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Os alfacinhas vão a banhos: praias de Algés e do Estoril
Nos alvores do século XIX, com o surgimento do comboio e dos eléctricos, os lisboetas aventuram-se numa ida até às praias nos arrabaldes da capital, sobretudo nos meses de Setembro e Outubro. De acordo com o escritor Ramalho Ortigão (1836-1915), os banhos de mar com fins terapêuticos são benéficos, mas são aconselhadas certas precauções, a saber:
« É importante que o banhista ao chegar à barraca, se dispa com a máxima rapidez, enfie um calção de malha de lã, se envolva numa capa ou n’um plaid [tecido de lã] e corra imediatamente para a água, desembuçando-se no momento da imersão.
Praia de Algés [1912] À beira-mar Joshua Benoliel, in AML |
As senhoras devem usar a touca de gutta-percha para não molharem o cabelo e quando não tenham a touca não lhes convém mergulhar a cabeça. Basta-lhes refrescar repetidamente a fronte e o alto do crânio com a mão molhada durante o tempo que estiverem na água. [...]
Depois do banho deve ser o corpo rapidamente friccionado com um lençol áspero até dar à pele uma cor rosada. [...]
Praia de Algés [1912] Na volta do banho e a caminho da barraca Joshua Benoliel, in AML |
Comer imediatamente depois do banho, no período da reacção, é inconveniente.
O mais salutar depois do banho é um exercício moderado, um passeio a pé, de meia hora, na praia, debaixo de um chapéu de sol, com o cabelo solto como usam as senhoras nas praias da Alemanha.» [1]
Praia do Estoril [1909] Nunca esquecer a touca de gutta-percha Joshua Benoliel, in AML |
[1](ORTIGÃO, Ramalho, As Praias de Portugal: Guia do Banhista e do Viajante, pp. 165-168)
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