segunda-feira, 11 de maio de 2020

VÍDEO - Filipe Froes. "Vivemos uma das maiores ameaças à nossa existência"



O médico pneumologista Filipe Froes, consultor da Direção-Geral da Saúde, afirmou saber-se agora que o novo coronavírus "é mais transmissível e perigoso" do que inicialmente se pensou. Entrevistado na edição desta segunda-feira do Bom Dia Portugal, o membro do gabinete de crise da Ordem dos Médicos insistiu na ideia de que, a ser desenvolvida uma vacina, tal não acontecerá "antes de um ano".


"Nós, há 100 anos, vivemos a pandemia da gripe espanhola. A pandemia da gripe espanhola ainda é apresentada no nosso imaginário como uma das maiores ameaças que os nossos avós e bisavós viveram. Estamos a viver agora, 100 anos depois, uma pandemia com um vírus que se transmite mais e que é mais letal, mas esquecemo-nos de um pormenor", afirmou o especialista.

Para acrescentar: "Neste intervalo de tempo, houve 100 anos de avanços tecnológicos. Nós agora temos antimicrobianos, temos antivirais, temos hospitais, temos organização e, mesmo com isso, este vírus é mais mortal".

"Nós, provavelmente, vivemos desde o início deste ano uma das maiores ameaças à nossa existência", vincou Filipe Froes.

Questionado sobre a corrida ao desenvolvimento de uma vacina para o SARS-CoV-2, o médico pneumologista sublinhou que "nunca houve um esforço tão grande, em termos de desenvolvimento científico, como nós estamos agora a viver nestes últimos meses".

"Provavelmente temos dezenas de firmas a tentarem descobrir vacinas e há imensos ensaios, neste momento, em curso, ensaios em tempo recorde, mas que têm de salvaguardar sempre o que é essencial: descobrir uma vacina que seja eficaz e segura", enfatizou.

"Diria, com realismo, salvo algum milagre, que se chama ciência, antes de um ano não teremos vacina", admitiu.
"Tudo pode acontecer"
Quanto à possibilidade de uma segunda vaga, com o processo faseado de desconfinamento em curso, Filipe Froes afirmou: "Tudo pode acontecer. Depende de nós".

"Nós andámos a testar o vírus até agora. Agora, o vírus está a testar-nos a nós. Nós somos parte do problema e parte da solução através dos comportamentos que adotamos", prosseguiu.

Sobre a resposta das autoridades sanitárias portuguesas à pandemia, Filipe Froes admitiu que, "globalmente, correu tudo bem", desde logo no Serviço Nacional de Saúde, com três hospitais de primeira linha que "aguentaram o primeiro embate", e a resposta nos cuidados de saúde primários foi essencial.

Pela negativa, o pneumologista apontou "alguns atrasos quer a nível nacional, quer a nível internacional": "Provavelmente, nenhum de nós se apercebeu do potencial de gravidade desta situação e isto condicionou vários atrasos de pequenas medidas de acesso a pequenos dispositivos".

Filipe Froes apontou os atrasos iniciais na linha Saúde24, na aquisição de ventiladores e de material de proteção para os profissionais de saúde.

VÍDEO






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