terça-feira, 26 de janeiro de 2021

O «wishful thinking» da direita no momento da sua reconfiguração

 


Como aqui assinalou o João Rodrigues, citando Vítor Dias, o PSD e o CDS tentaram ontem apresentar os resultados das presidenciais como se de legislativas se tratasse, sugerindo que estes «mostrariam um país já maioritariamente voltado para a direita», como se estivesse em curso uma evidente mudança de ciclo político. 

Sucede, porém, que a sondagem realizada à boca das urnas pelo CESOP-UC, questionando os eleitores de domingo sobre como votariam se fossem eleições legislativas, não só não dá qualquer suporte a pensamentos desejosos nesse sentido como realça o enorme problema que estes partidos têm pela frente.


De facto, segundo a sondagem, e em linha com os exercícios que temos feito no blogue, não só a esquerda manteria a maioria dos assentos no parlamento (52% das intenções de voto), como a «direita convencional» (PSD e CDS-PP) teria uma queda substancial, passando dos 32% obtidos em 2019 para cerca de 25% das intenções de voto (isto é, menos 7 pontos percentuais face às legislativas). 

Ao contrário do que se passa à esquerda, em que os «novos partidos» (PAN e Livre) regridem ligeiramente face a 2019, as novas formações políticas à direita (IL e Chega), perfazem já cerca de 16% das intenções de voto, numa subida de 13 pontos percentuais face ao resultado obtido em 2019 (3%).

Pouco ou nenhum fundamento têm portanto o PSD e o CDS-PP para proclamar mudanças de ciclo e amanhãs que cantam, empoleirados na reeleição de Marcelo. 
E menos ainda quando, enfrentando uma crise pandémica sem precedentes, com os seus duríssimos impactos económicos e sociais, o Governo e o conjunto das esquerdas revelam, apesar de tudo, menores níveis de desgaste do que se poderia antever.

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