quinta-feira, 23 de julho de 2020

O Controle do fogo pelos primeiros humanos





Um diorama mostrando dois Homo erectus, a espécie humana mais antiga conhecida por ter controlado o fogo, de dentro do Museu Nacional de História Mongol em Ulaanbaatar, Mongólia.


O controle do fogo pelos primeiros seres humanos foi um ponto de virada no aspecto cultural da evolução humana. O fogo forneceu uma fonte de calor, protecção e um método para cozinhar alimentos. Estes avanços culturais permitiram a dispersão geográfica humana, inovações culturais e mudanças na dieta e no comportamento. Além disso, a criação de fogo permitiu a expansão da actividade humana nas horas escuras e mais frias da noite.

As reivindicações para a evidência definitiva a mais adiantada do controle do fogo por um membro do género Homo variam de 0.2 a 1.7 milhão anos atrás. A evidência para o uso controlado do fogo pelo Homo erectus, por volta de 400.000 anos atrás, tem o grande apoio académico. Evidências do controle generalizado do fogo por humanos anatómicamente modernos datam de aproximadamente 125.000 anos atrás.


Histórico

A capacidade de controle de fogo foi uma mudança dramática nos hábitos dos primeiros seres humanos. Fazer fogo para gerar calor e luz tornou possível às pessoas cozinhar alimentos, aumentando a variedade e disponibilidade de nutrientes. O calor produzido também ajudou as pessoas a manterem-se aquecidas no frio, permitindo-lhes sobreviver em climas mais frios - e o ato de distribuir pessoas em volta de uma fogueira de forma equidistante da chama propiciou momentos de conversa e discussão, o embrião do que mais tarde seria a mesa-redonda e outras formas de reunião. O fogo também manteve predadores nocturnos afastados.

Evidências de comida cozida são encontradas a partir de 1,9 milhões de anos atrás, embora o fogo provavelmente não tenha sido utilizado de forma controlada até há um milhão de anos. As evidências tornam-se generalizadas cerca de 50 a 100 mil anos atrás, sugerindo o uso regular a partir deste momento. Curiosamente, a resistência à poluição atmosférica começou a evoluir nas populações humanas na mesma época. O uso do fogo tornou-se progressivamente mais sofisticado, com a sua utilização para produzir carvão e controlar a vida selvagem desde dezenas de milhares de anos atrás.

O fogo também foi usado por séculos como um método de tortura e execução, como evidenciado pela morte na fogueira, bem como em instrumentos de tortura, como a bota malaia, que poderia ser preenchida com água, óleo, ou mesmo chumbo e, em seguida, aquecida em fogo aberto para agonia do que a calçava.

Até a Revolução Neolítica, durante a introdução da agricultura baseada em grãos, pessoas de todo o mundo usaram o fogo como uma ferramenta de manejo da paisagem. Estes incêndios foram tipicamente queimadas controladas ou "fogos frios", ao invés de "incêndios quentes" descontrolados, que danificam o solo. Incêndios quentes destroem plantas e animais e põem em perigo as comunidades. Este é um problema especialmente nas florestas de hoje, onde a queimada tradicional está impedida, a fim de incentivar o crescimento das culturas de madeira. 
Fogos frios são geralmente realizados na primavera e no outono. Eles limpam a vegetação rasteira, queimando biomassa que pode provocar um incêndio quente que o deixaria muito concentrado. Oferecem uma maior variedade de ambientes, o que estimula a caça e a diversidade de plantas. 
Para os humanos, eles tornam transitáveis as densas e antes intransitáveis florestas.

Outro uso humano para o fogo no que diz respeito ao manejo da paisagem é o seu uso para limpar a terra para a agricultura. O cultivo baseado em corte e queima ainda é comum em grande parte da África tropical, Ásia e América do Sul. "Para os pequenos agricultores, é uma forma conveniente para limpar áreas cobertas de vegetação e liberar nutrientes da vegetação restante de volta para o solo".No entanto, esta estratégia útil também é problemática. 

A população crescente, a fragmentação das florestas e aquecimento do clima estão fazendo a superfície da Terra mais propensa a que ocorram incêndios cada vez maiores. Estes danificam os ecossistemas e a infra-estrutura humana, causam problemas de saúde e liberam espirais de carbono e fuligem que podem incentivar ainda mais o aquecimento da atmosfera e, assim, servir de base para mais incêndios. Globalmente, nos dias de hoje, cerca de cinco milhões de quilómetros quadrados de área - mais de metade do tamanho dos Estados Unidos - são queimados em um determinado ano.

O homem e o fogo


A primeira energia natural utilizada pelo homem de forma intencional foi o fogo. Quando um raio, que anunciava uma tempestade, incendiava uma árvore, o homem pré-histórico não conseguia ainda ter controle sobre ele. Se o fogo adquirido a partir desse episódio se apagasse, era necessário aguardar por outros incêndios para que se pudesse obter fogo novamente. Mas este fogo já o ajudou bastante a cozinhar seu alimento, a iluminar algum lugar na hora desejada, em seu aquecimento e também para se proteger de animais que não se aproximavam do fogo.
A Era do Paleolítico, entre um e dois milhões de anos atrás, foi testemunha da utilização inédita do fogo pelo homem. Nesta época, alguns já moravam em cavernas e vestiam-se com peles de animais, que anteriormente poderiam ter servido como alimento. Desenvolviam  linguagem e comunicação, através de desenhos feitos nas paredes das cavernas, que nos ajudaram a entender a importância, para esses povos, da descoberta do fogo.
Entre 1,8 milhões e 300 mil anos atrás, o Homo Erectus, um ser com o raciocínio mais evoluído, descobriu que se fizesse fricção entre duas pedras, esfregando uma na outra, ele conseguia produzir uma faísca, que se colocada em algum lugar de fácil combustão, pegaria fogo normalmente. Assim ele não precisava mais esperar que o raio caísse em alguma árvore para obter fogo. Os fósseis mais conhecidos foram chamados de Homem de Pequim, que viveu entre 250.000 a 500.000 anos e foi encontrado em escavações na capital da China na década de 1920. 
A relação do homem com o fogo passou por três estágios distintos: a produção pelo homem, a manutenção mediante o uso de fogueiras, e a utilização de resinas, para que este não apagasse tão facilmente quando as tochas acesas eram carregadas.
A relação do homem com o fogo passou por três estágios distintos: a produção pelo homem, a manutenção mediante o uso de fogueiras, e a utilização de resinas, para que este não apagasse tão facilmente quando as tochas acesas eram carregadas. Arqueólogos israelitas
 descobriram o indício mais antigo de uma fogueira produzida há 790 mil anos, às margens do rio Jordão, entre Israel e a Jordânia.
Na mitologia grega, a criação do fogo é imortalizada na tragédia Prometeu Acorrentado de Ésquilo (525 a.C. – 456 a.C.), que relata o mito da domesticação do fogo. Prometeu e seu irmão Epimeteu eram responsáveis pela criação dos homens e dos animais. Epimeteu trabalhava e seu irmão supervisionava as obras prontas, dando características próprias a cada animal.  Quando chegou a vez do homem, sobraram poucos recursos, como a coragem e a força, necessários para que este fosse superior aos outros animais. Com o objetivo de ajudar seu irmão, Prometeu roubou o fogo dos deuses e o entregou à humanidade, com o auxílio de Minerva, assegurando assim a superioridade da raça humana.
Ilustração de Prometeu roubando o fogo dos deuses
Ilustração de Prometeu roubando o fogo dos deuses
Como castigo por seu crime, Zeus mandou que Hefesto acorrentasse Prometeu no alto de um monte, onde todos os dias um abutre se alimentaria de um pedaço de seu fígado, que se regeneraria por ser Prometeu um imortal. Antes de se completar os 30 mil anos do castigo, Prometeu foi libertado por Hércules e substituído pelo centauro Quíron, já que a substituição era uma exigência para sua libertação. Podemos ver a história de Prometeu como a representação da necessidade do homem pela busca do conhecimento e da vontade de compartilhá-lo. Mas não só na cultura grega que o fogo é reverenciado. Ao longo do tempo, o fogo e o sol foram celebrados por diferentes povos. Os Incas, na região de Machu Pichu, no Peru, saudavam o nascer do sol com beijos sonoros, oferecidos com as mãos, pois consideravam que seus chefes fossem descendentes do Deus Inti (Sol).
Ao longo de gerações, o homem soube desenvolver maneiras de transportar e produzir fogo em qualquer lugar, como as tochas com óleos, os fósforos e até os isqueiros.  Além disso, ele conseguiu aliar o fogo a outros instrumentos e desenvolver fontes de energia maiores e melhores. Até hoje, o fogo é a principal fonte de energia do ser humano, praticamente metade do gasto de energia mundial, sendo usada para produzir energia elétrica e aquecimento.
Porém, esta queima de combustíveis, que faz funcionar a maioria dos motores, também é responsável pelo aumento da emissão de gás carbónico no ambiente, elevando consequentemente a temperatura do planeta, o chamado efeito estufa. Por esta razão, o fogo é uma energia que deve ser substituída logo, para o bem do planeta. Mas será que esta foi a única fonte de energia natural que ele conseguiu dominar? Você consegue pensar em outros recursos naturais utilizados pelo homem até hoje? E quais outras fontes de energia inventadas antigamente ainda servem ao nosso dia-dia?
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Significado de Fogo

O que é o Fogo:

É a consequência de uma reação de combustão química exotérmica entre um tipo de combustível (gasolina, álcool, madeira, entre outros) e um comburente (o oxigênio), liberando assim luz e calor.

O que provoca o fogo e quais são os seus componentes?

Para que o fogo realmente aconteça, são necessários três elementos essenciais:
  • o combustível: tudo aquilo que pode entrar em combustão, ou seja, queimar. Os exemplos mais comuns são: a madeira, o plástico, papel, entre outros;
  • o comburente: o elemento que permite a queima, ou seja, que entra em contato com o combustível para que haja a combustão. O maior exemplo de comburente é o oxigênio;
  • o calor: qualquer energia ativa que permitirá a combustão entre o dois primeiros elementos.
Esses três elementos juntos são conhecidos como o Triângulo do Fogo, como ilustrado na imagem abaixo.
triangulodefogoTriangulo do Fogo, com os três elementos principais: oxigênio, calor e combustível.
O processo do fogo começa quando as partículas do material aquecido se quebram, unindo-se ao oxigênio do ar. Dessa união surgem as moléculas de água, que transformam-se em chama. O que sobra dessa reação se torna luz e calor.
Somente no século XIII foi descoberto que o oxigênio é o maior responsável para que o fogo aconteça. Até então, acreditava-se que esse papel era de responsabilidade de uma substância chamada "floguisto", que provou-se inexistente.
fireProcesso de reação química que produz o fogo, sendo a madeira o combustível e o comburente o oxigênio.

As diferentes cores do fogo

A cor do fogo é resultado da temperatura em que está queimando e, por consequência disso, cada parte da sua chama terá uma cor diferente.
A luz do fogo é formada por fótons, ou seja, partículas pequenas que funcionam como onda eletromagnética. A luz do fogo, portanto é resultado do tamanho dessa onda. Para cada tamanho e temperatura, temos uma coloração diferente.
As ondas consideradas maiores, são mais avermelhadas, já as menores são mais azuladas. Numa vela, por exemplo, a base da chama é mais azulada, pois tem muito energia e calor, com ondas eletromagnéticas mais curtas.
Já no topo da chama de uma vela, percebemos que a cor é mais avermelhada, pois a sua energia está menor e a onda de fótons está mais comprida e com menos calor.
velaExemplo da chama de uma vela

A origem do fogo

Há mais de 400 milhões de anos atrás, o primeiro contato do homem com o fogo foi através dos raios. Ao se chocarem com as madeiras, os raios provocavam chamas ou até mesmo grandes incêndios.
Ao notarem a sensação de calor produzida pelo fogo, começaram a utilizar o resto das faíscas produzidas por esse choque dos raios nas árvores. Porém, a faísca durava pouco tempo e não conseguia atender às suas necessidades diárias.

A descoberta do fogo pelo homem e as suas utilidades

Como não sabiam produzir as faíscas, o homem ficou dependente da ação dos raios por muitos anos. Mas, em mais de 300 mil anos atrás, o Homo Erectus notou que ao esfregar uma pedra na outra (ou madeira), fazendo fricção, conseguiria gerar faíscas.
Foi, enfim, a descoberta do fogo. A partir de então, o homem começou a notar o poder que essa reação química tinha e passou a utilizar para:
  • Cozinhar carnes: antes, as carnes de caça apodreciam por ficarem em seu estado natural e expostas ao tempo. Após a descoberta do fogo, o homem passou a assá-las, por notarem que assim duravam mais tempo para o consumo.
  • Cozinhar legumes e verduras: alguns vegetais e verduras que antes eram mais difíceis de serem consumidos crus, passaram a ser mais implementados na dieta com o seu cozimento no fogo. Nesse ponto, a maior vantagem do homem foi consumir alimentos com mais nutrientes, o que, progressivamente, significou uma grande reserva de energia no corpo, desenvolvendo novas capacidades, inclusive a de raciocínio.
  • Aquecimento: o homem passou a se aquecer, tendo maior poder de locomoção dentro e fora das cavernas.
  • Desenvolvimento do artesanato: o homem também descobriu que ao misturar a água fervida pelo fogo com o barro, conseguiria desenvolver vasilhas que serviam para armazenar água e alimentos;
  • Desenvolvimento de ferramentas: ao notarem que o fogo era capaz de derreter alguns metais, começaram a produzir ferramentas como martelo, facas, lanças e talheres.
Até hoje, o fogo é a principal fonte de energia do ser humano, sendo usado para produzir energia elétrica e aquecimento.

Qual é a reação química em um palito de fósforo?

A cabeça do palito de fósforo possui 3 elementos principais, com funções importantes para que a combustão aconteça. São eles:
  • Trissulfeto de antimônio: serve como combustível;
  • clorato de potássio: substância que auxilia o combustível a queimar;
  • fosfato de amônio: elemento que evita a produção de uma grande quantidade de fumaça.
Existe uma cera de parafina que ajuda a chama a percorrer por todo o fósforo, além do corante, que deixa a cabeça do palito avermelhada.
Já na caixa, a superfície lateral contém vidro em pó, responsável por ajudar na fricção do palito, e o fósforo vermelho, que permite o fogo acender.
Quando a cabeça do palito de fósforo é friccionada na caixa, é emitido calor. Essa energia converte o fósforo vermelho contido na caixa em fósforo branco, que reage facilmente ao oxigênio presente no ar.
Essa mesma emissão de calor também faz com que o clorato de potássio presente na cabeça do fósforo queime, reagindo ao oxigênio presente no ar, que ao entrar em contato com o combustível, produz a chama.
Veja também o significado de combustão.

As causas e os impactos dos incêndios florestais

Os incêndios florestais podem ocorrer em zonas de mata e em muitos lugares ao redor do mundo. Essa é uma das maiores preocupações dos ambientalistas, já que a queima de uma floresta ou parte dela, pode trazer grandes perdas e consequências para o equilíbrio do meio ambiente.
As principais causas dos incêndios florestais são:
  • Causas naturais: o próprio calor e a baixa umidade de certos locais de mata, como o cerrado brasileiro, causam a combustão gerando grandes incêndios;
  • Falta de conscientização: cigarros jogados em beira de estrada, fogueiras mal apagadas e balões são alguns dos responsáveis por grandes queimas florestais, já que servem como focos de calor. Isso ocorre por consequência da falta de conscientização da população e turismo local;
  • Causa intencional: muitos casos de incêndios podem ser propositais, principalmente no caso de caçadores à procura de certas espécies de animais.
incendioImagem representativa de um incêndio florestal
A floresta tem um grande papel ecológico, por absorver o carbono e fornecer o oxigênio para a atmosfera, mantendo o equilíbrio do meio ambiente. Por isso, os incêndios florestais são preocupações constantes dos ambientalistas.

Como prevenir os incêndios florestais?

A primeira ação a ser tomada é a conscientização educativa das comunidades que moram próximo às áreas florestais.
Ademais, outra ação importante é que as autoridades governamentais estejam disponíveis para receberem denuncias de qualquer atitude suspeita nessas áreas, para que possam evitar com antecedência grandes estragos.
Hoje, muitas áreas com constantes incêndios florestais, já se previnem em épocas de secas, o que ajuda na eliminação prévia de focos de incêndios.

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