quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

A incompetência da Comissão Europeia nunca é, já não é, notícia?

 



No Reino Unido, por vezes, ainda há quem se lembre da economia moral

Do Financial Times à The Economist, o escrutínio ao atraso da UE no que às vacinas diz respeito não pára de crescer, confirmando a nossa desconfiança.

Afinal de contas, Israel já vacinou um terço da população, o Reino Unido está nos 10% e os tão criticados EUA já ultrapassaram os 5%. 

Na UE, que não é um Estado, óbvia e felizmente, mas está desenhada para enfraquecer o braço esquerdo dos Estados existentes, ainda não se vacinou 2% da população, em média. 

Dado o ritmo, estas diferenças previsivelmente não cessarão de se aprofundar. 

Os Estados nacionais não ficam parados, claro: da Hungria à Alemanha. As vacinas russas e chinesas estão aí.

Na comunicação social portuguesa, pelo que leio e vejo, é quase como se não se passasse nada. O europeísmo esquece que a solidariedade mais competente sempre esteve nos Estados. 

No quadro do é porreiro, pá, da presidência portuguesa domina a propaganda, ou seja, só os truques mediáticos da Comissão Europeia para tentar alijar responsabilidades são notícia. Os infernos das notícias falsas são os outros.

Por contraste, o insuspeito europeísta Wolfgang Munchau assinala a lógica de austeridade da UE e agora a prioridade que a Comissão Europeia deu às questões pecuniárias, em detrimento da quantidade segura e atempada, na provisão de vacinas. As ligações são evidentes, digo eu. 

E sublinha-se como, graças ao Brexit, o Reino Unido não se deixou enredar nesta incompetência continental da Comissão. 

Trata-se no fundo de uma instituição competente, mas para fragilizar os serviços nacionais de saúde, dadas as dezenas de recomendações neoliberais dos anos anteriores, não o esqueçamos. 


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