Guilherme Antunes in facebook
UMA GRACINHA, SÓ VOS DIGO
Casualmente, já madrugada fora, apanhei o patético “governo sombra” (o mais juvenil programa televisivo de direita) enquanto procurava o aconchego do sono que havia de me levar durante umas horas.
Foi convidada a versão serôdia da Calamity Jane, na pessoa da magistrada Mª José Morgado. Foi encantador ficar registo deste momento alto da democracia inteligente em que 4 intelectuais angelicais se desdobram em curvaturas e juras de agradecimento à representação, “in loco”, da justiça portuguesa; ela própria ali, de carne e osso.
Rapidamente a Zezinha mostrou ao que vinha, como faz sempre, aliás: Tratou logo o assunto principal que a faz elucubrar nos palcos da grande representatividade nacional.
Disse ela, para abrir o apetite ao caudal ininterrupto da luta de toda a sua vida, que quando foi presa pelo Copcon com mandado em branco, logo reflectiu (apenas a partir dali) que o «marxismo-leninismo não tinha validade nenhuma». Toma e vai-te curar.
Com a mesma irresponsabilidade que aceitava ser um matraquilho ao serviço da Cia e uma responsável destacada do grupo de provocadores amestrados de furiosos do mrpp, cedo se rebelou perante a tarefa de denegrir a modernidade científica da libertação do homem, para escolher, indelevelmente, a grilheta “democrática” e o belicismo purificador. Lembremos outros canalhas oriundos desse pousio de má memória, como Durão Barroso, Aventino Teixeira, Arnaldo Matos ou Ana Gomes (uff, que fedor que ficou…).
Antes de mudar de canal, ainda pude testemunhar as contradições de uma burguesa poderosa que diz acreditar na regeneração do sistema e por isso no melhoramento social da sociedade e na reposição ética das elites capitalistas. Ela não o disse com estas palavras, fê-lo com outras, falsas, delicodoces e com cheiros.
Não obstante a defesa acérrima dos valores de subjugação perante o dinheiro e o armamento que o impõe, a Calamity Morgado acha que o combate à corrupção se ganha com a opção política, “superior”, do aumento das regras neo-liberais que a faz prever para o futuro breve... «muita pobreza e muita fome».
No que, finalmente, teve “muita” razão.
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