sábado, 23 de janeiro de 2021

Costa apanhado em escutas: Supremo já validou uma conversa com ministro do Ambiente


 

expresso.pt 


Depois de ter mandado destruir duas escutas em que António Costa foi apanhado acidentalmente por considerar que não tinham qualquer matéria criminal relevante, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça validou uma terceira interceção que lhe foi enviada pelo procurador do DCIAP que está a investigar o caso do hidrogénio verde.

De acordo com uma fonte judicial, apesar de considerar que se trata de uma conversa "normal entre dois governantes", António Piçarra terá tido em conta que o tema discutido entre António Costa e Matos Fernandes - a estratégia energética nacional - estará relacionado com o tema em investigação: uma candidatura nacional a financiamento europeu para a construção de um empreendimento de exploração de hidrogénio em Sines.

Isto significa que a conversa entre o primeiro ministro e o ministro do Ambiente - o alvo das escutas do MP - vai ficar no processo que está a decorrer no DCIAP e, apesar de já ter vários governantes escutados "não tem arguidos", como informou a PGR. Piçarra validou esta terceira escuta no final desta semana, facto que é noticiado pelo Público de hoje

As outras duas escutas mandadas destruir por António Piçarra podem ainda vir a fazer parte do processo, uma vez que o Ministério Público recorreu da decisão do presidente do STJ e será agora um juiz conselheiro deste tribunal a decidir se são ou não destruídas.

As conversas entre os dois governantes ocorreram no final de 2020 e foram consideradas relevantes pelo procurador do DCIAP que está a investigar o caso que começou com uma denúncia anónima.

No âmbito deste processo, que investiga indícios de corrupção para favorecer um consórcio que concorreu ao negócio, já foram escutados Matos Fernandes, ministro do Ambiente, e João Galamba, secretário de Estado. Siza Vieira, ministro da Economia, também foi apanhado acidentalmente numa conversa com Galamba.

Em causa está um dos maiores projetos que em 2020 foram selecionados para uma candidatura nacional a um estatuto de interesse comum da Comissão Europeia, que visa facilitar a obtenção de apoios ao financiamento. O empreendimento em causa, a construir em Sines, junta a EDP, a Galp, a REN, a Martifer e a dinamarquesa Vestas, mas a ideia original foi apresentada a João Galamba no verão de 2019 por um empresário holandês, Marc Rechter, que não faz parte do consórcio. Após uma notícia da revista “Sábado” sobre o caso, Galamba divulgou a agenda de todas as reuniões que teve sobre o hidrogénio.


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