domingo, 31 de maio de 2020

1944: Atentado de Stauffenberg contra Hitler

Em 20 de julho de 1944, militar liderou um atentado em nome do movimento de resistência ao nazismo, do qual faziam parte vários oficiais. Hitler ficou apenas ferido na explosão da bomba em seu quartel-general.
    
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O conde Claus Philip Maria Schenk von Stauffenberg é um dos principais personagens da conspiração que culminou no fracassado atentado contra Adolf Hitler em 20 de julho de 1944. Nascido na região da Suábia em 15 de novembro de 1907, Stauffenberg foi um patriota alemão conservador, que a princípio simpatizou com os aspectos nacionalistas e militaristas do regime nazista.
Mas, desde cedo, começou a questionar não só o extermínio de judeus, poloneses, russos e outros grupos da população estigmatizados pelo regime de Hitler, como também a forma, em sua opinião "inadequada", de comando militar alemão.
Como muitos outros militares, preferiu no começo manter-se fiel ao regime. Mas em 1942, junto com o irmão Berthold e outros membros da resistência, ajudou a elaborar uma declaração de governo pós-queda de Hitler. Os conspiradores defendiam a volta das liberdades e direitos previstos na Constituição de 1933, mas rejeitavam o restabelecimento da democracia parlamentar.
Claus Graf Schenk von Stauffenberg mit seinen Kindern
Stauffenberg ao lado de seus filhos
Em março de 1942, Stauffenberg havia sido promovido a oficial do Estado Maior da 10ª Divisão de Tanques, com a incumbência de proteger as tropas do general Erwin Rommel, após o desembarque dos Aliados no norte da África. Num ataque aéreo em 7 de abril de 1943, Stauffenberg perdeu um olho, a mão direita e dois dedos da mão esquerda.
Após recuperar-se dos ferimentos, aliou-se ao general Friedrich Olbricht, Alfred Mertz von Quinheim e Henning von Treskow na conspiração, que passaram a chamar de Operação Valquíria. Oficialmente, a operação pretendia combater inquietações internas, mas, na realidade, preparava tudo para o período posterior ao planejado golpe de Estado.
Os planos do atentado que mataria Hitler foram elaborados com a participação de Carl-Friedrich Goerdeler e de Ludwig Beck. Os conspiradores mantinham, além disso, contatos com a resistência civil. Os planos visavam à eliminação de Hitler e seus sucessores potenciais – Hermann Göring e Heinrich Himmler.
A primeira tentativa de atentado: na manhã de 20 de julho de 1944, Stauffenberg voou até o quartel-general do Führer, "Wolfsschanze", na Prússia Oriental. Com seu ajudante Werner von Haeften, conseguiu ativar apenas um dos dois explosivos previstos para detonar.
Então usou uma desculpa para entrar na sala de conferências, onde depositou a bolsa com explosivos ao lado do ditador. Incomodado pela bolsa, Hitler a colocou mais longe de si. A explosão, às 12h42, matou quatro das 24 pessoas na sala. Hitler sobreviveu. O atentado está documentado no filme Operação Valquíria, com Tom Cruise no papel de Stauffenberg.
Na capital alemã, os conspiradores comunicaram, por telefone, por volta das 15 horas, convencidos do êxito da missão: "Hitler morreu!" Duas horas mais tarde, a notícia foi desmentida.
Na mesma noite, Stauffenberg, Haeften, Quirnheim e Friedrich Olbricht foram executados. No dia 21 de julho, os mortos foram enterrados em seus uniformes e condecorações militares. Mais tarde, Himmler mandou desenterrá-los e ordenou sua cremação. As cinzas foram espalhadas pelos campos.

VÍDEO





















www.dw.com



Segunda vaga: Europa a fechar os olhos pela segunda vez?


OPINIÃO | JOÃO ROMÃO

Calhou-me viver estes extraordinários tempos de pandemia global em terras asiáticas, muito perto do epicentro deste fenómeno que fez estremecer o planeta e o mantém em estado de alerta permanente. Ou devia, pelo menos, que até agora não se encontrou cura nem vacina para este vírus estranho e devastador, cujo comportamento e impacto escapa largamente à compreensão da medicina e da tecnologia que até agora conseguimos desenvolver. Estava em Janeiro de 2020 no norte do Japão, na ilha de Hokkaido, lugar privilegiado de visita invernal para o turismo chinês, vastos grupos que se deslocam para descobrir invernos magníficos, formidáveis e infinitas paisagens de neve branca e silenciosa, variados desportos invernais, águas termais e outras formas de conforto e aquecimento, festivais no gelo com improváveis esculturas. Foi num desses festivais que chegaram a Sapporo, a cidade onde vivia, as primeiras infecções. Estávamos no início no início de Fevereiro e já a região de Hokkaido contava meia dúzia de casos, nada comparável com os milhares que se começavam a contar na China, a partir da cidade de Wuhan, e que em breve obrigariam o maior país do mundo a gigantesca e compulsiva reclusão, com mais de mil milhões de pessoas fechadas em casa e vastas metrópoles subitamente desertas.

Prepararam-se razoavelmente, os vizinhos: Japão, Coreia ou Singapura, países particularmente expostos a intercâmbios turísticos e comerciais com a China, accionaram os estados de alerta possível, com planos de emergência, sistemáticos sistemas de rastreio, infra-estruturas adequadas para as quarentenas necessárias, apoios possíveis à economia e garantia de equipamentos e utensílios, quer para os hospitais, quer para as pessoas. Sapporo, tornou-se semi-deserta com o súbito desaparecimento do turismo chinês e a reclusão recomendada por um estado de emergência regional rapidamente convocado e com visível impacto, ainda que mais preocupado com recomendações de comportamento social do que imposições de autoridade. O assunto pareceu rapidamente controlado e a propagação atingiu números bastante baixos ainda em Março. Pareceu, apenas.

Entretanto a Europa, a parte rica do planeta, onde se concentram os mais magnânimos exemplos do estado Providência, da capacidade de todos enquanto comunidade tomarmos conta de cada um enquanto pessoa, onde se concentra maior riqueza, tecnologia e conhecimento, essa Europa fechava os olhos. Passaram uns dois meses entre os primeiros casos na Ásia e a sua propagação em Itália, tempo mais do que suficiente para preparar planos de emergência, conhecimento, tecnologia, infra-estruturas e equipamentos, mobilizar os recursos necessários para uma emergência possível. Não se fez nada: o vírus instalou a sua implacável mortandade e acabou por espalhar-se por quase todo o continente: onde melhor se devia estar preparado para combater este improvável inimigo, acabou por se viver uma trágica mortandade, seguramente a maior em tempos de paz a que assistimos nos últimos 100 anos.

Falta a segunda volta, no entanto: no Japão onde estou, o tal primeiro impacto que parecia controlado afinal não estava. Abril trouxe uma nova vaga de casos, que já vivi noutra cidade, por coincidências da vida profissional. Essa segunda volta da infecção teve proporções maiores que a primeira, tal como se verificou noutros países vizinhos bastante bem preparados para enfrentar o problema, como a Coreia ou Singapura. Fecho das fronteiras com viagens internacionais reduzidas ao mínimo e quarentena obrigatória para quem chega, rastreio sistemático de todos os novos casos e isolamento obrigatório de quem contactou pessoas infectadas são medidas essenciais para que este controlo seja razoavelmente eficaz – e estamos para ver se o será mesmo. Essa segunda volta também pode chegar à Europa, onde o número de casos parece ter reduzido o suficiente para relaxar as medidas de controlo e reabrir a sociedade ao contacto e à interacção. Há toda uma economia para reativar – e em particular a que vive do turismo. Ao contrário do que acontece na Ásia, abrem-se as rotas do turismo internacional: aviões com lotação máxima e deslocações estivais a países estrangeiros, quando afinal são nacionais os sistemas de saúde e não há a mais remota hipótese de acompanhar processos internacionais de transmissão de infecções – nem identificação de contactos além-fronteiras, nem imposição de isolamento a potenciais infectados. Tal como aconteceu na primeira vaga de transmissão deste vírus, a Europa continua a não aprender com as experiências e as práticas de quem está a viver estes problemas com dois meses de avanço – o continente asiático. Visto da longínqua Ásia, é de terror o filme a que assistimos na Europa actual: se tal como na Ásia houver uma segunda ronda de propagação do vírus mais intensa do que a primeira, assistiremos a uma matança sem precedentes no continente europeu.
João Romão
Doutorado em Turismo pela Universidade do Algarve. Professor Associado na Universidade Yasuda em Hiroshima, Japão. Natural de Vila Real de Santo António


jornaldoalgarve.pt

Emigrantes portugueses na fila para ajuda alimentar na Suiça





sicnoticias.pt 

A presença de portugueses nas filas para receberem cabazes de ajuda alimentar na Suíça é apenas um dos sinais de como a crise provocada pela covid-19 está a afetar estes emigrantes, numa dimensão que começa agora a ser avaliada.
"Não são a maioria, mas vi muitos portugueses a irem buscar os cabazes de comida, o que me surpreendeu", disse à agência Lusa o conselheiro das comunidades neste país, José Inácio Sebastião.
Recentemente este conselheiro participou numa iniciativa de oferta de cabazes alimentares em Genebra e ficou surpreendido por ver tantos portugueses a recorrerem a esta oferta.
"A maioria das pessoas que precisa desta ajuda é oriunda da América Latina, mas também são muitos os portugueses afetados pela perda de rendimento", adiantou.
Neste país, onde residem 217.662 portugueses, ainda "é grande" a expetativa sobre o real impacto da pandemia. Mesmo os que mantiveram o emprego, mas não puderam exercer a atividade, tiveram perdas na ordem dos 80%, disse o conselheiro.
O setor da economia doméstica (empregadas de limpeza) foi o que mais afetou a comunidade portuguesa, assim como os trabalhadores temporários.
"Houve uma grande perda financeira", disse.
Na Alemanha, a comunidade portuguesa tem sido elogiada pela forma como acatou as medidas de prevenção contra a covid-19, não se registando até ao momento um único português infetado, conforme disse à Lusa o conselheiro Alfredo Stoffel.
Residente em Sassnitz, este conselheiro da comunidade portuguesa explicou que "a pandemia atingiu todos os setores".
"Não houve discriminação entre a sociedade alemã de acolhimento e as suas comunidades", referiu, indicando o confinamento e o impacto financeiro como as principais consequências da doença.
Emocionalmente, adiantou, a pandemia afetou a vida desta comunidade -- estimada em 114.705 portugueses -- que, de um dia para o outro, se viu privada de conviver com os amigos.
A nível financeiro, ainda "é cedo" para uma avaliação rigorosa, mas as empresas tiveram de se adaptar e estão agora a começar a laborar e os trabalhadores a se aperceberem de como irão regressar ao trabalho.
Por essa razão, muitos "sentem-se inseguros" em relação à doença, receando uma nova vaga.
Em França, "todos foram apanhados" pela crise provocada pela covid-19, disse à Lusa o conselheiro da comunidade portuguesa Paulo Marques, que preside igualmente à Associação dos Eleitos Portugueses, Luso-Franceses e Europeus em França.
Com 595.900 cidadãos nascidos em Portugal, esta comunidade é a mais significativa em França e tem sido apoiada pelo Governo francês.
"É o que está a salvar as empresas francesas de portugueses", adiantou.
Mas só a partir de 02 de junho, quando a retoma do trabalho for a 100%, é que a dimensão do impacto da doença e das medidas de confinamento será realmente conhecida, adiantou.
"Só então se saberá, mas acredito que em outubro já teremos uma noção mais concreta", disse.
Segundo Paulo Marques, os setores mais afetados foram a restauração, com muitos estabelecimentos encerrados e outros a terem de se adaptar ao 'take away'.
Um outro setor que está totalmente parado é o da organização de eventos, com os artistas a não conseguirem saber como será o dia de amanhã.
"Os artistas não podem expor, não há público, não há concertos, nem exposições", lamentou, referindo que existiam "várias coisas programadas" que tiveram de ser desmarcadas, ou adaptadas à realidade virtual.
Nestas alturas, sublinhou, tem-se destacado o lado solidário da comunidade que tem procurado ajudar os portugueses mais velhos e que vivem em populações afastadas.
"Em França, durante dias e dias só se falava de máscaras, mas a população mais isolada não tinha acesso às máscaras. Fizemos algumas ações de entrega de máscaras e só isso ajudou estas pessoas a sentirem-se mais apoiadas", acrescentou.
Atento a esta realidade, o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) tem vindo a manifestar as suas preocupações, nomeadamente com "os mais vulneráveis, idosos, cadenciados, desempregados e doentes", disse à Lusa o presidente deste órgão consultivo do Governo para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas no estrangeiro.
Segundo Flávio Martins, a pandemia afetou várias empresas "por todo o mundo", especialmente na área da construção e do comércio em geral, exceto o de alimentos.

SONDAGEM COLOCA PS NA MAIORIA ABSOLUTA


Os socialistas com 44,8% estariam com maioria absoluta, se as eleições fossem hoje, mostra sondagem da Pitagórica para o JN. A maior subida seria do partido de André Ventura.


OPS com 44,8%, subindo face aos 41,9% de abril. Os sociais-democratas de Rui Rui a larga distância: 24,1%, mesmo subindo ligeiramente face aos 23,1% do mesmo mês. Mas com tamanha distância e perto dos 45% das intenções de voto, é seguro dizer que o PS poderia ter maioria absoluta se as legislativas fossem hoje, mostra a sondagem da Pitagórica para o JN, publicada este domingo.
A vantagem do PS face ao PSD é maior no Grande Porto, Centro e Grande Lisboa, precisamente onde há maior concentração populacional. E só não existe na faixa etária dos 45 aos 54 anos.
Nesse inquérito, a maior surpresa é a terceira posição obtida pelo Chega. O partido de Ventura até desce face ao mês de abril - de 7,3% para 6,4%, mas como o Bloco desce mais (de 8,1% para 6,1%), o partido chega ao pódio da sondagem. Assim, Bloco seria o quarto partido e o PCP o quinto (com 5,8% das intenções de voto, com ligeira subida de 0,2 pontos percentuais.
Com o PAN nos 3.3%, o CDS é sexto na sondagem (2,8%), enquanto a Iniciativa Liberal fica pelos 1,6%.

expresso.pt

sábado, 30 de maio de 2020

VÍDEO - O POVOADO JAPONÊS QUE VIVE NA CRATERA DE UM VULCÃO VISTO POR UM DRONE

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O povoado de Aogashima é bastante diferente de qualquer paraíso turístico que a gente possa imaginar. Sua localização tem uma característica bastante destacável já que se encontra no meio da cratera de um vulcão, que por sua vez tem outro vulcão dentro. Agricultura e pesca são as principais atividades dos pouco mais de 300 habitantes que vivem neste curioso lugar. Eles conhecem bem o risco de viver dentro de um vulcão, mas estão dispostos a pagar o preço por residir neste esconderijo dos sonhos.

O povoado japonês, que vive na cratera de um vulcão, à vista de pássaro
Aogashima, que, apesar de estar localizada a quase 400 quilômetros de Tóquio, é administrada pela capital japonesa, é conhecida como a Ilha do Mundo Perdido por sua particular semelhança com a ilha onde viviam os dinossauros de Steven Spielberg em seu filme "Parque dos Dinossauros". Paisagem abrupta e perigosos despenhadeiros que superam os 400 metros de altura são algumas de seus acidentes geográficos. Um destino incomum, envolvido de natureza virgem, para aqueles viajantes que buscam lugares diferentes para escapar durante suas férias.

Mas este lugar recôndito, não só é popular por sua beleza cênica natural. A população local e os turistas também o conhecem por suas populares águas termais, alimentadas pelo vapor que emana do vulcão. Pese a que muitos asseguram que o colosso está inativo, pois sua última erupção aconteceu faz 300 anos, seu interior segue desprendendo vapor. De fato, a Agência Meteorológica do Japão ainda mantém Aogashima na lista de seus vulcões ativos.


VÍDEO


www.mdig.com.br

CORPO DE BEATRIZ LEBRE FOI ENCONTRADO POR ESTIVADORES




Foi encontrado o corpo da jovem de 23 anos desaparecida há uma semana em Lisboa. Foi localizado por estivadores junto ao terminal de contentores de Santa Apolónia. Também foi recolhida a alegada arma do crime, cometido por um colega de mestrado, de 25 anos.
O suspeito só deverá ser interrogado amanhã, porque terá tentado o suicídio no estabelecimento prisional da judiciária e teve de receber tratamento hospitalar.
VÍDEO



tvi24.iol.pt

Agora é que vai ser a sério. O vírus vê umas carrinhas novinhas em folha a patrulhem as praias e vai atacar para haver justificação para tanto investimento.



Agora é que vai ser a sério. O vírus vê umas carrinhas novinhas em folha a patrulhem as praias e vai atacar para haver justificação para tanto investimento.
Até aqui o vírus, inteligente, que sabe ler o calendário, não atacava as pessoas que iam as praias descontraidamente sem imposições. Mas a partir do dia 6 de Junho a coisa muda de figura, o vírus às zero horas do dia vai atacar. Mas vão lá estar os militares para nos obrigarem a cumprir as regras. É assim como uma creche à beira mar onde umas pessoas enviadas pelo governo nos vão dizer como e onde estender a toalha, a que distancia colocar os chapéus, indicara-nos as entradas e saídas das praias, quando e como tomar banho.
Antes foi através da comunicação social e das conferências de imprensa que fomos informados como lavar as mãos: primeiro as palmas das mãos, depois as costas, de seguida o polegar, e entre os dedos. Também nos ensinaram como utilizar e colocar as máscara - antes não era necessária até aparecerem umas empresas a fazerem altos negócios com o assunto - ensinaram-nos que não devemos entrar com os sapatos em casa e como os descalçar.
O vírus que precisa de se alimentar bem, sabe que o melhor local para o fazer é nos restaurantes e cafés, daí as restrições a metade dos clientes habituais para que o vírus possa circular à vontade e escolher a melhor mesa para se saciar.
Já nos aviões o vírus não ataca, aí podem andar todos ao molho e fé em GOD - tinha de meter aqui qualquer coisa em inglês para não estar fora de moda - dizia eu que o vírus não ataca nos aviões porque desloca-se de barco, por isso inventaram aquela frase de que estamos todos no mesmo barco...
Por exemplo - se a malta que vai trabalhar para as fábricas da Azambuja e outras, empilhadas em comboios e autocarros, se fossem de avião não apanhavam o vírus, a TAP tinha posto a sua frota no ar e não tinha acumulado um prejuízo tão grande que agora vamos todos pagar.
JC. Tofes

sexta-feira, 29 de maio de 2020

AFINAL O POLÍCIA QUE MATOU FLOYD TINHA SIDO DESPEDIDO - George Floyd. Em Chicago, todos os polícias foram obrigados a ver o vídeo


www.noticiasaominuto.com 

Passaram vários anos desde que, a 20 de outubro de 2014, um polícia disparou 16 vezes contra um jovem afro-americano,  Laquan McDonald, causando-lhe a morte. Aconteceu em Chicago e o agente em questão,  Jason Van Dyke, não foi acusado de qualquer crime, numa primeira fase, para depois ser condenado, em 2019, a quase sete anos de prisão por homicídio em segundo grau. Entretanto, em Chicago, mudou a chefia da polícia, entre outras autoridades. Agora, a postura é diferente.
Esta quinta-feira, o Departamento de Polícia de Chicago emitiu um comunicado relativo à morte de George Floyd, de 46 anos. Começando por estender condolências à família da vítima mortal, o chefe da polícia, David O. Brown, falou numa "perda inimaginável causada pelas ações inaceitáveis de um agente da polícia".
Este crime, sublinhe-se, aconteceu em Minneapolis, no estado do Minnesota, mas David O. Brown reconhece o problema estrutural e a distância entre Minnesota e Illinois, onde fica Chicago, é muito curta. "É sempre a altura certa de fazer o que é certo", escreveu. "O que aconteceu em Minneapolis no início desta semana é absolutamente repreensível e mancha os distintivos por toda a nação, incluindo aqui, em Chicago".
David O. Brown prossegue, escrevendo que "este comportamento não é aceitável em Chicago", que será "intolerável" sob o seu comando, numa altura em que o departamento "está a trabalhar arduamente para restabelecer relações autênticas e restaurar a confiança com as comunidades". Garantindo que estas ações não refletem o trabalho da maior parte dos agentes, o responsável explicou as medidas que adotou na sequência da morte de Floyd e acrescentou: "Também pedi a todos os agentes que vissem o vídeo do incidente".
Recorde-se que quatro agentes da polícia de Minneapolis foram despedidos na sequência da investigação à morte de George Floyd, um caso que voltou a desencadear tensões sociais. O homem, que foi apanhado com uma nota falsa de 20 dólares (18 euros), foi sufocado por um agente da polícia, que manteve um joelho no seu pescoço durante vários minutos. Mesmo após várias súplicas de que não conseguia respirar.



Murdered on camera by Minnesota cops. This literally made me cry. WTF is wrong with our cops these days?pic.twitter.com/LtPiNd9AYe
— Was A Republican Now NO (@WasARepublican2) May 26, 2020
George Floyd, ex-segurança de supermercado, que perdeu o emprego por causa da pandemia, acabou por morrer no hospital. Deixa uma criança pequena.
O mayor de Minneapolis, Jacob Frey, recorreu ao Twitter para confirmar que os agentes em questão tinham sido "despedidos". "Esta é a decisão certa", escreveu, juntando-se a outros responsáveis que imediatamente condenaram o homicídio, num tom diferente do passado recente, tão recente como o caso de Laquan McDonald, mesmo ali ao lado, em Illinois.

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LEITE É O SIMBOLO DE ÓDIO DOS NEO NAZIS




theconversation.com



O movimento supremacista branco dos EUA, que se autodenomina "alt-right", adotou recentemente o leite como símbolo. Em fevereiro, manifestantes neonazistas sem camisa dançaram do lado de fora da instalação de arte anti-Trump de Shia LaBeouf, He Will Not Divide Us , engolindo galões de leite que pingavam desordenadamente em seus queixos.
Mais tarde, eles alegaram que esse ato simbolizava sua oposição à "agenda vegana".
Um poema apareceu em um site de notícias da extrema direita, insistindo: "as rosas são vermelhas, Barack (sic) é meio preto; se você não pode beber leite, precisa voltar."
Outros tópicos de discussão da supremacia branca apresentam um mapa do mundo que acompanha a intolerância à lactose e estudos acadêmicos sobre intolerância à lactose em uma população eslava.
O ator Shia LeBeouf, à esquerda, fica na frente de uma câmera a vapor com as palavras NÃO nos dividirá postadas em uma parede do lado de fora do Museu da Imagem em Movimento, enquanto membros do público se juntam a LeBeouf cantando as palavras (AP Photo / Deepti Hajela)

Novo emoji, símbolo antigo

O leite como símbolo da supremacia branca também entrou no reverso do Twitter. No início de 2017, substituiu Pepe the Frog como o mais novo emoji simbolizando a superioridade do branco.
Os infames supremacistas brancos Richard Spencer, presidente do think tank nacionalista branco, National Policy Institute e Tim Treadstone, a personalidade de extrema direita da mídia social que se chama Baked Alaska, acrescentaram símbolos de leite aos seus perfis no Twitter.
Na bilheteria, clique em Get Out , um comerciante de escravos branco lentamente toma um copo de leite em um momento tranquilo.
Sou um estudioso crítico da raça e professor de direito na Faculdade de Direito da Universidade do Havaí Richardson. No meu artigo de revisão de leis, A Insustentável Brancura do Leite , discuto a associação entre leite e superioridade branca.
Não é um novo relacionamento. Em vez disso, remonta aproximadamente 100 anos. Na década de 1920, um panfleto do Conselho Nacional de Laticínios dos EUA explicou: "As pessoas que usaram quantidades liberais de leite e seus produtos ..." - significando pessoas brancas - "... são progressivas na ciência e em todas as atividades do intelecto humano".
Da mesma forma, a História da Agricultura de 1933 do Estado de Nova York declarou: “Um olhar casual sobre as raças das pessoas parece mostrar que aqueles que usam muito leite são os mais fortes física, mental e fisicamente, e os mais duradouros do mundo. De todas as raças, os arianos parecem ter sido os mais pesados ​​bebedores de leite e os maiores usuários de manteiga e queijo, fato que pode em parte explicar o rápido e alto desenvolvimento dessa divisão de seres humanos. ”
De fato, existe uma base biológica para o Twitter de Richard Spencer, de que ele é "muito tolerante ... tolerante à lactose!"
Embora a maior parte do mundo não consiga digerir confortavelmente o leite, uma parcela da população branca, originária de países escandinavos frios, onde o consumo de leite de outras espécies era uma ferramenta de sobrevivência, pode digeri-lo com facilidade.
No entanto, a intolerância à lactose não é o pior dos danos do leite. Pesquisas vinculam o consumo de leite a uma série de sérios problemas de saúde , incluindo câncer e doenças cardíacas. Existem disparidades raciais significativas nessas doenças relacionadas ao leite, com grupos incluindo [afro-americanos, latinos], americanos nativos e havaianos nativos sofrendo os piores efeitos.
Captura de tela da gravação do protesto de fevereiro no YouTube - fora da instalação de arte anti-Trump de Shia LaBoeuf - em Nova York.

As diretrizes alimentares dos EUA podem ser racistas

No entanto, o projeto de lei agrícola dos EUA continua a subsidiar a indústria de laticínios, resultando em um excedente de leite. Por sua vez, os Departamentos de Saúde e Serviços Humanos e Agricultura instam as pessoas a consumir porções diárias de produtos lácteos nas Diretrizes Dietéticas federais .
O USDA também descarta o excedente através de seus programas de nutrição. Distribui o leite na forma de fórmula gratuita para as mães do programa WIC (assistência a mulheres e crianças) e para estudantes de escolas públicas que se qualificam para almoços gratuitos. Nos dois programas, as pessoas de cor são desproporcionalmente representadas.
USDA também fez parceria com empresas de fast-food para criar produtos com maiores quantidades de queijo, como a linha de pizza de sete queijos da Domino nas lendas americanas e a quesalupa da Taco Bell . O USDA concebeu e promoveu esses produtos, lançando-os por meio de anúncios caros e cobiçados do Super Bowl.
Embora os brancos comam mais fast-food em geral, as pessoas que vivem em comunidades urbanas pobres de cor consomem desproporcionalmente fast-food em suas dietas. A decisão de introduzir mais leite em produtos de fast-food, portanto, tem um impacto díspar na saúde das comunidades de cor. Essas comunidades estão muito distantes da formulação de políticas alimentares federais, com pouco ou nenhum acesso ao processo político, que está sujeito à captura regulatória.
A crença generalizada na responsabilidade pessoal pela saúde agrava o problema, fazendo com que a reforma regulatória pareça irrelevante ou fútil. O paradigma do “saúdeismo” insiste que a saúde é uma questão de bom caráter, não determinantes estruturais.
Os estereótipos raciais populares classificam afro-americanos e latinos como gordos e preguiçosos, sem a força de vontade necessária para afastar a obesidade e outras doenças relacionadas à alimentação.
Esses mitos culturais mascaram as desigualdades sistêmicas que levam a disparidades de saúde racial e o fato de que a regulamentação pode alterá-las. O governo e a indústria de laticínios, portanto, podem ganhar com esses tropos raciais.
Neste momento da história, tanto os supremacistas brancos quanto a política federal de alimentos nos Estados Unidos estão se oprimindo através do leite.

VÍDEO

O trailer de Get Out , escrito por Jordan Peele, inclui uma cena de leite assustadora.

OUTRAS OPINIÕES - Dos tenentes de Maio aos capitães de Abril: o grande interregno da política portuguesa no século XX




Quando se completaram 90 anos do 28 de Maio de 1926, Rui Ramos recorda a outra revolução, a que 'deu' ao País uma ditadura de quatro décadas. E traça os contrates e as analogias com o 25 de Abril, a revolução da democracia.
O movimento militar de 28 de Maio foi comemorado pela última vez no seu quadragésimo aniversário, em 1966. Salazar fez então a sua primeira viagem aérea, para estar em Braga nas festas da “Revolução Nacional”. Tinha sido em Braga que tudo começara, às quatro e meia da manhã do dia 28 de Maio de 1926. Depois de tomar o comando da guarnição e prender o governador civil, o general Gomes da Costa fez pelo telégrafo uma proclamação ao país: contra uma “ditadura de políticos irresponsáveis”, “revolto-me abertamente”. Propunha-se constituir um “governo forte”, mas apenas para “restituir” o poder “a uma verdadeira representação nacional”. Acabava com um apelo: “Portugal, às armas pela Liberdade e pela honra da Nação”. Foi assim — em nome da Liberdade com maiúscula — que principiou uma ditadura que só iria acabar quarenta e oito anos depois, em 1974, com outro movimento das Forças Armadas.

O 28 de Maio e o 25 de Abril

O resultado do 25 de Abril foi uma democracia, o do 28 de Maio foi uma ditadura. Mas se os contrastes são óbvios, as analogias também. Ambas as revoluções começaram com a sublevação de tropas da província, que depois convergiram sobre Lisboa. Ambos consistiram num movimento geral das Forças Armadas que não encontrou resistência efectiva e foi inicialmente aplaudido por quase toda a gente. As fotografias da entrada do general Gomes da Costa no Porto ou em Lisboa documentam um entusiasmo popular tão grande como o que quarenta e oito anos depois rodeou os militares do MFA. Tal como o 25 de Abril, também o 28 de Maio deu origem a um prolongado processo revolucionário, protagonizado pelos “tenentes de Maio”, que foram os “capitães de Abril” de 1926. Muitos tinham combatido em África e na Europa durante a Grande Guerra; alguns, participado no “sidonismo” de 1918. Não quiseram apenas derrubar um governo, como tinham feito tantos oficiais golpistas antes deles, mas, enquanto corporação militar, mudar o regime, intervir na governação e fazer um “país novo”. Foi essa a novidade histórica do 28 de Maio.
Os paralelismos entre o 25 de Abril e o 28 de Maio não são uma mera curiosidade. Remetem para algo de fundamental -- os impasses da cultura política portuguesa no século XX 

Os Generais Tamagnini de Abreu e Silva, Hacking e Gomes da Costa.

Por este lado, o 25 de Abril está mais próximo do 28 de Maio do que, por exemplo, da revolução republicana de 5 de Outubro de 1910, que foi uma sublevação lisboeta preparada por um partido. Por isso, os paralelismos entre o 25 de Abril e o 28 de Maio não são uma mera curiosidade. Remetem para algo de fundamental — os impasses da cultura política portuguesa no século XX. Incapazes de reunir consenso e de gerar instituições representativas, todos os regimes dependeram das Forças Armadas, que por isso estiveram na origem da ditadura salazarista, tal como na origem da actual democracia. Mas para perceber isso, teremos de descartar, não apenas os mitos do salazarismo sobre o 28 de Maio, mas também os da oposição anti-salazarista.

Mitos salazaristas

Na propaganda salazarista, o 28 de Maio ficou a ser “a revolução nacional”. De facto, não houve só uma revolução em Maio de 1926, mas muitas. A partir do momento em que o general Gomes da Costa se “pronunciou” em Braga, houve revoltas militares em Lisboa e no sul, comandadas pelo almirante Mendes Cabeçadas e pelos generais Sinel de Cordes e Carmona. Pouco tinham a ver entre si: Cabeçadas era um dos fundadores da República, Carmona um discreto leitor de livros de história, Sinel um conspirador com fama de ser “monárquico”, e Gomes da Costa, enorme e brutal, uma figura castiça de militarão, muito dado à linguagem de caserna, que se aconselhava ao mesmo tempo com a esquerda radical e a direita reaccionária. Os vários chefes militares revolucionários passaram os meses seguintes a eliminarem-se uns aos outros, no meio de um enxame de figuras e de grupos políticos à procura de influência nos quartéis.
Os salazaristas citaram muito a República de antes de 1926 para justificar a sua ditadura. A República tinha consistido no domínio brutal das esquerdas, congregadas no Partido Republicano Português (PRP), e o 28 de Maio consubstanciara a “reacção ordeira” contra essa “balbúrdia sanguinolenta”. Não foi bem assim. A “reacção ordeira” não começou em 1926, mas em 1922, com o novo chefe do PRP, António Maria da Silva. Silva combateu a extrema-esquerda, procurou dominar a inflação do pós-guerra, e reconciliou-se com a Igreja. A ideia era obter a união dos portugueses à volta da república. O que aconteceu, porém, foi a divisão do PRP: a esquerda mais radical não se conformou com as opções de Silva e abandonou o partido. O governo ficou isolado. Todas as oposições, da extrema-direita à extrema-esquerda, se envolveram em conspirações de quartel. Os dissidentes esquerdistas do PRP, determinados em livrarem-se de Silva a todo o custo, aplaudiram, quando não colaboraram no golpe militar, como também fizeram alguns sindicatos anarquistas. Portanto, ao contrário do mito salazarista, o 28 de Maio não foi uma obra das “forças da ordem”, mas também do que os salazaristas gostavam de chamar a “desordem”, precisamente empenhadas em resistir a um esforço de “ordem”. O general Gomes da Costa, aliás, militava no Partido Radical, de extrema-esquerda.
Os salazaristas citaram muito a República de antes de 1926 para justificar a sua ditadura. A República tinha consistido no domínio brutal das esquerdas, congregadas no Partido Republicano Português (PRP), e o 28 de Maio consubstanciara a “reacção ordeira” contra essa “balbúrdia sanguinolenta”. Não foi bem assim. 
O Presidente Manuel Teixeira Gomes com o chefe do Governo, António Maria da Silva, e outras individualidades, na Sociedade de Geografia de Lisboa (1923-11-03)
O salazaristas gostavam muito de fazer a estatística dos governos e das revoluções entre 1910 e 1926. Mas depois de 1926, nada melhorou. Em seis anos, entre 1926 e 1932, houve oito governos, no meio de golpes e de confrontos militares, como os que deixaram 200 mortos nas ruas de Lisboa e do Porto em Fevereiro de 1927.
A chamada “desordem” da República derivara da tentativa dos republicanos de marginalizar a antiga elite da monarquia constitucional e restringir a influência do clero. Ora, a Ditadura Militar procedeu a uma operação política análoga: procurou afastar a elite da república e liquidar a influência maçónica. Tal como o Partido Republicano em 1910, também os ditadores de 1926 provocaram uma ruptura, e não conseguiram logo entender-se sobre o que fazer. E tal como tinha acontecido em 1910, o resultado foi uma espécie de guerra civil intermitente, que a Ditadura travou com toda a ferocidade: censura à imprensa, proibição de partidos políticos, prisões, deportações, maus tratos e tortura.
Os custos da nova “desordem” ditatorial foram enormes. Foi preciso manter um exército desproporcionado e financiar operações militares constantes. As Forças Armadas consumiam pelo menos um quarto das despesas do Estado. Em 1926, o PRP conseguira mais ou menos estabilizar as finanças. Em 1928, a Ditadura Militar, na iminência da bancarrota, admitiu o recurso à ajuda financeira internacional. Salazar evitou a assistência da Sociedade das Nações, repetindo a austeridade a que o PRP já sujeitara o país antes de 1926. O fim político da “situação” manteve-se incerto até 1931-1932: acabou por ser a ditadura de Salazar; podia ter sido outra coisa.

Mitos anti-salazaristas

Entre 1926 e 1933, a Ditadura Militar evoluiu para um regime anti-democrático e anti-liberal, protagonizado por um professor da Universidade de Coimbra, Oliveira Salazar. Era um sistema em que as restrições das liberdades e das garantias não correspondiam a uma situação transitória, como num estado de sítio, mas a uma negação ideológica dos princípios da democracia representativa e do pluralismo político. A partir daqui, os opositores ao salazarismo passaram a conceber o 28 de Maio como tendo consistido num golpe anti-democrático contra uma democracia funcional e progressiva. Não é exacto.
A I República não foi democrática, nem funcional, nem progressiva. O eleitorado era mais restrito do que tinha sido durante a monarquia constitucional no século XIX. As arbitrariedades e violências policiais eram constantes, sobretudo no quadro da “guerra suja” que os governos travavam com os sindicatos anarquistas. Os anos 1920 coincidiram com o maior afastamento entre o nível de riqueza em Portugal e a média europeia. Nunca os portugueses foram tão pobres em relação aos outros europeus. A austeridade orçamental impediu que o progressismo da legislação alguma vez saísse do papel. A taxa de analfabetismo da população maior de 7 anos em 1920 era de 66%. Nem os republicanos se reconheciam no regime: “não é esta a república com que eu sonhei”. A demissão do presidente Manuel Teixeira Gomes em 1925, no meio da fraude bancária de Alves dos Reis, foi interpretada como a prova final da impossibilidade de reagir no quadro constitucional. Por alguma razão, os que tentaram derrubar a Ditadura Militar depois de 1926, a começar logo na revolução de Fevereiro de 1927, fizeram questão de insistir na ideia de que não pretendiam restaurar o regime anterior.
Em Maio de 1926, António Maria Silva acompanhou de perto todos os meandros da conspiração, quase sem fazer nada, entre o fatalismo de quem estava politicamente isolado, e a esperança de que, uma vez vitorioso, o golpe não produziria uma situação estável, o que talvez lhe permitisse regressar mais tarde 
Salazar a observar a maquete de Edgar Cardoso para a ponte de Santa Clara em Coimbra, concluída em 1954. 
Nos anos 20, a República já era um regime onde quase todos os políticos, à direita e à esquerda, procuravam o apoio das forças armadas e consideravam soluções ditatoriais para governar. Depois da intervenção na Grande Guerra (1914-1918), o número de oficiais era desproporcionado, e sentiam-se mal pagos e mal equipados. Essas queixas contrastavam com as múltiplas homenagens ao Exército, no contexto das comemorações da Grande Guerra, e com o papel que os militares desempenhavam na manutenção da ordem pública, sobretudo depois da redução dos efectivos da GNR em 1922-1923. Cada partido político procurou ter pelo menos um general entre os seus simpatizantes, de modo a dar a ideia de que podia contar com as casernas para se impor. O resultado de tudo isto foi a formação de núcleos de militares conspiradores, cheios de desprezo pelos políticos e cada vez mais convencidos de que só eles poderiam salvar o país. O golpe militar tornou-se inevitável. Significativamente, em Maio de 1926, António Maria Silva acompanhou de perto todos os meandros da conspiração, quase sem fazer nada, entre o fatalismo de quem estava politicamente isolado, e a esperança de que, uma vez vitorioso, o golpe não produziria uma situação estável, o que talvez lhe permitisse regressar mais tarde.
Aos amigos, Silva chegou a dizer que dava “oito dias” à Ditadura. Enganou-se. Porque tal como 25 de Abril inseriu Portugal numa vaga europeia de democratização, também o 28 de Maio inscreveu Portugal numa tendência geral da Europa: a do autoritarismo. Mas esse autoritarismo não era só de direita, como pretenderam as oposições anti-salazaristas. Havia também um autoritarismo de esquerda, que transparece no entusiasmo da revista Seara Nova por uma “ditadura regeneradora”. À esquerda e à direita, desejava-se um governo livre da chicana parlamentar, que construísse um Estado integrador, e criasse estabilidade depois das rupturas económicas e sociais da I Guerra Mundial. E havia gente disponível para se juntar a quem quer que provasse capacidade para realizar esse projecto, como alguns autores da Seara Nova, que se tornaram colaboradores do salazarismo (Quirino de Jesus e Ezequiel de Campos). Em suma, o 28 de Maio correspondeu também a uma transformação da I República, e não apenas a uma ruptura com a I República.

A doutrina do interregno

O 28 de Maio assentou na prerrogativa de um movimento militar representar o país. O general Gomes da Costa deixou isso claro, na sua proclamação de Braga: “Entre todos os corpos da Nação em ruínas, é o Exército o único com autoridade moral e força material para consubstanciar em si a unidade de uma Pátria que não quer morrer”. A 1 de Junho, numa reunião com Mendes Cabeçadas em Coimbra, foi ainda mais claro: “eu e o comandante Cabeçadas representamos neste momento, aqui, a vontade da Nação”.
Dois anos depois, o escritor Fernando Pessoa desenvolveu essa tese no ensaio O Interregno. Defesa e Justificação da Ditadura Militar: num país dividido em duas “metades” incompatíveis, sem um “ideal nacional” comum, nem uma “vida institucional legítima”, só a força armada poderia manter a “ordem”: “tem pois a força armada que ser ela mesmo o regime”. Mas esse Estado militar causou sempre imensos problemas à coesão e à disciplina das Forças Armadas: ao tentar representar a unidade da Nação, as Forças Armadas estavam condenadas a dividir-se através do debate político. O que quer dizer que ao mesmo tempo que havia um impulso nas Forças Armadas para intervir, havia um impulso não menos forte para se absterem.
Os quartéis e os cafés de Lisboa foram então alvoraçados pelos chamados “sovietes de tenentes”, sempre cheios de iniciativas e ideias. Todos os negócios públicos dependiam do famoso “parlamento do Café Martinho”, onde, entre cafés e jogos de bilhar, a juventude militar discutia política aos berros 

Fernando Pessoa com Costa Brochado no Café Martinho da Arcada, Praça do Comércio, Lisboa 
Tal como em 1974, por detrás dos generais que apareceram a tomar conta do governo em 1926, estava uma massa de jovens oficiais, cuja agitação acabou por provocar um processo revolucionário acidentado. A ideologia favorita dos “tenentes de Maio” não foi o marxismo, mas o nacionalismo contra-revolucionário. Mas em certa medida, o efeito político foi análogo: o repúdio do que existia e a irreverência pela hierarquia. Os quartéis e os cafés de Lisboa foram então alvoraçados pelos chamados “sovietes de tenentes”, sempre cheios de iniciativas e ideias. Todos os negócios públicos dependiam do famoso “parlamento do Café Martinho”, onde, entre cafés e jogos de bilhar, a juventude militar discutia política aos berros. Mas foram eles – os “rapazes da ditadura”, sobretudo os do Batalhão de Caçadores 5, com quartel em Campolide — que seguraram a situação, derrotando as esquerdas no local onde elas tinham sempre mandado, a rua. Mas por vezes, os “rapazes” pareceram perigosos também para os próprios ditadores. Em Agosto de 1927, um grupo foi pedir satisfações ao governo: depois de uma discussão, o presidente Carmona deu voz de prisão ao tenente Moraes Sarmento. O tenente não se ficou. Com uma pistola em cada mão, reagiu a tiro, furando as calças de um ministro e esburacando as paredes do gabinete, antes de ser dominado pelos seus camaradas. Constou que, mesmo assim, ainda conseguira dar um pontapé no presidente. Significativamente, ninguém se atreveu a prendê-lo.
Inicialmente, a força de Salazar veio da afeição que lhe tinham os “rapazes da ditadura”, dos quais alguns haviam sido seus alunos na Universidade de Coimbra. Tinham-se lembrado dele em 1926, passara por Lisboa em Junho, mas percebera que a Ditadura ainda estava demasiado indefinida. Em 1928, voltou a parecer a muitos tenentes a garantia de que uma nova geração, com novas ideias, governaria o país. Mas Salazar correspondeu também ao desejo da hierarquia militar mais tradicional, à frente da qual estava o general Carmona, presidente da república, de afastar o Exército da governação directa, como forma de preservar a disciplina, posta em causa enquanto ministros e políticas continuassem a ser discutidas em reuniões nos quartéis.
Os “tenentes de Maio” não se mantiveram salazaristas para sempre. Tal como em 1974, também muitos dos protagonistas do 28 de Maio acabaram marginalizados e em oposição ao regime a que a sua revolução dera origem. Os mais denodados inimigos de Salazar na década de 1960, Humberto Delgado e Henrique Galvão, tinham sido “tenentes de Maio”. Nos anos 30, entusiasmados com o fascismo, haviam lamentado a “moleza” de Salazar e a sua contemporização com os velhos “políticos” republicanos; a seguir à II Guerra Mundial, impressionados com a vitória dos Aliados, revoltaram-se contra a “dureza” de Salazar e a sua relutância em conformar-se com a democracia de tipo ocidental.
Os “tenentes de Maio” não se mantiveram salazaristas para sempre. Tal como em 1974, também muitos dos protagonistas do 28 de Maio acabaram marginalizados e em oposição ao regime a que a sua revolução dera origem. Os mais denodados inimigos de Salazar na década de 1960, Humberto Delgado e Henrique Galvão, tinham sido “tenentes de Maio” 


Humberto Delgado

Em 1958, Humberto Delgado invocou o 28 de Maio, como aliás já tinha feito o candidato presidencial da oposição, almirante Quintão Meireles, em 1951, para lembrar que só as Forças Armadas sustentavam a ditadura salazarista. O Estado Novo, a partir de 1933, pretendeu já não ser uma Ditadura Militar. Elegeu deputados, inventou a União Nacional, a Legião Portuguesa e as corporações, imitando a Itália fascista. Mas os militares continuaram a assegurar a presidência da república, os ministérios militares, os governos coloniais, as chefias das polícias (incluindo a PIDE), as comissões de censura, e a direcção da Legião Portuguesa. O Estado Novo nunca assentou num partido e nas suas milícias, como os regimes fascistas, mas na ligação às Forças Armadas. Como disse a Salazar o ministro da Defesa, o futuro general Santos Costa, em 1958, “neste país sem consistência nem consciência política, ter consigo a tropa é ter praticamente quase tudo”. Por isso, as maiores crises da ditadura salazarista foram sempre determinadas por agitação das chefias militares, como em 1958 ou em 1961. Quando, em 1974, após treze anos de guerra em África, as Forças Armadas se voltaram contra o regime, o Estado Novo desmoronou-se num dia.
Depois do 25 de Abril, a situação de “interregno” não acabou logo. O PREC de 1975 representou ainda uma tentativa de sujeitar o pós-salazarismo a uma tutela militar revolucionária, agora marxista. O “interregno” – isto é, a ideia de que as próprias Forças Armadas tinham de ser o regime — só acabou nos anos seguintes, com a institucionalização de uma verdadeira democracia pluralista enquadrada pela União Europeia.

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