sexta-feira, 30 de abril de 2021

Um Abril vietnamita


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As notícias que correm sobre o Vietname de 2021 falam de um país dinâmico e em franco crescimento, que, sob orientação do Partido Comunista, conseguiu controlar a propagação da pandemia de Covid-19 e proteger a economia. Recentemente, o Banco Asiático de Desenvolvimento destacava essa capacidade de resistência e projectava o maior crescimento económico entre os países da região do Sudeste Asiático.

No final de 2020, o Departamento Geral de Estatísticas (DGE) revelou que as transacções comerciais do país haviam registado uma subida de 5,1% face a 2019. As exportações cresceram e a balança comercial do Vietname registou um saldo positivo de 19,1 mil milhões de dólares, o mais alto nos últimos quatro anos.

O crescimento económico, a estabilidade, o combate à pobreza, que foram sendo alcançados aos longo dos anos, sobretudo após a implementação da «Doi Moi» (renovação), em 1986, só se tornaram realidade depois da luta de décadas contra o colonialismo, o imperialismo e a ocupação estrangeira.

A par das notícias relativas ao crescimento económico e à capacidade do país asiático para fazer frente à situação epidemiológica, a actualidade traz-nos outras que teimam em lembrar-nos da Guerra Americana – entre outras, as bombas por explodir, que todos os anos matam vietnamitas, ou as actividades que a Associação de Vítimas do Agente Laranja/Dioxina no Vietname leva a cabo para fazer frente às sequelas da utilização dessa substância pelos EUA durante a guerra.

Aos vietnamitas, é-lhes impossível «esquecer» a guerra. E, depois, há dias especiais que se querem lembrar, datas que, como dizia o cubano Hugo Ríus há uns anos, «assinalam feitos históricos e perduram para sempre na memória universal», como a Libertação do Sul e de Saigão, a 30 de Abril de 1975, que permitiu reunificar o país.

Para alcançar a soberania e a independência nacional, e se poder desenvolver e crescer, o povo vietnamita teve de levar a cabo uma longa luta de resistência contra o colonialismo francês – antes e depois da ocupação japonesa – e a agressão dos Estados Unidos, que teve início logo após a derrota imposta pelo exército de libertação nacional vietnamita, liderado por Vo Nguyen Giap, ao colonialismo francês na batalha de Dien Bien Phu, em 1954.

Em solo vietnamita, o imperialismo norte-americano sofreu a mais pesada derrota de sempre. Sob a direcção do Partido Comunista do Vietname e das forças patrióticas aglomeradas na Frente de Libertação Nacional – sob a liderança de Ho Chi Minh –, o povo vietnamita mostrou que a mais poderosa potência imperialista podia ser derrotada.

A imagem estampada do feito é a dos agressores a subirem apressados para os helicópteros e a dos tanques vietnamitas a irromperem pelo palácio presidencial adentro – hoje, Palácio da Reunificação, na Cidade de Ho Chi Minh.

Mas isto não se resume a uma «efeméride». O desejo de construir um país próspero e moderno não colide com o Abril vietnamita, que «perdura na memória universal». Ao invés, é na lembrança dos sacrifícios e na honra aos heróis e mártires que se fundam os alicerces do desenvolvimento.

Na cidade que tem o seu nome, Ho Chi Minh foi homenageado esta quinta-feira por uma delegação de autoridades liderada pelo secretário do Comité municipal do Partido Comunista, Nguyen Van Nen, que também percorreram os cemitérios dos mártires para honrar os que caíram na luta de libertação da pátria, revelou A Voz do Vietname.

No dia anterior, o Comité do Partido Comunista da Cidade de Ho Chi Minh promoveu um encontro com mães heroínas, bem como com oficiais e soldados que participaram na gesta de libertação em 1975.

Na ocasião, Nguyen Van Nen destacou precisamente o «espírito do 30 de Abril» como estímulo para cumprir a aspiração de construir um país desenvolvido e uma cidade moderna, onde «cada cidadão tenha consciência do seu dever para viver uma vida digna». «Os dirigentes, quadros, militantes do Partido e os sindicalistas devem ser exemplos na implementação desta tarefa», disse.

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