domingo, 8 de novembro de 2020

Vigiar e punir

 



O falso dilema entre economia e saúde servirá sempre e só uma sociedade repressiva, totalitária e tecnocrática


Não sou uma delinquente, vou à minha aula de body pump. Enquanto o mundo nasce para viver uma nova era prisional, onde o modelo analisado por Foucault no livro “Vigiar e Punir”, parece alastrar à sociedade global. É a nova ordem de submissão em vez da liberdade de viver, pensar, lutar e agir.

O suplício originado com o cocktail de medidas anticovid, baseado exclusivamente em taxas estatísticas isoladas sobre o crescimento da infeção, na repetição diária de testes cegos, na taxa de mortalidade covid em bruto, inflacionado por uma comunicação social abutre, os confinamentos sucessivos em toda a Europa como único remédio para a fragilidade dos sistemas de saúde, continua a provocar um impacto prolongado violento na saúde e na economia. Os lares de idosos são ninhos de infeções, mas felizmente as crianças não têm potencialidade transmissora. Tudo culmina com a síndrome dos assintomáticos, como suplício-mor.

Vejam os dados em tempo real do Portal da Mortalidade, SICO- eVM, pensem em vez de perseguir e inventar culpados à pressa. Por exemplo, os dados da mortalidade total em Portugal, no dia 31 de outubro de cada ano que se segue, no ano de 2017, registo de 271 óbitos, ano de 2018 — 269 óbitos, ano de 2019 — 305 óbitos, ano de 2020 — 369 óbitos. Tipo de morte, segundo o mesmo Portal do Ministério da Saúde, a 31 de outubro de 2020, é assim: morte natural 353 casos, causa externa dois casos, sujeitos a investigação 14.
No mesmo Portal, o registo total de mortes, no dia 2 de novembro de 2017 — 289 óbitos. No mesmo dia do ano de 2018 — 339 óbitos, no mesmo dia do ano de 2019 — 297 óbitos, no mesmo dia do ano de 2020 — 148 óbitos. Tipo de causas de morte no dia 2 de novembro de 2020, de morte natural 144, de causa externa cinco, sujeitos a investigação 33.

Estes números dão objetivamente razão à inquietação dos movimentos pela verdade, denunciam a insuportável caça às bruxas estimulada pelo sistema do pensamento único.

O perigo do tratamento irracional da pandemia, com ignorância da complexidade dos vários problemas interligados, a baixa taxa de letalidade da covid, sem que ninguém explique os outros óbitos, está a criar uma sociedade disfuncional.

O risco do aproveitamento do descontentamento popular pelos grupos de extrema-direita ou mesmo pelos grupos terroristas, que são vorazes e em nada se confundem com a busca pela verdade, as divergências de opinião, a liberdade de pensamento.

A inevitabilidade de adoção de um novo modelo de reação adequada, é uma questão de tempo. Não podemos continuar abandonados pela ciência e pela medicina.

A polícia não pode substituir os médicos, nem os médicos a polícia. O falso dilema entre economia e saúde servirá sempre e só uma sociedade repressiva, totalitária e tecnocrática.
As tormentas não podem tomar conta de nós. Não sou uma delinquente, não saio do meu bairro há muito tempo exceto para ir ao tribunal, de Metro, desconheço festas, continuo a detestar viagens, recebo os netos todas as semanas, e quero a minha aula de body pump, confesso."

expresso.pt

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