segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Fundador da Blackwater também quis levar o seu negócio sangrento para a Líbia

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Segundo peritos da ONU, Erik Prince, dono de empresas de mercenários e apoiante de Trump, ajudou o general Haftar a escapar ao embargo de venda de armas e tentou vender-lhe um plano de assassinato de inimigos.


Erik Prince. Pormenor de uma fotografia tirada numa conferência. Foto de Miller Center/Flickr.

Erik Prince. 


Erik Prince foi o fundador de uma das mais conhecidas empresas de “segurança privada” a trabalhar no ramo militar, a Blackwater. Depois da invasão do Iraque, em 2003, os seus mercenários marcaram presença neste cenário de guerra até que, em 2007, o escândalo rebentou quando alguns deles assassinaram mais de uma dezena de civis desarmados numa praça de Bagdade.

Depois disso, a empresa mudou de nome e de CEO. Prince é agora chefe da Frontier mas não mudou de ramo. Em meados de 2019 voltou a ser notícia quando tentou vender a Juan Guaidó um plano para invadir a Venezuela.

É notícia novamente agora noutro país. Segundo um relatório elaborado por monitores independentes das Nações Unidas entregue na quinta-feira ao comité de sanções para a Líbia do Conselho de Segurança, citado pela Reuters, Prince propôs ao general Khalifa Haftar, o homem forte de um dos lados da guerra civil líbia, um plano militar privado denominado “Projeto Opus” em abril de 2019.

No âmbito desta iniciativa, propunha-se, apesar do embargo à venda de armas para este país, providenciar helicópteros de assalto, aviões de vigilância, drones e vários outros tipos de material. Para além disso, pode ler-se no relatório, “o Projeto Opus também incluía uma componente de rapto ou de assassinato de indivíduos considerados alvos de grande valor na Líbia”.

O acordo entre as partes não terá corrido pelo melhor. Segundo os especialistas, a parte de venda de material terminou abruptamente em junho de 2019 quando Haftar não gostou dos aviões e “fez ameaças contra a equipa de gestão”. 20 mercenários acabaram por ser evacuados em barcos insufláveis na sequência do episódio.

Apesar de tudo, continua o relatório, em abril e maio de 2020 operacionais da empresa de Prince estavam de volta à Líbia para “localizar e destruir alvos de alto valor”. Mas, mais uma vez, a operação foi abortada por “preocupações de segurança”.

Erik Prince é um conhecido apoiante de Trump e irmão da sua secretária para a Educação, Betsy DeVos. Ao mesmo tempo que empreendia este projeto, noticiava o New York Times (link is external) estava envolvido num outro de espionagem interna que durou anos. Ajudava o grupo Project Veritas a recrutar ex-espiões americanos e britânicos para recolher informações sobre organizações contrárias à agenda conservadora, o que passou infiltrar campanhas democratas, sindicatos e outros grupos. Neste processo, por exemplo, a campanha de Abigail Spanberger na Virgínia foi infiltrada e Federação Americana dos Professores foi espiada, com ficheiros roubados e conversas gravadas.

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