada, feita de palma que são as folhas de uma espécie de palmeira anã da região, com ela são efectuados diversos objectos. Inicialmente esta matéria-prima provinha do interior do Algarve, crescia nos matos do Barrocal, posteriormente devido à escassez desta planta, começou a ser importada do sul de Espanha.
Palmeira (PALMA SELVAGEM)

Este tipo de artesanato surgiu das necessidades ligadas aos trabalhos dos campos, era necessário ter recipientes para embalar e transportar os produtos agrícolas. Assim, existem uma variedade de objectos e utensílios ligados à agricultura: alcofas, cestos, gorpelhas, esteiras, ceiras, … etc.
Alcofa utilizada nos trabalhos agrícolas e bolsa para transportar os alimentos para o campo


Mais tarde a empreita passou a ser utilizada no fabrico de objectos do quotidiano: chapéus, vassouras, vasculhos, capachos, tapetes, abanos, bases para a mesa, fruteiras, sacos diversos, revestimentos para garrafas e garrafões de vidro e até a estrutura de berços de bebé era feita com empreita.
Base para a mesa
Fruteira

Actualmente, a empreita é utilizada quase exclusivamente com finalidades decorativas sendo uma das atracções turísticas do Algarve.
O fabrico dos objectos em empreita divide-se em várias fases:
- Em primeiro lugar é preciso preparar as folhas de palma (fervas de palma). A palma ou era colhida no mato e colocada a secar ao sol ou era comprada já seca.
Palma a secar

- Seguidamente é escolhida, pois a mais grosseira é para utensílios menos exigentes, a outra é tratada.
- A palma é então molhada para que seja mais fácil manuseá-la.
- A fase seguinte é enxofrar a palma, processo para clarear a palma através de um banho de vapores de enxofre. O enxofre é colocado a arder num recinto fechada junto da palma, este processo dura pelo menos um dia.
- Depois é rachada que é o processo em que se separam as folhas.
Um "olho" de palma rachada e outro ainda não rachado

- Se as folhas são muito largas, ripa-se para que as fitas fiquem quase uniformes.
- Por vezes utiliza-se alguma palma tingida, para produzir efeitos artísticos nos objectos, esse tingimento é obtido passando a palma por um banho de água quente onde se depositou a tinta.
- Depois de enxofrada e pintada a cada “olho” de palma corta-se o pé para soltar as folhas.
- Com a palma assim preparada, e depois de molhada, começa-se então a fazer uma comprida fita entrançada.

- Esta empreita que costuma ser medida às "braças" é enrolada e pode ser novamente enxofrada.
- Posteriormente, com a ajuda de uma agulha de cobre, a empreita é cosida com folhas finas de palma molhada para ficar mais flexivel, ou com baracinhas. As baracinhas são um fino cordão feito com palma enrolada.
- Depois de o objecto adquirir forma são necessários acabamentos: o debruar para rematar o bordo do objecto, as asas quando necessário que são feitas em baracinhas, finalmente cortam-se as pontas de palma que ficam a sobressair e está pronto.
Saco de empreita


Base para a mesa

Tapete e vários sacos em empreita na Feira do artesanato de Quarteira




Abanos e outros utensíliosDiversos tipos de sacosSacos, capacho e vassoura


VÍDEO




fotos




agulhas pasa coser empreita (em cobre) 








algarvepontosdevista.blogspot.pt

Empreita de Palma no Barrocal Algarvio





Em visita a uma das Feiras de Artesanato de Tavira, encontrámos a simpática artesã algarvia Maria Odete Carmo, que já trabalha na arte da Empreita de Palma (também utiliza outros materiais) desde os seus 10 anos de idade. Ensinada por sua mãe, esta artesã tem trabalhado durante toda a vida nesta arte, na qual dá formação, dando o seu contributo para que nunca se perca esta actividade tradicional algarvia.

As suas fantásticas peças de empreita (desde cestaria a bases para tachos, capachos com e sem cores, entre outros) podem ser encontrado em feiras de artesanato e em lojas.

Dado que se trata de uma actividade em vias de extinção, decidimos investigar sobre esta arte tão antiga e tão algarvia…

A empreita de Palma é uma actividade tradicional bastante antiga e predominante no Algarve, mais propriamente no Barrocal Algarvio.

Sendo tradicionalmente um trabalho efectuado por mãos femininas e apenas quando não havia trabalho no campo (era apenas um complemento), a empreita surgiu devido à necessidade de embalar figos, amêndoas e alfarrobas para o seu transporte.

Surgem então as alcofas, os cestos, as gorpelhas, as esteiras, as ceiras,… Mais tarde, criam-se objectos para utilização no quotidiano, tais como os chapéus, as vassouras, os  vasculhos, os capachos, os tapetes, os abanos, as bases para os tachos, sacos diversos, revestimentos para garrafões e garrafas de vidro, entre outros.

A empreita não é mais do que uma fita de palma entrelaçada. A folha de palma é proveniente de uma espécie de palmeira anã que crescia nos matos do Barrocal. Posteriormente, devido à escassez da planta, começou a ser importada do sul de Espanha.

Para executar qualquer peça em folhas de palma, é necessário preparar as folhas (ou fervas) de palma: ou eram colhidas no mato e colocadas ao sol a secar, ou compravam-nas já secas.

Depois, são escolhidas consoante a utilidade: as mais grosseiras são para utensílios menos exigentes, a outra é tratada. A palma é molhada para facilitar o seu manuseamento.

Na fase seguinte, enxofra-se a palma através de um banho de vapores de enxofre para que se possa clarear. Quando as folhas são muito largas, ripam-se para que fiquem uniformes.

Para produzir efeitos artísticos nos objectos, tingem-se as palmas, passando as mesmas por um banho de água quente com a cor pretendida. Nesta fase, corta-se o pé para soltar as folhas.

A palma está pronta para se fazer uma fita comprida e entrelaçada. Com a ajuda de uma agulha de cobre, a empreita é cosida com finas folhas de palma molhadas (para dar mais flexibilidade), ou com baracinhas (que é um fino cordão executado com palma enrolada).

O objecto ganhou forma, agora passa-se à fase dos acabamentos! É necessário debruar para rematar o bordo do objecto, efectuar as asas (quando necessário) que são feitas de baracinhas, cortam-se as pontas da palma que ficam a sobressair e o trabalho está terminado!

Hoje em dia, a empreita é apenas um tipo de artesanato representativo e uma das atracões turísticas do Algarve, não tendo mais a importância de outrora. É muito utilizada com finalidades decorativas.











































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