segunda-feira, 28 de junho de 2021

Fecho-relâmpago de escolas no Algarve. ARS: "Gostávamos de ter avisado mais cedo"

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A decisão chegou no domingo, ao final da tarde, e obrigou cinco municípios do Algarve a fechar as escolas do 1.º e 2.º ciclo com poucas horas de antecedência. Antes, Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e São Brás de Alportel já tinham registado pelo menos 78 alunos infetados, situação que colocou em isolamento mais de 1.300 alunos de 52 turmas. 

Agora todas as escolas encerram, numa altura em que a região algarvia já ultrapassou Lisboa em termos de incidência.

Escola E.B. 2,3 Dr. Neves Júnior, em Faro

Escola E.B. 2,3 Dr. Neves Júnior, em Faro André Guerreiro/Correio da Manhã


Desde o início do mês, o número de novos casos de covid-19 no Algarve quintuplicou e a região regista agora mais de 300 casos por 100 mil habitantes - acima do limite de incidência de 240 e mais do triplo do que registava há duas semanas.

Os primeiros sinais tinham surgido pouco antes: o R(t) da região ultrapassou a fasquia de 1 no início de junho, a meio do mês já estava entre 1,10 e 1,20 e a última atualização registava um índice de transmissibilidade de 1,34 - o valor mais alto desde 1 de janeiro, altura em que os casos voltaram a aumentar em Portugal e se iniciou a terceira vaga da pandemia.




Este domingo, e "com base no princípio da precaução", a Autoridade de Saúde Regional do Algarve (ARS-Algarve) determinou a suspensão das aulas presenciais do 1º e 2º Ciclos de todos os Agrupamentos de Escolas, de ensino público e privado, em cinco municípios algarvios (Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e São Brás de Alportel) durante 12 dias, ou seja, até ao final da próxima semana, com a situação a ser revista no dia 9 de julho.

A decisão foi divulgada às escolas através da Direção Regional de Educação do Algarve, e de um comunicado publicado às 18h de domingo, dando cerca de 15 horas aos agrupamentos algarvios para se preparem para encerrar os estabelecimentos de ensino onde já 1.323 alunos tinham sido enviados para casa, ou por estarem infetados ou para ficarem em isolamento.

Covid-19: Aulas presenciais do 1.º e 2.º ciclos suspensas em cinco municípios do Algarve

À SÁBADO, a delegada regional de saúde, Ana Cristina Guerreiro, explica que a decisão começou a ser preparada "no sábado de manhã". "Todo o processo necessita de harmonização com várias estruturas, quer de educação, quer da autoridade de saúde até ao nível nacional e, portanto, leva o seu tempo. Gostaríamos de ter anunciado mais cedo no domingo, mas foi no momento em que nos foi possível."

Os critérios por detrás da decisão foram as incidências da covid-19, que são mais elevadas nestes cinco municípios. Segundo o último relatório da DGS com informação sobre concelhos, divulgado na sexta-feira passada e com dados referentes a última quarta-feira, dia 23 de junho, Albufeira era dos municípios com maior incidência do país (494 casos por 100 mil habitantes), mas os dados da ARS Algarve até à meia-noite de sábado colocam a taxa de incidência do concelho já nos 583 casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas.

Os outros quatro municípios também dispararam na incidência em apenas três dias: Loulé passou de 287 para 448 casos por 100 mil habitantes, Olhão de 245 para 403, Faro de 190 para 329 e São Brás de Alportel de 230 para 326 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.





Lagos não fecha escolas por ser de uma sub região diferente

Este conjunto de cinco municípios foi escolhido também por ser o Agrupamento de Centros de Saúde do Central (ACES Central), com a ARS Algarve a considerar "importante" tomar a medida de fechar escolas para conter a situação pandémica na região.

Foi também por esta razão que, por exemplo, o concelho de Lagos, que no último relatório da DGS registava uma incidência da pandemia superior a Faro ou São Brás de Alportel, com 237 casos por 100 mil habitantes, uma "decisão das autoridades de saúde locais", afirma Ana Cristina Guerreiro.

Para a delegada de saúde regional, Lagos é um "caso pontual" inserido num ACES - o Agrupamento de Centros de Saúde do Barlavento - que não tem mais nenhum município com taxas de incidência equivalentes.

Mas a verdade é que, dos sete concelhos do ACES (Aljezur, Lagoa, Lagos, Monchique, Portimão, Silves e Vila do Bispo), quatro, ou seja, a maioria, tem uma incidência acima dos 120 casos por 100 mil habitantes - Portimão, Lagoa e Silves, além de Lagos.

Escolas surpreendidas com "decisão que ninguém estava à espera"

A medida, em vigor até ao dia 9 de julho, deixou surpreendidos os diretores de escolas. Carlos Luís, do Agrupamento de Escolas João de Deus, em Faro, que teve quatro escolas afetadas por esta decisão - EB 2, 3 Santo António, EB1 / JI Nº 4 de Faro, EB1 / JI de Areal Gordo e EB 1 da Ferradeira -, diz que "não foi preparado".

"Só soube ao final do dia. Eram 19h quando me foi enviado o e-mail da delegada regional de saúde. 

Foi completamente em cima do joelho", afirma à SÁBADO.

O responsável indica ainda que o agrupamento tem alguns casos de covid-19 esporádicos mas apenas uma turma em isolamento em todas as escolas.

Quanto às próximas duas semanas, Carlos Luís diz que serão "caóticas": "Os profissionais continuam a ter as aulas, as provas vão continuar a realizar-se, os exames também e obviamente que vamos outra vez voltar a uma situação que é de todo inusitada e que ninguém estava à espera neste momento. E que não se justifica atendendo ao adiantar do ano letivo. Faltam menos de duas semanas para terminar as aulas. Podia-se ter feito as coisas com um bocadinho mais de preparação."

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