quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

ESPIONAGEM

KHALED E A ORELHA REDENTORA


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Khaled Al Hariri 

O Governo hebraico sempre mobilizou a Mossad e respetivos Kidon (agentes especiais encarregados de executar os inimigos de Israel) para perseguirem os inimigos de Israel. Um desses inimigos era um alvo: Khaled Meshal, presidente do comité político do Hamas, o conhecido movimento islâmico palestiniano. A missão tinha um problema irresolúvel: Meshal residia em Amã, a capital da Jordânia, e, desde 1994, Israel tinha em vigor um acordo de paz com o reino hachemita que interditava quaisquer manobras da Mossad no seu território. Bibi achou que valia a pena arriscar.
A 25 de setembro, dois supostos turistas canadianos vão atrás de Meshal. Um deles transporta um veneno letal que devia ser atirado à cara do palestiniano; o outro leva na mão uma lata de Coca-Cola que deve ser aberta segundos antes do ataque, como manobra de diversão. Na retaguarda, mais de uma dúzia de operacionais aguardam para o que der e vier. As coisas não correm bem. Meshal percebe que há algo de errado quando o abordam e, aos gritos, oferece resistência. Algumas gotas venenosas atingem-no numa orelha. A confusão instala-se e a dupla da Mossad é detida. O rei Hussen é avisado e, por telefone, desanca Netanyahu e solicita também os bons ofícios de Bill Clinton. O primeiro-ministro israelita é obrigado a disponibilizar o antídoto às autoridades jordanas e Meshal é salvo in extremis. O fiasco é tal que o Executivo de Telavive, como moeda de troca, teve ainda de libertar vários prisioneiros do Hamas, incluindo o xeque Yassin, o líder do movimento.

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KIM, O GRANDE ARTISTA


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Bettmann

É muitas vezes apontado como o mais importante espião do século XX, por ter sido agente duplo ao serviço do Reino Unido e da União Soviética. Harold Adrian Russell Philby, vulgo Kim Philly, nasceu na Índia em 1912 e estava destinado a uma vida agitada ou não fosse ele filho de um diplomata e aventureiro. Formado em Cambridge, foi recrutado pelos russos ainda na universidade. Durante mais de três décadas comete a proeza de ser um dos principais responsáveis da contraespionagem britânica, desempenhando um papel fundamental na Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha nazi, até desertar para Moscovo, em 1963, onde viverá até ao final da vida. 
Existe  um livro: Un espía en la trinchera, do jornalista Enrique Bocanegra, revela até que ponto Philly era um artista do disfarce: enviado para cobrir a guerra civil como repórter de Times, passa vários meses do lado republicano em 1937 e, dois anos depois, faz o mesmo junto dos nacionalistas do general Franco. Quando o conflito termina, e por se ter feito passar por um jornalista conservador com simpatias nazis, Franco decide condecorá-lo pessoalmente com a Cruz Vermelha de Mérito Militar.

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POPOV, O VERDADEIRO ESPIÃO


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RALPH GATTI

Tal como Kim Philly, também Dusko Popov era um mestre nas artes da espionagem. Um e outro poderiam disputar o título de melhor espião do último século e ambos viveram episódios dignos de entrarem em qualquer filme de ação. Enquanto o britânico tentava ser discreto e reservado, o jugoslavo era um boémio que adorava dar nas vistas, nem que fosse para camuflar as suas reais intenções. 
Foram publicados dois livros: Na Toca do Lobo, de Larry Loftis (editora Vogais), e Estoril, um Romance de Guerra (Contemporânea), de Dejan Tiago Stankovic traçam o perfil ao advogado nascido no antigo império austro-húngaro, a pretexto das suas desventuras em Lisboa e no Estoril, onde passou boa parte da Segunda Guerra Mundial. Em 1976, ele próprio admitiu numa entrevista ter sido a personagem que inspirou James Bond, criado por Ian Fleming com quem se cruzou em território português, no verão de 1941, quando este era também um espião ao serviço de Sua Majestade. Ninguém duvida que a cena de bacará protagonizada por 007 em Casino Royal é decalcada da famosa noite em que Popov apostou 5 mil dólares numa mesa de jogo do Estoril. No entanto, o currículo deste homem a que os alemães chamavam Ivan e os britânicos Triciclo supostamente por gostar de levar duas mulheres para a cama não se pode esgotar nas semelhanças com o agente secreto mais conhecido da História. Bond é um produto de entretenimento. Popov foi decisivo para derrotar Hitler.

visao.sapo.pt

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