terça-feira, 9 de março de 2021

Corticeira e administradores acusados por maus-tratos a Cristina Tavares


 

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A empresa, que já tinha sido condenada a pagar ao Estado uma multa de 31 mil euros por assédio laboral, será agora julgada pelo crime de maus tratos, no Tribunal da Feira.

Em consequência de uma denúncia apresentada no tribunal pelo Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN/CGTP-IN), em 2018, o Ministério Publico (MP) acusa agora a Corticeira Fernando Couto, o proprietário, uma administradora, um director e uma técnica de qualidade do crime de maus-tratos sobre a funcionária Cristina Tavares.

«Ficamos satisfeitos, porque o Ministério Público entendeu que há crime», disse o coordenador do sindicato, Alírio Martins, aos jornalistas. «O Ministério Público viu aquilo que já vimos há muito tempo. Que isto sirva de exemplo para que não volte a acontecer», acrescentou.

«Esta acusação de crime de maus-tratos é impar no nosso país contra o assédio e contra a violência. É uma causa de todo o movimento sindical e é necessário fazer uma revisão laboral contra o assédio», disse, por seu lado, Fátima Messias, coordenadora da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da CGTP-IN.

A acusação do MP é particularmente incisiva ao considerar que os arguidos agiram de acordo com um plano, traçado entre eles, «com o propósito concretizado de castigar a ofendida, criando-lhe um ambiente hostil, intimidatório, humilhante e degradante, rebaixando-a e atentando contra a sua honra, discriminando-a dos demais funcionários fabris».

Diz o MP que lhe foram alocadas «tarefas desumanas e sobrecarregando-a com trabalhos excessivos, bem sabendo que aquela era pessoa particularmente indefesa em virtude dos problemas de saúde de que padecia, fragilizando-a emocional, física e psiquicamente».

Factos acusatórios que terão sido resultantes das tentativas infrutíferas da empresa para que a ofendida, Cristina Tavares, perdesse o seu vínculo laboral com a empresa.

Cristina Tavares sublinha que este longo processo vem mostrando que a luta vale a pena. «Estou a fazer as minhas funções e trabalho normalmente. Estou ali para trabalhar e não há conflitos. Sinto que a luta valeu a pena, porque sempre quis o meu posto de trabalho», acrescentou a trabalhadora.

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