quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Cientistas descobrem como os colibris conseguem atravessar cascatas



Um grupo de cientistas pertencentes a diferentes universidades internacionais descobriu a biomecânica por trás da capacidade dos colibris-de-Anna (Calypte anna) para atravessar cascatas. Para analisar a maneira em que estas pequenas aves atravessam os corpos de água, os pesquisadores filmaram quatro Annas atravessando uma cortina de água artificial de 3 milímetros de espessura criada em uma camera de vôo de 54 litros, equipada com um alimentador em um lado e um poleiro no outro.


Cientistas descobrem como os colibris conseguem atravessar cachoeiras
A análise das imagens demonstrou que as aves conseguiam atravessar a cortina em menos de 100 milissegundos e que três dos quatro beija-flores teriam utilizado uma de suas asas para romper o fluxo da água, abrindo uma janela através dela, enquanto a outra asa permaneceu livre para gerar o empuxe necessário para atravessar. Como se voassem de lado!
Durante a pesquisa, publicada recentemente na revista Royal Society, os académicos repetiram o experimento com quatro espécies diferentes de mosca, sendo as moscas-domésticas (Musca domestica) e as moscas-verdes (Phaenicia sericata) as únicas capazes de atravessar o fluxo de água com uma velocidade de vôo superior aos 1,6 metros por segundo.
Cientistas descobrem como os colibris conseguem atravessar cachoeiras

Por último, os pesquisadores dispararam bolas de plástico com um diâmetro entre 1 e 8 centímetros a diferentes velocidades contra a cascata artificial para avaliar a dependência inercial da penetração na lâmina de água. Unicamente as de maior tamanho foram capazes de atravessá-la.

Os resultados do estudo demonstram que o movimento a altas velocidades da ponta das asas dos cuitelinhos, estimadas em aproximadamente 9 metros por segundo, gera a força necessária para romper a tensão superficial da lâmina de água e atravessá-la.

De igual modo, os pesquisadores concluíram que outro tipo de aves como os andorinhões-pretos, estorninhos e mergulhões, todos eles bem mais pesados que os colibris e insectos, podem ser capazes de passar através de estruturas de água em movimento simplesmente por seu maior impulso.
Cientistas descobrem como os colibris conseguem atravessar cachoeiras
- "As cascatas podem representar barreiras físicas impenetráveis para os animais voadores pequenos e lentos, e também podem servir para excluir tanto os predadores como os parasitas dos ninhos", escreveram os autores, pelo que propõem um estudo que compare a carga parasitaria entre pintos criados por trás de uma cascata e os criados em lugares acessíveis aos parasitas com o fim de avaliar esta possibilidade.


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