quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Nada acontece por acaso… tudo tem uma razão para acontecer e a sua consequente explicação!

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António Jorge (in facebook)

Nada acontece por acaso… tudo tem uma razão para acontecer e a sua consequente explicação!
Antes da palavra certa… por mim, construída… penei escrevendo muito por razões profissionais.
- Como tive oportunidade de dizer antes, eu fui trabalhar aos 11 anos de idade, com a antiga 4ª. classe - (2º. grau do ensino primário) para o comércio de papelarias, porque em concurso para a admissão do emprego em disputa, era importante a boa caligrafia… e eu destaquei-me na prova, entre outros concorrentes com 14 anos. E mesmo com esse contratempo de pouca idade suficiente para poder trabalhar, acabei sendo admitido para a empresa, mesmo não tendo idade para tal.
Tinha, por obrigação patronal de fazer cópias num caderno escolar colégio médio (caderno de duas linhas paralelas) para evoluir e melhorar a caligrafia, que tinha de apresentar há segunda-feira, ao sócio principal da empresa, para analisar a minha evolução, e que teria de corresponder a uma cópia por dia - 7 por semana.
Antigamente ser facturador numa empresa, e nomeadamente revendedora do comércio, implicava essa especialização sobretudo, ter letra bem legível e certa, se possível bonita... e saber fazer contas.
Eram os meios que as empresas tinham, nesse tempo… nos tempos em que era importante o contributo individual de cada um dos trabalhadores na organização e nas tarefas especializadas do trabalho.
Hoje uma das razões da queda dos salários médios, é consequência da perca da especialização intelectual, nas tarefas do trabalho, que conduz à igualização por baixo à relativa importância dos trabalhadores e que se reflete nos baixos salários.
Hoje, pela concentração, racionalização e meios tecnológicos ao dispor, e da maior dimensão das empresas, as tarefas dos trabalhadores estão simplificadas, deixando de ser importante ou relativo, o contributo intelectual de cada trabalhador.
Agora - tira-se um… mete-se outro e desde logo está pronto a operar no sistema.
- Passa-se hoje no comércio e serviços, o mesmo que se passou no passado na fase da pré-revolução industrial por volta do seu inicio em 1760.
Quando os operários, ainda sob a influência da produção manefactureira, passaram a ter de trabalhar na fábrica, numa nova forma de produção e nomeadamente com o aparecimento da máquina a vapor, no século XVIII, que permitiu a entrada na cadeia de produção da industria, de todo o tipo de maquinaria.
Daí, o facto de ter havido na Inglaterra, o primeiro país do Mundo a realizar a revolução industrial um movimento operário radical, que destruía as máquinas, conhecido e registado na história da revolução industrial e operária, pelo movimento luddista.
- Luddista, nome dado ao movimento, por ter sido o operário, Ned Ludd, o primeiro a destruir as máquinas e que gerou um movimento activo nesta forma de luta, devido à desvalorização da importância do trabalho realizado pelos trabalhadores operários, nomeadamente entre os anos de 1811 e 1812.
Apesar de ao contrário dos sectores primário e secundário, onde se produz riqueza; pela agricultura, pelas pescas e extracção mineira, ou pela transformação industrial sector secundário, no comércio e serviços não existe o valor acrescentado… o valor excedente produzido, mas antes… existia uma graduação das tarefas, as simples e as mais complexas, e que determinavam a especialização de cada um.
Hoje isso está reduzido à cadeia de comando… à hierarquia das empresas do comércio e serviços, pelo que assenta em muito poucos e nesses lugares bem remunerados, geralmente estão os de confiança... e que tem uma relação de proximidade com os interesses e até da ideologia de classe patronal e das administrações das empresas.
Mas a que propósito bem toda esta história aqui à baila…
Precisamente porque nos meus tempos de militância, eu gozava com isto… chegava às reuniões da organização nos idos anos 70/80… e sempre dizia no gozo: chegou o representante da classe operária do comércio… ou dizia… o representante do proletariado do comércio - Porquê?
Porque me sentia desvalorizado no que ao sector profissional em que estava, diz respeito, no comércio.
O obreirismo da época, que não percebia que tudo estava em mutação, só se acreditava na ferrugem e no fato macaco, na peregrina ideia da classe operária ser eterna... e que pela dureza das suas condições de trabalho… eram os militantes, considerados, serem as pessoas mais seguras no plano político e ideológico.
E este factor teve importância até nas escolhas de lideranças no plano sindical… nem sempre os melhores e mais consequentes tiveram acesso aos cargos mais importantes de direção… por serem dos serviços, sempre olhados com desconfiança… e outros houve, que não o merecendo ocuparam em tempos importantes de transição, tempo demais, e não perceberam as dinâmicas do processo histórico e do contexto... da irreversibilidade da mutação imparável do crescimento impetuoso do sector do comércio e serviços e da sua natureza e peso na realidade actual, e por outro lado, da redução drástica do sector primário e secundário.
Agora - bem… agora corremos atrás dos prejuízos e não compreendemos como devia-mos o que se passa no movimento sindical português… por mudança de paradigma!
António Jorge
26.XII.2019

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