quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Juiz Vaz das Neves arguido por corrupção e abuso de poder





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O ex-presidente do Tribunal da Relação de Lisboa Vaz das Neves é arguido na Operação Lex por suspeitas de corrupção e abuso de poder relacionadas com a distribuição eletrónica de processos, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
A mesma fonte adiantou à agência Lusa que o juiz desembargador, jubilado desde 2016, tem como medida de coação termo de identidade e residência.
A Operação Lex, tornada pública em janeiro de 2018 e que continua em investigação pelo Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, tem como arguidos o desembargador Rui Rangel, a sua ex-mulher e juíza Fátima Galante e o funcionário judicial Octávio Correia, todos do Tribunal da Relação de Lisboa, o advogado Santos Martins e o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, entre outros.
No inquérito investigam-se suspeitas de tráfico de influência, de corrupção/recebimento indevido de vantagem, de branqueamento e de fraude fiscal, algumas delas relacionadas com a viciação de sorteios eletrónicos de distribuição de recursos para apreciação pelos juízes do TRL.
Após a divulgação na semana passada da sua alegada interferência na distribuição de dois processos, Vaz das Neves assegurou à Lusa que não teve "qualquer benefício material, ou de outra natureza" pela sua intervenção, enquanto presidente naquele tribunal superior, em atos de distribuição de processos.
"Não atuei com o objetivo doloso de gerar benefício para qualquer interessado nos processos referidos ou outros, sim gerir situações que, pela sua natureza e ante a delicadeza do contexto em que ocorreram, exigiram então a minha intervenção", afirmou o magistrado.

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Associação quer estar em reunião de magistrados, mas Conselho Superior rejeita






A Associação Sindical dos Juízes pediu para estar representada na próxima reunião plenária do Conselho Superior da Magistratura (CSM) que vai discutir o caso dos sorteios eletrónicos do Tribunal da Relação de Lisboa. O CSM recusou a presença.
Numa carta enviada ao Conselho Superior da Magistratura (CSM), a que a agência Lusa teve acesso esta quarta-feira, o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, Manuel Soares, justifica o pedido com as "suspeitas de incumprimento das regras de distribuição de processos no Tribunal da Relação de Lisboa", noticiadas na semana passada e relacionado com o processo Operação Lex.
"Em face da extrema gravidade daquelas suspeitas, bem como das notícias posteriores, das quais resulta que podem existir juízes jubilados a desempenhar funções remuneradas na arbitragem voluntária", Manuel Soares solicita ao órgão de gestão e disciplina dos juízes estar presente na sessão plenária de 3 de março.
O presidente da ASJP antecipa, na missiva, que "pretende expressar pessoalmente a todos os membros do CSM a posição da Associação sobre a matéria".
Numa informação enviada à agência Lusa, a Associação Sindical dos Juízes diz que o CSM recusou o pedido.
"O Conselho Superior da Magistratura comunicou que não é possível atender o pedido porque a posição da ASJP é conhecida publicamente e porque o agendamento da próxima reunião plenária do dia 3 de março não permite qualquer alteração", escreve o sindicato.
A ASJP lamenta esta impossibilidade de agenda, "mas não deixará de comunicar por escrito a sua posição aos membros do Conselho Superior da Magistratura, a tempo de ser tida em conta na próxima reunião plenária, sem prejuízo de insistir com novo pedido de audiência para outra data, caso seja ainda útil e oportuno", adianta a direção.
Nas sequências das notícias da semana passada sobre as suspeitas de viciação de sorteios eletrónicos que recaiam sobre o ex-presidente do TRL, a associação de juízes exigiu ao CSM uma "sindicância urgente" aos procedimentos de distribuição de processos no Tribunal da Relação de Lisboa, para verificar se existiram irregularidades.


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