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sexta-feira, 5 de março de 2021

O exército que foi à guerra e retornou para casa com um soldado a mais


 


No presente, o Principado de Liechtenstein é um país famoso tanto por seu diminuto tamanho como por sua neutralidade. Tendo se mantido neutro em ambas guerras mundiais e praticamente todos os conflitos bélicos que ocorreram no mundo desde meados do século XIX até agora. Conquanto a priori isto poderia ser interpretado como um louvável gesto de pacifismo, é em realidade uma sutil e muito eficiente estratégia de sobrevivência.


O exército que foi à guerra e retornou para casa com um soldado a mais
Óleo sobre tela da Batalha de Königgrätz, por Georg Bleibtreu, 186

Com seus escassos 160 km² de superfície e seus, hoje em dia, quase 39 mil habitantes seria impossível para este pequeno principado sobreviver a qualquer conflito. 
A neutralidade não só o mantém afastado das guerras, senão que politicamente o dota de um escudo geopolítico internacional. Conquanto isto pode chegar a resultar como algo menor no mundo atual, ao menos no contexto europeu, no passado, faz só oito décadas, a situação geopolítica era muito diferente.
O exército que foi à guerra e retornou para casa com um soldado a mais
Vaduz, a capital do Principado de Liechtenstein.

Desde sua fundação em 1719 até 1868, ano em que decidem abolir seu exército e optar por uma política de neutralidade, o Principado de Liechtenstein se envolveu em vários dos conflitos bélicos da caótica Europa central dos séculos XVIII e XIX. 

Um destes conflitos foi a última guerra da qual este pequeno país participou: a "Guerra Austro-Prussiana" de 1866. Também conhecida como a "Guerra das Sete Semanas" devido a sua curta duração. Um conflito curto, mas intenso no epicentro da Confederação Germânica.

Liechtenstein destacou-se neste conflito por três razões: não perdeu nenhuma batalha, não sofreu nenhuma baixa e, curiosamente, suas filas cresceram em número. 

O conflito aconteceu entre o Império Austríaco, acompanhado por Liechtenstein, a Aliança alemã liderada por Viena, Saxônia e vários outros países germânicos; contra o Reino da Prússia, acompanhado pelo Reino da Itália, a Aliança alemã liderada por Berlim e o resto dos países germânicos. 

Lembremos que a Alemanha estava fragmentada em quase duas dúzias de pequenas nações, muitas do tamanho de cidades estado durante este período da História.

A missão atribuída ao principado pelos austríacos foi a de enviar um pequeno contingente, que de fato era a grande maioria do exército do pequeno país, de 80 soldados a custodiar o passo do Brennero, passagem montanhosa entre Itália e Áustria, deixando o resto de seu exército, 20 homens, como proteção.

Não obstante, após algumas semanas alojados nas montanhas, os prussianos esmagaram os austríacos na Batalha de Königgrätz. Como resultado a guerra terminou abruptamente e os aproximadamente 20 estados que faziam parte das diferentes coalizões trilharam o caminho de regresso a seus lares.

O exército que foi à guerra e retornou para casa com um soldado a mais
No presente o passo de Brennero dista muito daquele que o exército de Liechtenstein teve que custodiar em 1866.

Liechtenstein era um destes exércitos que retornava a seu lar e com a sorte de não ter sofrido baixas. Durante o caminho um soldado somou-se às filas liechtensteinianas. Segundo algumas fontes históricas era um austríaco que decidiu jurar sua lealdade ao principado. Segundo outras fontes era um desertor italiano que permitiram que se juntasse ao exército por lástima, já que se fosse enviado ao seu país era uma condenação de morte.

Não obstante, conquanto partiram com 80 soldados, voltaram a seu lar com 81, já que este homem prestou juramento e foi introduzido formalmente ao exército, convertendo-se assim no único exército que partiu à guerra e voltou com mais soldados.


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