- O QUE ESTÁ EM CAUSA?Numa publicação com mais de mil partilhas no Facebook, a psicóloga Joana Amaral Dias divulga um excerto videográfico de um discurso do secretário-geral da ONU sobre o aproveitamento da pandemia de Covid-19 em alguns países no sentido de suprimir liberdades fundamentais e "vozes dissonantes". Este conteúdo foi denunciado como "fake news". O Polígrafo verifica.
"António Guterres será um perigoso negacionista? Um assanhado de extrema-direita? Será um toino das teorias da conspiração?" É desta forma que Joana Amaral Dias apresenta o vídeo em causa, publicado ontem na sua página no Facebook. Na respetiva caixa de comentários há quem a acuse de descontextualizar, manipular e deturpar afirmações de António Guterres. Aliás, o post foi denunciado como sendo falso ou enganador.
O Polígrafo analisou o vídeo e confirmou que se trata de um excerto de um discurso proferido pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em fevereiro deste ano, na abertura da 46ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, sobre as implicações de algumas medidas tomadas no âmbito da pandemia de Covid-19.
O vídeo não foi manipulado nem cortado propositadamente, mas apenas editado de forma a exibir algumas imagens de notícias. De facto, Guterres sugere que a pandemia está a ser instrumentalizada por alguns regimes ou governos - não nomeando especificamente a que países se referia - para suprimir "vozes dissonantes" e silenciar a informação independente.
Plano apresentado por Guterres contra o discurso do ódio pretende “silenciar opiniões dissidentes”?
Uma publicação na página "Notícias Viriato" está a acusar o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) de avançar com um plano para “silenciar as opiniões dissidentes”, naquilo que consideram ser um atentado à liberdade de expressão. Verdade ou falsidade?
"Utilizando a pandemia como pretexto, as autoridades de alguns países tomaram duras medidas de segurança e adotaram medidas de emergência para suprimir vozes dissonantes, abolir a maior parte das liberdades fundamentais, silenciar a comunicação social independente e dificultar o trabalho de organizações não governamentais", lamentou o secretário-geral da ONU, antigo primeiro-ministro de Portugal.
"As restrições ligadas à pandemia servem de pretexto para minar os processos eleitorais, enfraquecer as vozes dos opositores e suprimir as críticas. (…) Os defensores dos direitos humanos, jornalistas, advogados, ativistas e até profissionais de saúde têm sido sujeitos a detenções, processos judiciais, intimidação e vigilância por criticarem as medidas - ou a sua falta - tomadas para fazer face à pandemia", sublinhou Guterres.
Mais, o secretário-geral da ONU destacou que "a pandemia afetou desproporcionalmente mulheres, minorias, idosos, pessoas com deficiência, refugiados, migrantes e povos indígenas" e que "a pobreza extrema está a ganhar terreno".
Também denunciou o "nacionalismo das vacinas", afirmando que "mais de três quartos das doses de vacinas foram administradas em apenas 10 países, enquanto mais de 130 nações ainda não receberam uma única dose".
"Igualdade de acesso às vacinas é uma questão de direitos humanos, o nacionalismo das vacinas vai contra isso. As doses devem ser um bem de acesso público, acessível a todos", defendeu.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Verdadeiro" ou "Maioritariamente Verdadeiro" nos sites de verificadores de factos.
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