Covid-19. Seis crianças estão internadas na Estefânia em estado grave


A grande maioria dos pacientes internados não tem outras doenças associadas. 

Maria João Brito, responsável pela Unidade de Infecciologia do Hospital Dona Estefânia, afirmou que, desde o dia 9 de março até esta segunda-feira, já estiveram 30 crianças internadas na unidade de saúde, infetadas com covid-19. Neste momento apenas seis crianças se encontram hospitalizadas mas encontram-se em estado grave.
 Numa entrevista à revista Sábado, a médica sublinha que a grande maioria não tinha outras doenças associadas. “Só uma pequena minoria tem comorbidades, doença crónica. A grande maioria dos doentes com gravidade que temos são crianças saudáveis. Perfeitamente saudáveis”, afirma, explicando “que este vírus não escolhe idades, classes sociais, sexos, nem etnias, este vírus é igual para todos e, qualquer um de nós, pode ficar infetado”.
 A responsável pela Unidade de Infecciologia do hospital diz que ao início os profissionais de saúde consideravam que as crianças não iriam ser afetadas pela doença, no entanto existem menores que estão a ser afetados gravemente pelo novo coronavírus.  As idades dos menores infetados também são muito diferentes. “Tenho doentes de todas as idades: de 4 meses, de 7, 8 e 9 meses, 9 anos, 17 anos...", afirma a responsável pela Unidade de Infeciologia do hospital. 
Os profissionais de saúde do hospital têm permitido a presença dos pais nos quartos das crianças mais pequenas. "Nós permitimos que a mãe, ou o pai, acompanhem as crianças no internamento. Alguns pais estão infetados e nós permitimos que eles fiquem mesmo assim – se não tiverem doença grave. As crianças não ficam sozinhas, penso que isso é uma coisa que tranquiliza os pais", afirma Maria João Brito.

  ionline.sapo.pt

Vírus deixa artistas algarvios sem palco e sem trabalho



As concentrações são o inimigo público número 1 neste momento de luta contra o vírus. E o mundo da cultura e do espetáculo foi o primeiro a cancelar eventos. Milhares em todo o País. Centenas no Algarve. Ser agente cultural, ser artista, é por estes dias estancar o contacto com o indispensável destinatário do trabalho, o público. Mas no mundo real, como sobrevivem os artistas sem aplausos, forçados a ficar em casa. Ao JA, artistas algarvios da música, dança e teatro relatam as dificuldades por que passam nestes dias de aperto
Miguel Correia é conhecido no mundo do djing [área de trabalho dos DJ’s] como Deelight, desde 1998. Natural de Portimão, está a viver o surto do covid-19 à porta de casa, uma vez que vive a cerca de 100 metros de uma das escolas encerradas e que teve infeção confirmada numa professora.
A sua profissão, de reproduzir música e oferecer um espetáculo aos amantes da noite, está suspensa por tempo indeterminado devido ao cancelamento e adiamento de todos os eventos a nível nacional, à ordem de encerramento das discotecas e similares e à obrigação dos bares encerrarem às 21h00, medidas implementadas pelo Governo para combater a evolução do surto.
Deelight
Sem pistas de dança não há DJ’s
“Tenho contas para pagar e bocas para alimentar”, confessa Deelight ao JA. Os prejuízos para o artista são de 100% e o que a maioria dos promotores fará é “reagendar futuramente o que agora foi cancelado. Mas isso traduz-se à mesma numa perda. Se não trabalhas este sábado, não ganhas… Mesmo que faça o gig [espetáculo] numa data mais para a frente, já perdi a noite que foi cancelada para esse ou outro cliente”.
O mês de abril estava “bem preenchido” na agenda de espetáculos de Deelight, com as férias da Páscoa no Algarve e as viagens de finalistas no sul de Espanha.
O DJ e produtor de música eletrónica considera que deveria haver um bom apoio do Governo, mas acha que “o Estado considera a nossa arte como marginal. Para o Estado só as artes clássicas é que são dignas de apoio. Ou seja, só as que não são continuadamente autosustentáveis é que o Estado sustenta”.
Na indústria da música de dança, ser DJ não é fácil, pois “muitos têm de trabalhar durante o dia para se sustentarem, para conseguirem continuar a fazer música e a apresentar-se ao vivo” à noite, salienta Miguel Correia ao JA.
“Se fores uma Companhia de bailado ou de Teatro, vives à custa do Estado. Isto está mal desde a nascença”, alerta o DJ algarvio, que dá o exemplo da Holanda, onde é dada muita importância e apoio por parte do Governo à música eletrónica, com artistas como Hardwell e Martin Garrix, dois dos maiores DJs e produtores a nível mundial, a receberem apoios públicos.
“Só nos preocupamos em preservar o clássico, em detrimento do atual. Mas a verdade é que daqui a 200 anos arriscamo-nos a não ter espólio cultural desta época”, salienta Deelight ao JA.
Com o verão à vista, época alta no Algarve e com a reabertura de muitos espaços de diversão noturna sazonais, Miguel tem medo que “haja um receio nas marcações por parte dos clientes” até que o surto do vírus covid-19 tenha passado e as discotecas possam reabrir, uma vez que os meses de maio e junho também já estão praticamente preenchidos na sua agenda.
Entretanto, Deelight vai cumprir o seu dever como cidadão e isolar-se, em estúdio, de onde sairão novas produções musicais que apresentará nos próximos meses. Mas os adeptos de DJ sets não têm ficado sem música: durante o fim-de-semana, através de uma transmissão em direto no Facebook, Deelight ofereceu um set de eletrónica a todos os cidadãos que cumprem isolamento social aconselhado pelo Governo.
Pi Amaro
Situação “ingrata” preocupa bailarinos
Os bailarinos são outra das classes artísticas que já estão a sofrer consequências do surto do vírus covid-19. Pi Amaro, bailarina profissional que pertence à equipa das festas Revenge Of The 90s e da atual digressão do Deejay Télio, confessou ao JA que atualmente está sem trabalho, por tempo indeterminado.
“O que me assusta mais, nem é o facto de eu estar sem trabalho neste momento. É não saber quando é que posso vir voltar a ter emprego, porque as atuações estão todas a ser canceladas”, revelou a jovem de 29 anos, natural de Altura, concelho de Castro Marim.
Os próximos espetáculos onde iria atuar, as festas Revenge of The 90s em Faro e Guimarães e os concertos de Deejay Télio nas viagens de finalistas em Espanha foram adiados, tal como as aulas de dança que leciona em Lisboa.
Em relação às dificuldades que os artistas podem vir a passar, Pi afirmou ao JA que graças aos seus descontos de ordenado, pensa que terá direito a um subsídio de desemprego, mas já está a ver os colegar a “tremer as pernas” em relação a esta situação “ingrata”.
Em relação ao covid-19, a bailarina tem esperança que o surto passe rápidamente mas tem “um pressentimento um bocadinho mau” pois “parece que só agora é que a coisa está a evoluir e nós não estamos preparados minimamente para essa evolução que vai surgir, porque o nosso sistema de saúde tem grandes problemas”.
Na sua opinião, Pi acha que apesar de todos estes adiamentos de eventos, “sempre é melhor do que cancelar” definitivamente. No entanto, “ninguém está a dar datas para quando esses eventos voltarão a decorrer, porque também não sabem”.
Um dos problemas que salienta em relação ao adiamento e suspensão de eventos é que “quando começarem a reagendá-los, podem vir a ser marcados uns em cima dos outros e não vai dar para fazer tudo aquilo que poderia ser feito ao longo do ano” e é impossível estar em dois sítios ao mesmo tempo.
Na sua agenda de atuações, o mês de maio ainda não sofreu muitas alterações, com exceção das datas marcadas para o estrangeiro, e a bailarina pensa que os promotores “estão à espera de perceber se há necessidade de adiar mais eventos, pois todos perdem dinheiro”.
Pi Amaro considera que deveriam existir mais apoios do Ministério da Cultura e do Governo para os artistas, principalmente para os que trabalham em regime de freelancer, mas destaca que esta classe já está “tão calejada em relação a levar pontapés”, que acaba por deixar de acreditar neste tipo de iniciativas. “Era bom que se lembrassem de nós, pelo menos uma vez”, concluiu.
Evgeniy Belyaev
Belyaev sem palco para a sua companhia de dança
Evgeniy Belyaev é diretor artístico da Companhia de Dança do Algarve (CDA), que agora ficou sem palco para dançar.
“É uma situação que não depende de nós, não podemos fazer nada”, referiu o Belyaev ao JA, em relação a todos os adiamentos e cancelamentos de eventos devido ao surto de covid-19.
Com esperança, o diretor artístico de 58 anos afirmou que “os eventos vão continuar, quando as coisas melhorarem e acho que as coisas vão se resolver rapidamente”, considerando o surto como “controlado”.
“Se do outro lado do mundo conseguiram, vamos pensar positivo que vamos superar isto com uma vitória”, referiu o diretor artístico da CDA ao JA, salientando ainda que “os valores monetários não são maiores que o valor humano”.
O mais importante neste momento para Belyaev, é a necessidade de estarmos bem protegidos e de “compreender que precisamos de ter alguns cuidados”.
Para o diretor da companhia, que também sofreu com cancelamentos e adiamentos de eventos e concursos, é preferível “parar um pouco para depois realizar tudo, sem problemas”, apesar de algumas dificuldades financeiras que possam existir nesta área.
Viviane
Viviane e os músicos desprotegidos
Na área da música, a cantora algarvia Viviane viu um concerto solidário onde ia participar ser cancelado devido ao covid-19. Este vírus “vai ter consequências para todos, mas para os artistas não sei muito bem o que vai acontecer”, disse a vocalista dos Entre Aspas ao JA.
“Os meus colegas, um pouco por todo o lado, estão a receber cancelamentos de concertos. Não há depois uma forma de compensar o dinheiro perdido com isso”, referiu.
A artista confessou que os músicos, neste momento, sentem-se “desprotegidos sem saber o que vai acontecer, porque não se sabe quanto tempo vai prolongar” o estado de alerta implementado pelo Governo.
“Quando as pessoas entram numa sala, vêm um artista a cantar mas não sabem que há muita gente a trabalhar por trás”, desde técnicos de som, empresas de aparelhagem e todos aqueles que estão ligados a um espetáculo.
Segundo Viviane, toda a classe artística tem também de pagar a Segurança Social e maior parte trabalha de forma independente a recibos verdes, ou seja, “se não trabalharem, não ganham”.
As poucas respostas do Governo sobre apoios para este tipo de trabalhadores tem preocupado muito a classe artística, que, neste momento, “está sem saber o que vai acontecer”, revelou Viviane ao JA.
A cantora algarvia ainda tem concertos agendados para abril e espera que “a situação fique mais controlada, apesar da pandemia demorar ainda algum tempo, pois estamos à espera de um pico que ainda não aconteceu”.
Em relação ao vírus covid-19 que tem atingido todo o mundo, incluindo Portugal e a região do Algarve, Viviane considera que “é preciso estender o período de contenção” e que “é inevitável o contágio, mas o que interessa é estarmos unidos, cuidarmos uns dos outros e cumprir o que nos é pedido”.
Tendo a música como profissão principal e trabalhando na área há vários anos, Viviane confessa que “os músicos já estão habituados a períodos de espera”, como a sazonalidade do Algarve, e “esta situação tem de ser encarada como um período de dificuldades, mas com esperança de que possamos retomar a vida normalmente em breve”.
Ainda este mês, a cantora prepara o lançamento do primeiro single de apresentação do seu novo álbum, previsto para o dia 23 de março. “Já que não há espetáculos, concentro-me em estúdio”, revelou Viviane.
A nova faixa da Viviane pode ser uma boa solução para quem está de quarentena ou isolamento devido ao covid-19, uma vez que “as pessoas precisam de se distrair em casa e a música tem um grande papel nas pessoas, para passar o tempo”, concluiu.
Programação cultural de meses… cancelada em segundos
O Teatro das Figuras, em Faro, suspendeu toda a sua programação até ao dia 3 de abril e o diretor Gil Silva considera esta decisão difícil, mas necessária, e “má para todos os intervenientes, paralisando um setor”.
“Os artistas vivem da sua arte e quando ela não é sustentada, fica em causa e não é exibida”, mas neste caso, com estas condicionantes “tem de se aceitar”, confessou o diretor ao JA.
Em relação à programação, Gil Silva revelou que “todas as produtoras e artistas estão de pé atras e com receio, porque muitas delas são precárias e toda esta situação põe em perigo as próprias estruturas”.
No dia 3 de abril, o Teatro das Figuras fará uma nova avaliação e irão “tentar reagendar os espetáculos suspensos, para que depois possam ser apresentados”. Neste momento, o teatro encontra-se “à espera de confirmações para divulgar datas”, esperando tê-las definidas nesse dia.
Em relação aos bilhetes comprados pelo público para os espetáculos que foram adiados ou cancelados, “haverá o reembolso a quem quiser”, mas os mesmos estão válidos para as novas datas que serão divulgadas.
Apoio do Governo para recibos verdes é inferior ao salário mínimo
O Governo apresentou novas medidas implementadas aos trabalhadores de recibos verdes que estejam a sofrer uma grande redução da sua atividade, como os artistas.
O Governo pretende apoiar quem trabalha de forma independente, com recibos verdes, com um valor correspondente à remuneração registada como base de incidência contributiva, que terá um valor máximo de 438,81 euros.
Esta medida, que fica aquém dos 635 euros de salário mínimo atual e tem uma duração máxima de seis meses.
Para receber este apoio, os interessados têm de apresentar um requerimento, o seu trabalho tem de ser exclusivamente feito com recibos verdes, não podem ser pensionistas e têm de ter estado sujeitos ao cumprimento das obrigações contributivas à Segurança Social.
Gonçalo Dourado

jornaldoalgarve.pt


"Há trabalhadores da construção civil a morrer com Covid-19", alerta sindicato




www.rtp.pt 



A denúncia parte de Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção de Portugal: "Já morreram construtores da construção Civil. Há dezenas de trabalhadores infetados e poderá ser o sector onde podem morrer mais trabalhadores".
Albano Ribeiro acusa a Direção-Geral da Saúde de nada dizer e muitos trabalhadores estão a trabalhar com medo e sem proteções. “Uma vergonha”, diz.

som audio








Com 600 mil trabalhadores da construção civil, o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil, Reis Campos diz que estão a cumprir o decisão do Governo e a implementar a proteção dos profissionais
Certo é que já apresentaram ao primeiro-ministro um novo formato para o sector e aguardam resposta avançar.

som audio





Rui Moreira, o “bolsonaro” português?




Uma coisa e “achar” ou “opinar”, discordando ou questionando as decisões da Direcção Geral de Sáude ou da Organização Mundial de Saúde , sendo certo que o conhecimento científico reside, no final, ora na OMS, a nível mundial, ora na DGS a nível nacional, organizações que são assessoradas pelos mais reputados cientistas e investigadores .
Uma coisa é uma autoridade pública debater com a DGS determinadas decisões, discordando ou propondo decisões diferentes.
Outra coisa é desautorizar publicamente essas decisões e fazer apelo à desobediência pública, com o fez o presidente da Câmara do Porto ao afirmar, em comunicado oficial, que “deixa de reconhecer autoridade”(sic) à directora geral de saúde!!!!
Seria bom que toda a gente percebesse, principalmente as instituições e as autoridades civis, que a máxima autoridade neste momento, para um combate eficaz à pandemia é, a nível mundial, a Organização Mundial de Saúde e, a nível nacional, a Direcção Geral de Saúde.
Infelizmente estamos a assistir às mais diversas atitudes irresponsáveis de líderes políticos mundiais, de Trump a Bolsonaro, ao aproveitamento político de outros, como Órban a aproveitar-se da situação para impor a primeira ditadura efectiva no espaço da União Europeia, às palhaçadas de outro ditador europeu, o presidente da Bielorrússia, ou às conhecidas afirmações repugnantes do governo holandês.
Por cá, vemos muita gente a tentar pôr-se em bicos do pés, ou a fazer chicana política, como a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
O que talvez não se esperasse era assistir a um líder político fazer apelos à desobediência como o fez Rui Moreira.
Num momento em que todos deviam a estar a remar para o mesmo lado, quer Rui Moreira ficar para a história como o Bolsonaro português?

Carlos Fiolhais: ″Só há três competidores no planeta: o homem, os vírus e as bactérias″







 



Está fechado em casa há duas semanas como muitos portugueses e olha com esperança a situação do mundo sob uma pandemia que não se adivinhava poder regressar ao planeta de uma forma tão violenta. 

Não perdeu a confiança na ciência mas também não acredita que a humanidade sairá deste susto tão diferente assim. Nem ao nível da economia, um dos piores receios para o passo seguinte nas sociedades, mesmo que acredite em algumas alterações políticas em países com governantes como Trump ou Bolsonaro. 

Quando se lhe pergunta se as pessoas poderão "perder" a cabeça nestas próximas semanas de isolamento social, responde com cautela: 

"Não direi perder, mas sei que nem todos estão com a cabeça segura. O que é preciso agora? Responder racionalmente ao problema. Ele existe e é preciso usar o melhor do nosso conhecimento e ter muito em conta a atitude de cada um para resolver a questão."

Como vai ficar o mundo depois desta quarentena?
Não sabemos como é que isto vai acabar, de facto há uma grande incerteza em tudo e essa é a maior das nossas maiores preocupações. Não sabemos lidar com a incerteza, até pode acontecer que não seja apenas um pico agora e que volte mais tarde, no inverno, mas estou confiante de que vai passar. Irá haver um mundo depois deste surto epidémico e tudo irá continuar - não lamento desiludir os que anunciam o fim. É claro que teremos de fazer por isso e esta crise poderá revelar tanto o melhor de nós como o pior. Aliás, esta situação já se verifica. No melhor, por exemplo, o podermos rapidamente espalhar conhecimento com base na ciência que temos. Não sabemos tudo, mas sabemos muita coisa. No pior, é o espalhar da desinformação através das redes que temos montadas e que resultam também do conhecimento científico.

Como se pode exibir essa forma de pior?
Não sei o que passa pela cabeça de pessoas que inventam falsidades e as espalham, com o medo que daí resulta e nos tolhe os movimentos. O medo nem sempre é um fator de racionalidade.

O que sabemos agora e podemos fazer?
Sabemos que é um vírus, situação que há cem anos, na gripe espanhola de 1918, se desconhecia. As pessoas morriam sem saber porquê. Agora, com base na sequenciação do genoma do covid-19, já feito de uma forma muito rápida, avançou-se muito. A pandemia foi declarada em março, o primeiro caso conheceu-se em novembro, mesmo que só no final de dezembro se soubesse o que era, porque existiam pneumonias a mais na China.

Até há dias acreditava-se no poder infinito da ciência. A falta de uma resposta científica não fará descrer nesse conhecimento?
A ciência está a fazer o que pode. Os testes que foram criados são fruto de uma tecnologia extremamente rápida - nunca vi a ciência ser posta tão rapidamente em ação - e já sabemos quais os meios que temos para nos prevenirmos. A questão do distanciamento social é uma das respostas, que vai mudar a nossa sociedade. E atenção, porque não iremos precisar dele apenas por dois meses.

Até há dias falava-se em ir a Marte, mas nem se é capaz de resolver o problema na Terra!
Vamos conseguir resolver com certeza, só que dentro das limitações que temos. Não somos super-homens nem deus e devemos evitar certas expectativas por parte de algumas pessoas.

Esta quarentena poderá ser uma lição?
Sim, será uma lição, mas apenas para as pessoas que depositavam demasiadas expectativas na ciência. O que é a ciência? É apenas o melhor método que temos de conhecimento válido sobre o mundo. Que sairá reforçado - nunca diminuído -, pois até as pessoas que estão surpreendidas com o que está a acontecer devem lembrar-se de que o mundo está cheio de epidemias. Neste século já tivemos muitas epidemias, basta que se chame a este vírus o SARS-CoV-2, no entanto o que pensávamos é que era uma coisa pequena e lá longe; não foi o que aconteceu, é gigante e está por todo o mundo. Mas era bem conhecido dos cientistas, existiam previsões, tanto que há um relatório da Organização Mundial da Saúde de outubro que chamava a atenção para os perigos de uma epidemia.

Não se podia evitar esta pandemia?
As pessoas estão habituadas a carregar num botão ou a tomar um medicamento, mas esquecem-se de que essas situações pressupõem muitos anos de trabalho e décadas de investigação. Talvez a ciência devesse transmitir melhor a nossa relação com o planeta, que somos parte dela e que sempre dividimos a Terra com o resto da vida. Há um prémio Nobel especialista em biologia molecular, Lederberger, que diz que só há dois competidores no planeta: o homem e os vírus. Eu acrescentaria as bactérias, que são mais antigas do que os homens e que continuarão mesmo que aconteça algum cataclismo que ameace a espécie humana. Como somos parte da natureza e a evolução nos trouxe até aqui apesar de todos os ataques de vírus e de bactérias - a humanidade está aqui e mais forte do que nunca -, não sou pessimista. Aliás, temos um sistema de saúde e de higiene pública em Portugal que foi desenvolvido à custa de epidemias.

Não é uma novidade para os nossos antepassados estes combates epidémicos?
Não, no final do século XIX, Ricardo Jorge tomou medidas contra a peste bubónica no Porto, que era um surto da peste negra do século XIV, vinda da China também, e foi com isso que aprendemos. Contudo, não devemos demonizar os micro-organismos, até porque fazemos insulina com uma bactéria. Podemos dizer que temos uma enorme vantagem sobre os vírus e as bactérias, e há um historiador, Yuval Harari, que chamou recentemente a atenção para isso: os vírus e as bactérias não comunicam uns com os outros nem dizem da China para aqui "faz isto ou aquilo", enquanto nós estamos a falar entre os vários países do mundo. Partilhamos o mundo com vírus e bactérias, mas estou convencido de que somos mais poderosos. Basta ver que criamos ciência, cultura e meios de comunicação. Creio que há soluções e que sem a ciência não nos salvaríamos, mas não é apenas a ciência que nos salva, existem outras coisas - como a solidariedade e a cooperação - e também devemos estar atentos à economia, à política e à ética.

Está de quarentena? Já começou a questionar algumas das suas certezas ou mantém-se firme nas crenças sobre a ciência?
Sim, estou em casa há duas semanas e só saí uma única vez, evitando todos os contactos. Quanto a interrogações, não há pessoa que não as faça. Contudo, até agora nada descobri que não soubesse. Se tenho questionamentos filosóficos e metafísicos que não tinha antes, não. Esta situação vem consolidar algumas das questões de que eu estava convencido, por exemplo, que o conhecimento é um valor e que a sua partilha é importante. Mesmo fechados em casa, temos de perceber o valor enorme que é a possibilidade de comunicação. Estamos sozinhos, mas não estamos sozinhos; o mundo parece estar aparentemente fechado mas continua aberto na verdade, e esse é um conseguimento nosso. Quero crer que esta é uma oportunidade para a sociedade e para os governos acreditarem e valorizarem o conhecimento. Iremos sair desta situação de uma forma mais sustentável e, se eu já tinha esta certeza, sei que iremos continuar no mundo, só que com outros problemas para resolver.

Não faltam problemas ao planeta?
Será o caso das alterações climáticas globais, que, com este problema premente que nos afeta, será possível ver melhor que daqui a 30 ou 40 anos será tarde de mais. Não vemos as mortes a acumular-se com as alterações climáticas, mas perceberemos melhor que as décadas em falta para solucionar essa questão passarão num instante. Daí que espere que esta epidemia leve a uma consciencialização maior da que têm certas figuras inimigas da ciência, como Trump e Bolsonaro. Creio que acabarão também vítimas disto porque o que vai acontecer com a quebra da economia é que as pessoas perceberão melhor o que eles andaram a prometer que iria acontecer, negando a ciência. Portanto, há coisas que lhes vão correr mal.

É o preço da democracia?
Seria um dano lateral positivo se alguns desses personagens que não ajudam ao futuro do mundo pudessem cair. Estamos num estado de exceção, mas gostaria muito que as democracias resistissem a isto. A China respondeu, mesmo sendo uma autocracia muito forte e que lidou de uma maneira muito dura com esta situação, mas agora está a ajudar a Europa. Seria irónico que também tivesse de ajudar os Estados Unidos! Não acredito que a democracia esteja em risco nem quero, mesmo que não tenha sabido resolver o problema das desigualdades; o que precisamos é de mais democracia e o que estamos a fazer fechados em casa é sacrificar alguns dos nossos direitos na atualidade para os poder ter de forma plena depois. Vamos voltar à rua, fazer manifestações e greves, mas de momento fazemos uma interrupção voluntária.

Confirma-se que tem fé na ciência...
Fé não é a palavra, prefiro confiança na ciência...

Deixe-me usar a palavra fé, porque neste momento há milhões de católicos que não observam por parte da Igreja grandes respostas. Como será a reação à inoperância da Igreja perante esta crise?
Não é uma pergunta fácil, mas vou tentar responder. Entre os séculos XIV a XVI, por exemplo, quando não se sabia a origem dos males do mundo, estes eram atribuídos ao castigo divino. Num mundo dominado pelo cristianismo, era a fúria de Deus! Aliás, vimos isso em Portugal no século XVIII, quando o padre Malagrida é queimado pela Inquisição porque não queria reconstruir a cidade de Lisboa pois não valia a pena voltar ao mundo que existia por ser um mundo de pecado e, decerto, voltaríamos a ser castigados - reedificar a cidade era voltar a pecar. Agora, as cidades secularizaram-se e não estamos mais num tempo em que a questão seja entre ciência e religião - como já foi noutras épocas -, e sabemos o que é responsabilidade de cada uma. O problema do vírus não pertence à religião, embora esta possa ajudar e servir de consolo às pessoas. Com certeza que os religiosos encontram consolo na oração e soluções pessoais e, de algum modo, coletivas. A religião poderá ser uma força para a solidariedade numa situação de crise como é a atual, mas isso não quer dizer que a solução efetiva não tenha de ser da ciência. E a religião hoje sabe isso.

Os fiéis têm consciência de que a religião nada poderá fazer neste caso?
Não pode fazer nada do ponto de vista científico, mas pode o que sempre fez: criar coesão. Estou muito admirado pelo facto de terem acabado as missas em Portugal, uma coisa nunca vista nos últimos séculos, até diria que é inédito na história de Portugal porque mesmo no tempo em que as pessoas morriam por contágio, e houve epidemias terríveis - como a da gripe espanhola, que matou mais gente em todo o mundo do que a I Guerra Mundial, 50 milhões de pessoas -, e até nesse tempo a missa e os serviços religiosos continuavam. Agora estamos numa situação inédita, que é a de não termos serviços religiosos e tudo passar pelos meios de comunicação à distância que a ciência inventou. É muito complexo não haver funerais, uma realidade culturalmente muito entranhada entre nós e que neste momento está limitada a serviços mínimos. Conseguiremos lidar com isto temporariamente, mas tenho dúvidas de que consigamos por muito tempo.

GRIPE ESPANHOLA



Como vê certas profecias sobre o fim da pandemia?
As pessoas que vêm anunciar que isto está resolvido no dia xis estão enganadas. Nestas alturas aparece sempre muita gente a dizer coisas como, por exemplo, os modelos matemáticos; modelos não são mais do que isso. Um epidemiologista e um médico olham de outra maneira porque a questão é complexa e depende de muitos fatores. É que não é só a ciência a atuar, há a economia, dos valores da ética - que transcendem largamente a ciência. Sei que as religiões têm uma palavra sobre a ética, que é um assunto civil e laico, e neste momento há sobressaltos éticos enormes. Por exemplo: se tivermos um ventilador e dois doentes terminais, a qual deles vamos dar o aparelho? Este assunto que, felizmente, em Portugal ainda não se põe, acontece já em Itália e em Espanha. A quem serve o ventilador é uma questão da ética, é um problema de todos; de um momento para o outro estamos confrontados com questões em que a ciência não entra, ou só de forma muito limitada.

O que tem a ciência a dizer sobre a ética?
É preciso ter consciência de que a ciência tem limitações e não fornece respostas a algumas questões. Não dá resposta a questões do tipo religioso, filosófico ou metafísico. Diz coisas sobre o homem e a vida que são importantes para continuarmos a viver, mas não sobre os sentidos que alguns continuam a procurar e encontram. Percebo bem que a religião tenha um papel, mas situações como esta ajudam também a perceber que cada um tem o seu lugar e que não é o de conflito. O pior de tudo seria se as várias dimensões humanas entrassem em choque.

Nas últimas semanas, a sociedade portuguesa discutia a eutanásia. De um momento para o outro esse debate foi ultrapassado com situações de ter de deixar morrer pessoas, questionamento que até há alguns dias não se colocava aos médicos!
É isso mesmo, estamos perante problemas sobre os quais não pensámos o suficiente e espero que não estejamos a pensar mal agora. Vou crer que sim. Ao contrário da gripe de 1918, que atacava sobretudo os mais novos e levou pessoas na flor da idade, como Amadeo de Souza-Cardoso, Egon Schiele e Apollinaire, agora, por razões que só em parte percebemos, está a ter taxas de mortalidade que são notórias nas pessoas com mais de 70 anos e com outras fragilidades. É importante interrogarmo-nos se estamos a tratar bem essas pessoas, nomeadamente quando a sociedade estava a colocá-las em armazéns chamados lares. A questão é se depois iremos tratar os mais idosos da mesma forma.

Como vê o facto de filhos e pais não se poderem ver por agora para evitarem o contágio?
Neste momento a política de afetos tem de funcionar à distância, mesmo que haja esta questão: o afeto consegue anular a distância? A ciência não diz nada sobre isso, mas consegue dar meios para que uma questão humana, a do afeto, seja transmitida de outra forma que não com abraços e beijinhos. É até uma situação de reinvenção social, e não vai ser uma coisa por dois meses, iremos ter cuidado a cumprimentar durante muito tempo.

A ciência não terá a obrigação de se humanizar em face do que se assiste?
Calma... a ciência não é algo desumano, pelo contrário, é do mais humano que conheço. Este impulso que a espécie humana tem e que lhe garantiu a sobrevivência para chegar aos sete mil milhões de humanos no planeta não existiria sem ciência, nem estaríamos aqui nesta quantidade e nesta longevidade. A ciência assegura a continuação e a duração do humano, portanto não se pode dizer que é um conhecimento desumano. Não somos entes deslocados do mundo, somos feitos de células, estas de moléculas que obedecem às leis da física e da química. E não deixamos de poder amar ao saber como somos feitos, portanto a imagem de desumanidade que se cola à ciência é equívoca. Os cientistas que conheço são humanos e, espero voltar ao tempo em que os abraçava - eles eram feitos de carne e osso - apesar de neste momento não lhes poder tocar. Não conheço nenhum cientista extraterrestre. A ciência é um processo que não nos dá verdades absolutas, mas chegámos até aqui com este saber e iremos chegar mais além e com mais saber. É um caminho que conta também com a capacidade humana de compreender onde estamos e quem somos. Estas questões humanas estão escritas desde há muito no Templo de Apolo, em Delfos.

O que irá acontecer à cultura do individualismo que as sociedades vinham a valorizar perante a vivência deste isolamento social?
Não podemos fechar-nos em nós próprios porque desse modo não existe ciência e sociedade - não há coisa nenhuma. O homem é um animal social desde o neandertal e é essa ligação entre humanos que tem garantido a construção das sociedades e a nossa civilização. Assistimos a processos de maior ou menor agregação, maior ou menor individualização ou coletivização, mas uma coisa é certa, se não estivermos juntos não saberemos enfrentar dificuldades como até agora. A frase do Evangelho "Ama o teu próximo" é verdadeira, pois não temos mais ninguém para amar senão aqueles com quem partilhamos este planeta. Espero que esta crise nos leve a tomar consciência dessa proximidade com os outros e que o facto de estarmos isolados fisicamente neste momento temporário não poderá significar que não iremos precisar de voltar a estar juntos. E a nossa cultura tem aí um grande papel a desempenhar logo que possa voltar a acontecer, pois por agora não podemos estar juntos numa sala de espetáculos.

Não acredita no futuro dessa cultura do individualismo?
Talvez mais do que o individualismo é a do egoísmo, que sempre existiu, e pior do que isso é a do egoísmo de grupo. A questão dos nacionalismos era muito patente que estava em crescendo, como a da exclusão do outro, a da diferença com base na cor da pele ou da religião. Não garanto que não continue a acontecer, pois se não temos ainda vacina para esta epidemia, também será difícil encontrar aquela para os problemas da sociedade. Não tenho a ilusão de pensar que o mundo vai mudar subitamente. Não, está a ser bastante sacudido neste momento, mas este mundo como conhecemos vem assim desde o tempo dos gregos.

O mundo não mudará assim tanto com este pesadelo?
Não vai ser totalmente diferente, mas vai haver diferenças. Espero que certos comportamentos mudem, que a ciência seja mais percebida como um bem comum, que as nações saibam enfrentar as alterações climáticas, mas não tenho a certeza se o mundo vai ser melhor depois do que estamos a viver. Não se pode adivinhar o futuro nem, por exemplo, se irão acontecer grandes alterações na economia como tanto se fala. Ninguém o pode afirmar, para mim estão a confundir a realidade com os seus próprios desejos. Eu também posso estar a fazer isso, afinal projetamos sempre no futuro os nossos desejos. Mas de uma coisa estou certo, este tempo por que estamos a passar não será o fim da diferença entre as visões do mundo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um cessar-fogo dos conflitos em todo o mundo. O que acha desta proposta?
Eu percebo a intenção dele - de esperança e de paz -, mas é um bocadinho ingénua. Vimos em toda a história que nunca houve um período de paz. O conflito não vai acabar na espécie humana, vamos, sim, continuar a ser humanos noutras circunstâncias. O importante é saber como serão distribuídos os recursos acumulados.

Vai pôr-se a velha e grande questão sobre a diferença entre ricos e pobres?
Essa é uma questão permanente e não existe resposta fácil para ela. Seria bom dizer que vai haver mais equidade, no entanto, basta ver os EUA, que estão a ter esta epidemia em força agora e em que os pobres são os mais afetados. Isso é muito visível nesse país porque não têm um serviço nacional de saúde como os países da Europa. Os pobres irão sofrer mais nos EUA, o que nos leva até ao resultado das próximas eleições em novembro: esta epidemia pode mudar as intenções de voto nas próximas eleições? Não o sei, mas gostava que o atual presidente não pudesse continuar mais quatro anos.





Escreveu sobre a visita de Einstein a Lisboa em 1925 e de como foi ignorado...
Ele passou em Lisboa quando viajava de navio da Alemanha para o Brasil, onde foi recebido com todas as honras. Ele já era prémio Nobel, mas cá não foi reconhecido. Passeou na Baixa, foi aos Jerónimos e ao Castelo de São Jorge, reparou que as nossas varinas eram muito bonitas... foi pena que não tivesse encontrado o Fernando Pessoa, que andava pela Baixa nessa altura. Seria o encontro de dois génios, mas se passaram um pelo outro não se reconheceram. Até porque o Pessoa era desconhecido à época entre nós. Portanto, houve duas pessoas a quem não prestámos atenção, o que mostra que não é só para com os estrangeiros que temos dívidas. Estávamos na República e a educação, a ciência e a cultura científica eram muito embrionárias. Houve uma guerra mundial, a gripe espanhola, o assassínio do presidente Sidónio, golpes de estado sucessivos e uma crise económica grave. Depois a ciência não melhorou, veja-se a história de perseguições e censura aos cientistas. A nossa história do século XX não foi muito amiga da ciência e só mudou em 1974, mais em 1986 com a adesão à União Europeia e ainda mais em 1995, quando Mariano Gago foi ministro da Ciência e Tecnologia e colocou a questão da ciência no Conselho de Ministros e da cultura científica na sociedade. Neste momento, quando vem um cientista prémio Nobel a Lisboa toda a gente sabe.

Quero pedir-te desculpa por te ter chamado tantas vezes de estúpido. Agora, está decidido, vou ser como tu.




Helder Menor in facebook

Quero pedir-te desculpa por te ter chamado tantas vezes de estúpido.
Agora, está decidido, vou ser como tu.
A sério.
Vou deixar-me de politicas e de pensamentos críticos que não levam a lado nenhum só incomodam quem lê.
Vou deixar-me desta mania entranhada de ser sempre do contra. Vou passar a odiar os holandeses tanto como tu. Vou odiar os holandeses, e os espanhóis, e os alemães e os russos e a puta que os pariu a todos eles que não são portugueses de corpo e alma como tu e como eu.
Vou passar a odiar todos os estrangeiros que não respeitarem a lusitana alma de brumas e memórias. E se o primeiro ministro de Portugal (Portugal com maiúsculas, vês como aprendo depressa!), digo, se o primeiro ministro de Portugal se mostra zangado com um camone, seja ele de que país for, eu fico logo ainda mais zangado que o primeiro ministro, serei daqueles que pela pátria ergue a voz. Porque apesar da pele morena e cheiro a caril, o homem continua a ser o Nosso Primeiro Ministro. O Primeiro Ministro de Portugal, desta Nação Valente e Imortal. Afinal e contas também nasci e vivo debaixo da bandeira verde e rubra, com o escudo amarelo no meio.
Mais, e digo para te tranquilizar, a partir de hoje, só digo mal das coisas em grande consenso todos dissermos mal.
Melhor ainda, só vou estar contra as coisas a que o meu patrão estiver contra.
Se um gajo quer estar bem, tem de começar ser como os que estão bem. Agir como eles agem até se transformar num deles.
Vou deixar-me de criticar à toa, se o meu patrão, chefe, gerente ou administrador disser que é azul, para mim passa a ser azul, quero la saber da cor que vejo. Afinal e contas são eles é que me pagam.
E um dia compro um carro como o dele, se o banco me emprestar o dinheiro.
Também decidi que vou passar a ser um gajo mais sereno nas escolhas.
Vou passar a odiar os ciganos. E os pretos, todos todos não, mas a maior parte dos pretos. Pelo menos todos aqueles que não se comportarem como brancos. E os brasileiros que invadiram isto tudo.
E vou ficar solidário com os gajos do sef, que enraivecidos do governo vir dizer que agora com esta merda do vírus os emigrantes estão todos legais, na semana passada mataram à porrada um ucraniano. Esses, os ucranianos, também estavam bem era na terra deles, la na Rússia, vejam la se na Rússia há algum problema, com o cabrão do Putin andam todos direitinhos que nem um fuso. Ouvi dizer que o Putim...., esqueçam ia outra vez falar de politica e a politica deixou de me interessar no momento em que decidi ser como tu....
Não vou defender a pide nem o caraças, mas o que é certo é que o Salazar fez coisas bem feitas! Aprendi contigo a frase e vou repeti-la até à exaustão. Vou dizer como tu dizes que esta malta aprende é à porrada. Vou pedir cargas policiais para quem sair de casa. E vou assinar a petição a defender o gnr que matou o miudo.
Na volta, se calhar até deixo de votar. Tu sempre me disseste que eles são todos iguais. Por isso quando são as eleições não pôes lá o cu.
Vou começar a aprender de futebol. Aprender o que é um fora de jogo,o que é um livre, um pontapé de meio campo e essas coisas todas interessantes. Vou passara ser de uma equipa daquelas que ganha. Ou do Benfica ou do Sporting, porque vivo cá em baixo, se morasse la em cima era do Porto ou do Boavista.
Vou ficar a ver o telejornal e comover-me com os funerais a que os jornalistas não podem ir.
Como tu, vou ser contra as cunhas, contra todas as cunhas que não me favoreçam. E vou ser contra a corrupção e contra todos aqueles que não conseguir corromper com o meu baixo poder de compra.
Vou deixar-me de livros que têm escritas coisas que custam a entender e que é preciso ler várias vezes para perceber.
Vou ter pena dos velhinhos metidos em lares a morrerem de pneumonia contagiosa por essa província fora. Esses velhinhos tratados por trabalhadoras que ganham o salário mínimo e de fidelidade canina ao padre e ao presidente da junta que é quem manda lá no sitio e lhes arranjaram emprego. Esquece a parte do salário mínimo, tive um recaída!
Bem já chega de conversa.
Agora vou vestir-me de ladavainho e vou ao banco. Falar com o gerente, a ver se me arranja um ventilador que me aguente seis meses sem pagar a prestação da casa onde moro e que é do banco. Não levo gravata mas levo camisa, um homem tem de estar ao nível das coisas que faz.
Até vou convidar o gerente para beber um cafezinho. Mesmo que ele quisesse o café está fechado e por isso fico bem no retrato.
Já te disse, que vou ser diferente.
Vou ser como tu. Vou ser tu.
Só que não.

Não dá.
Mesmo que eu consiga engolir o teu almoço de macpizza sem vomitar. Mesmo que eu cerre os dentes e tranque a garganta para não te cuspir. Mesmo que eu te aguente no estômago, e te faça descer pelo digestivo canal de contemporânea submissão... Não consigo entranhar em mim essa tua essência de borrego manso que alimenta o fascismo dos dias. Lamento, mas vou ter de te parir. Vou parir-te naquelas dolorosas e involuntárias contracções do intestino, e sairás de mim num jorro sujo.
Logo agora que estamos numa fase de poupar o papel higiénico.

Estado de emergência vai ser renovado. Mais medidas na mão do Governo



Costa chamou Marcelo, Ferro e partidos para partilhar cenários da crise. Emergência vai ser prolongada com consenso


Marcelo quer renovar o estado de emergência mas o decreto presidencial não deverá mudar. Se o Governo quiser, tem margem para ir mais longe. "Vamos ter que prolongar as medidas adotadas", reconheceu o primeiro-ministro. E esta terça-feira, a "união nacional" dá início ao processo. Sondagem da Marktest diz que 94% dos portugueses quer que o PR prolongue as restrições por mais 15 dias.

​​O Presidente da República prepara-se para prolongar o estado de emergência que decretou há 15 dias e o Governo não se irá opôr. O sinal foi dado pelo primeiro-ministro na segunda-feira, quando afirmou que "vamos ter de prolongar as medidas que têm vindo a ser adoptadas, com estado de emergência ou sem estado de emergência”. Marcelo Rebelo de Sousa prefere que seja "com".
"Proponho aquilo que entender ser necessário", afirmou o Presidente aos jornalistas, sublinhando que antes vai "ouvir o Governo". A renovação do decreto não deverá alterar o seu conteúdo uma vez que, explicaram ao Expresso, o que está em vigor permite ao Executivo ir mais longe nas restrições, se assim o entender ou se sentir necessidade. Mas essa será uma decisão do Governo.
Um dos pontos em análise passa, como avançou o Expresso no sábado, por eventualmente calibrar algumas das medidas tendo em conta o período da Páscoa que se aproxima. E o facto de, como o Presidente alertou ontem, "sabermos que esta é uma situação que está para durar várias semanas", também está a exigir ponderação política e cálculo dos custos-benefício, do ponto de vista económico e social, de se prolongarem restrições às pessoas durante tanto tempo.
Por um lado, "a economia não pode parar", como Costa e Marcelo afirmam a uma só voz. Por outro, há o risco do cansaço começar a pesar nas pessoas levando-as a querer furar as restrições. O equilibrio tem que ser ponderado.
O processo começa hoje a ser preparado em mais uma reunião do poder político - Presidente da República, Presidente do Parlamento, primeiro-ministro, e líderes partidários - com especialistas do setor da Saúde e a que se juntam os parceiros sociais e os conselheiros de Estado. Depois de ter começado por os ouvir antes de decretar o estado de emergência, Marcelo decidiu associá-los ao encontro de hoje, onde entrarão por videoconferência.
António Costa já antecipou, de certa forma, o que aí vem quando disse que o país "vai entrar no mês mais crítico desta pandemia" e "sem fazer futurologia" considerou que "o que é expectável é que, sabendo nós que temos tido sucesso, felizmente, em baixar o pico da pandemia" se acabem por "prolongar" as restrições adotadas. Neste momento, recorde-se, as autoridades prevêem que esse pico chegue apenas no fim de maio.
Na quarta-feira, Governo e Presidente articulam agulhas e Marcelo enviará a sua decisão para o Parlamento que na quinta-feira a votará. Há 15 dias, tirando a abstenção do PCP, Verdes, IL e da deputada Joacine Katar Moreira, todos votaram a favor do estado de emergência. Ontem, o Barómetro de Opinião Covid19 da Marktest concluía que 94% dos portugueses consideram que o Presidente deve prolongar o estado de emergência por mais 15 dias.

expresso.pt